DO ENVIADO A BELO HORIZONTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Atacantes leves e dribladores. No Brasil que hoje enfrenta a Argentina, nada é mais falso.
A inédita parceria entre Ronaldo e Luis Fabiano tem peso e características dentro de campo, atestadas pelo Datafolha, basicamente de finalizadores.
O peso médio da nova dupla de ataque brasileira é, no mínimo, nove quilos superior ao resto da média dos demais titulares para o confronto no Mineirão.
No mínimo porque o peso de Ronaldo continua a ser um mistério. Em entrevista a uma TV mineira na segunda-feira, o jogador de 27 anos não revelou quanto pesa, mas disse que a marca ideal é 88 kg, ou seis a mais do que informa hoje o site do Real Madrid, que afirma que ele mede 1,83 m.
Se no caso de Ronaldo a balança é um problema, para Luis Fabiano, 23, isso não acontece. Segundo dados do São Paulo, ele tem 1,83 m e 84 kg bem distribuídos.
"O jogador que tem força hoje em dia leva uma vantagem. Não muita, mas é uma vantagem. É bom que nosso time tenha gente mais forte", disse Luis Fabiano.
Já Ronaldo novamente mostrou irritação quando foi questionado sobre sua forma física.
"Só falam nisso quando não marco gols", reclamou.
O resto da seleção não tem o perfil quase roliço de Ronaldo ou musculoso de Luis Fabiano.
Além dos dois atacantes, só outro titular supera os 80 kg -o goleiro Dida, que tem 85 kg, mas mede consideráveis 1,95 m.
Sem contar Ronaldo e Luis Fabiano, o peso médio dos titulares da seleção é de 74 kg. Isso com uma altura média apenas dois centímetros menor.
Unidos pela balança, Ronaldo e Luis Fabiano são exímios goleadores -marcaram juntos oito gols pela seleção desde o início do ano passado-, mas que precisam ser servidos. Na gestão de Carlos Alberto Parreira, os dois apresentam números modestos na criação. Entre os jogadores que jogaram sob o comando do treinador, Ronaldo aparece apenas em sétimo na lista de dribladores, e Luis Fabiano não figura nem entre os 20 melhores
Nas assistências decisivas, enquanto Kaká tem média de uma por partida, os atacantes escalados para pegar a Argentina fazem apenas um passe crucial a cada três jogos disputados.
Se não vai bem nos passes, Luis Fabiano acredita que sua escalação vai tornar a seleção brasileira mais ofensiva no jogo de hoje.
"O Ronaldinho é um meia ofensivo. Comigo, teremos dois finalizadores, e a equipe também será mais ofensiva", prometeu o jogador são-paulino, que começa como titular em uma partida oficial da equipe pela primeira vez.
Com sua nova formação, Parreira pede aos jogadores que usem uma de suas armas preferidas. "Temos que ter paciência e ficar com a bola até gastá-la", disse o treinador, que quer o domínio da bola para não dar espaço aos contra-ataques argentinos. (PAULO COBOS E PAULO PEIXOTO)