|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Scolari, feito supera o do penta
Treinador diz que é mais difícil chegar à semifinal do Mundial com seleção portuguesa do que ser campeão com Brasil
Técnico elogia seus atletas, dizendo que eles aliaram espírito guerreiro à técnica e parabeniza adversários por resistirem com dez homens
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A GELSENKIRCHEN
"É muito mais difícil chegar à
semifinal da Copa com Portugal." Luiz Felipe Scolari deixou
com essa frase bem claro que vê
o feito alcançado ontem com a
seleção portuguesa como algo
maior em sua carreira, mais desafiador e mais improvável do
que ter vencido o Mundial com
o Brasil, como em 2002.
"Portugal tem 10 milhões de
habitantes. Há uma dificuldade
maior na montagem da equipe,
na escolha de jogadores. O Brasil tem 180 milhões de habitantes. Além disso, a história e a
cultura brasileira tornam, por
vezes, os jogos mais fáceis. Agora, em Portugal, temos sempre
de fazer história. A Eurocopa
quase deu essa possibilidade
total, que agora, no Mundial,
podemos voltar a ter", afirmou.
Na entrevista coletiva após o
jogo, Scolari evitou mostrar
muita euforia. Pouco falou do
possível encontro com o Brasil.
Aliás, com muita sabedoria. "A
França é uma grande equipe.
Contra o Brasil, é 50% de chances para cada um", alertou.
Ele fez algumas críticas ao
próprio time. ""Faltaram, para
nós, chutes de fora da área. A
Inglaterra se fechou muito bem
e quero parabenizar seu time,
que ficou boa parte do jogo com
um homem a menos. Foi como
se tivesse em campo 11. Chutar
de fora da área não é um dos
dons dos atletas de Portugal."
O técnico, apesar do 0 a 0 e de
poucas chances criadas por ambas as partes, disse ter visto um
grande jogo. "Foi uma partida
eletrizante. Houve de tudo no
jogo, tudo de bom. Foi maravilhoso. Um jogo bem jogado,
com os atletas felizes em campo por estarem em uma quarta-de-final. Só os pênaltis poderiam definir o vencedor."
O volante inglês Hargreaves
foi eleito o melhor do jogo. Ao
saber disso, o técnico de Portugal tirou riso dos jornalistas.
""Se a Fifa escolheu ele o melhor, deve ter alguma razão.
Não conheço os critérios da Fifa. Mas, se continuarmos ganhando, podem escolher sempre o adversário como melhor."
Ele enalteceu o goleiro Ricardo, a quem daria o prêmio de
melhor do jogo. ""Pênalti é loteria. Nem pensava que íamos ganhar nem pensava que íamos
perder. Apenas olhei os pênaltis para ver o que ia acontecer.
O Ricardo fez três boas defesas.
Os ingleses chutaram no canto,
não para bolas para fora, como
nós fizemos. Mérito do Ricardo
e também do seu preparador, o
Brassard [Fernando]."
Com a chance de se tornar o
segundo técnico da história a
vencer duas Copas -o italiano
Vittorio Pozzo ganhou em 1934
e 1938, mas nas duas vezes com
a mesma equipe-, Scolari enfatizou de novo a união. ""Portugal provou que tem um bom
ambiente, que entre nós existe
amizade. Superamos as deficiências com união, com os jogadores lutando uns pelos outros. Temos uma equipe boa,
mas é com dificuldades que
avançamos. O espírito guerreiro era o que faltava a Portugal.
Agora, esse espírito se aliou à
qualidade dos jogadores."
O técnico ainda evitou comentar a expulsão de Rooney
-os ingleses entendem que
Cristiano Ronaldo ganhou ""no
grito" a expulsão. "Sobre o cartão vermelho, não tenho que
achar nada. Quem tem que
achar é o árbitro", disse ele, que
chegou a ser advertido uma vez
por Horacio Elizondo.
O título não está longe, mas
Scolari pensa só no jogo de
quarta. ""Cada passo é muito
grande para nós. Mas Portugal
pode pensar no título, porque
estamos a um jogo da final. Não
prefiro jogar com ninguém na
semifinal. Se a Fifa quiser me
dar os pontos e nos colocar na
final sem jogar, eu aceito."
Texto Anterior: Franceses festejam até carrinhos Próximo Texto: Entrevista: Goleiro diz que Deus foi português Índice
|