São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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A velha bola aérea acaba na rede brasileira de novo

Gol sofrido por time de Dunga foi parecido com o que eliminou país na Copa-06

Inglaterra 1
Brasil 1

DO ENVIADO A LONDRES

Já não havia Roberto Carlos para ajeitar o meião bem na hora em que a bola voava rumo à área brasileira para terminar nos pés de Henry e no gol da França que eliminou o Brasil da Copa de 2006. Nem precisava.
A bola voou de novo sobre a área brasileira, agora em Wembley. Naldo, estreante, esticou-se o máximo que conseguiu, sem pensar no meião, mas, ainda assim, a bola chegou à cabeça de Terry, um zagueiro, e também morreu na rede.
Teria sido 1 a 0 para os ingleses, como em Frankfurt para os franceses, se Diego não achasse o gol de empate quando todos pareciam já estar com a cabeça no chuveiro dos vestiários, os ingleses principalmente.
O gol inglês é a repetição de um antigo pesadelo: bola alta na área da seleção brasileira tem sido um eterno problema, mesmo quando não há, como não havia ontem, um especialista em cabecear no ataque adversário. Peter Crouch, o grandalhão, só entrou no fim.
Segundo problema que também se vai eternizando: não há de fato armação de jogadas pelo meio-de-campo. Gilberto Silva pode ser um excelente cabeça-de-área, capaz de proteger a defesa com uma eficiência britânica (como o faz no Arsenal). Mas é preciso proteger também o ataque ou alimentá-lo.
Como não existia alimentação, a partida foi, quase sempre, um duelo entre a incipiente organização e troca de passes dos ingleses e as frustradas tentativas de organização brasileiras, a partir de talento individual.
O caso de Diego, aliás, é exemplar. Entrou no segundo tempo e foi o meia que não houve antes, mas sozinho, sem um companheiro com quem trocar passes e organizar o jogo.
Cavou faltas, driblou, mostrou um ânimo total, certamente provocado pelo fato de ter sido escolhido o melhor jogador da Bundesliga.
Mas o gol, que deveria ser um prêmio para tanto esforço e algum talento, foi um achado: a bola sobrou na área para a cabeçada de um jogador que não tem estatura para ganhar dos taludos ingleses, quase imbatíveis no jogo aéreo.
Do outro lado, David Beckham fez uma digna retirada para o que costuma ser o cemitério dos elefantes, o futebol norte-americano, ao qual se apresenta depois das férias de verão (no hemisfério Norte).
Fez o cruzamento do gol inglês e mais meia dúzia de outros e saiu ovacionado até mais do que Terry, o autor do gol.
Kaká foi quem deixou de ganhar os aplausos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esperava antes da partida. Em conversa com os jornalistas brasileiros, Lula elogiara o jogador do Milan, comentando suas boas atuações.
Mas Kaká, como Ronaldinho, ficou no "quase". Meia dúzia de tentativas que começavam com chispa e terminavam em nada.
Aliás, Lula errou também na previsão sobre o resultado. Até que tentou fugir de um palpite, solicitado pelos jornalistas, após entrevista nos jardins da Embaixada do Brasil. Acabou por dizer que gostaria que fosse 2 a 0.0 (CLÓVIS ROSSI)


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