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Holanda fica careta até na numeração
Time com titulares de 1 a 11 é outro componente do atual pragmatismo
DOS ENVIADOS A PORT ELIZABETH
A versão 2010 é provavelmente a mais careta de toda a
história da seleção holandesa. Do discurso "de resultados" à forma pragmática de
jogar, a Holanda que hoje enfrenta o Brasil em Port Elizabeth em quase nada lembra
suas versões mais famosas.
Até a numeração dos jogadores é quadrada, certinha.
A Holanda deverá entrar em
campo hoje com seus 11 titulares com camisas de 1 a 11.
Os cinco da defesa (incluindo o goleiro) vão do 1 ao
5, os do meio são 6, 8 e 10, e
os jogadores que atuam na
frente usam a 7, a 9 e a 11.
A única dúvida do técnico
Bert van Marwijk é no ataque. Kuyt (camisa 7), titular
em todas as partidas, incluindo a vitória por 2 a 1 sobre a Eslováquia nas oitavas
de final, pode dar lugar a Van
der Vaart (23), mas esse panorama não é provável.
O que é uma regra consolidada na seleção brasileira é
uma novidade na Holanda.
Evocar a Laranja Mecânica
de 1974 é até exagero. Num time em que os jogadores não
tinham posições fixas, os
maiores craques eram atacantes (para a Fifa) que usavam os números 14 e 15
-Cruyff e Rensenbrink, respectivamente. O goleiro Jan
Jongbloed vestia a 8.
A segunda geração brilhante de jogadores holandeses também tinha essa característica, com mais discrição.
Na Copa de 1990, o centroavante Van Basten era o 9 e o
meia-atacante Gullit usava a
10, porém o meio-campista
Rijkaard jogava com a 3.
Na Copa de 1998, a Holanda, que foi eliminada pelo
Brasil nos pênaltis na semifinal, tinha como titulares o
atacante Zenden, com a 12, e
o meia Davids, com a 16.
A "numeração fixa" da Holanda na Copa da África do
Sul não é acaso. O treinador
já tinha o time definido, de 1 a
11, quando os atletas foram
inscritos -como o Brasil.
NOVOS TEMPOS
A numeração é mais um
sintoma de uma nova era na
seleção holandesa.
Ontem, na entrevista coletiva oficial na véspera de cada partida, Van Marwijk foi
bombardeado com perguntas sobre a mudança de estilo
no futebol da Holanda -e no
do Brasil também.
"É sempre o mesmo dilema", comentou, a respeito
do debate. "Na Copa de 1974
e em alguns campeonatos
europeus, fizemos bons jogos, mas desperdiçamos
muitas oportunidades."
Após espetar a geração
que encantou, mas não venceu, o treinador avisou que
não está na Copa a passeio.
Foram quatro jogos e quatro
vitórias, contra Dinamarca (2
a 0), Japão (1 a 0), Camarões
(2 a 1) e Eslováquia (2 a 1).
"Já houve muitas ocasiões
em que a seleção ganhava
dois ou três jogos, achava
que tinha feito seu trabalho
e, na partida seguinte, era
mandada de volta para casa.
Isso mudou."
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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