São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

advertidos

Cesar Cielo e mais três nadadores são flagrados em antidoping por uso de diurético, levam apenas advertência e culpam falha de uma farmácia

DANIEL BRITO
MARIANA LAJOLO
RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Mais importante nadador brasileiro da história, Cesar Cielo, 24, foi flagrado em exame antidoping pelo uso do diurético furosemida. Como pena, recebeu uma advertência e deve ir para o Mundial de Xangai, a partir do dia 24.
No mesmo Troféu Maria Lenk, em maio, outros três atletas foram flagrados. Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked, usuários da mesma substância, também foram só advertidos.
Os nadadores dizem ter sido vítimas de falha de uma farmácia de manipulação, que teria contaminado, no encapsulamento da substância, o suplemento de cafeína que Cielo disse tomar há dois anos. A farmácia Anna Terra, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), terra do campeão olímpico e mundial, nega o erro.
"Pela segurança que tenho na utilização do suplemento, creio que este resultado tenha sido um fato isolado. Por causa dessa confiança, outros atletas também fizeram uso do suplemento", afirmou Cielo em nota lida para a imprensa ontem à noite -não foram permitidas perguntas.
À tarde, no treino de sua equipe, em São Paulo, a imprensa não pôde entrar no centro de treinamento.
"Em toda a minha carreira, sempre tive o maior cuidado com todo tipo de medicamento ingerido. Eu me considero um atleta exemplar neste aspecto. Nunca utilizei nenhum recurso ergogênico ilícito que pudesse favorecer minha performance."
A furosemida ajuda na eliminação de líquido do corpo e pode mascarar a presença de substância dopantes.
"Foi entendido que não existiu culpa nem negligência. Eles já haviam sido testados várias vezes antes", disse Eduardo de Rose, membro da Agência Mundial Antidoping e presidente do painel da confederação brasileira (CBDA) que julgou o caso.
Cielo, Nicholas e Vinícius treinam com Alberto Pinto na equipe do campeão mundial. Henrique, como Cielo e Nicholas, defende o Flamengo. O clube disse confiar "na idoneidade de seus atletas".
Segundo a médica Sandra Soldan, diretora-adjunta de doping da CBDA, os atletas apresentaram relatório da farmácia Anna Terra, que teria assumido a falha. O estabelecimento confirma o envio do documento, em que afirma ser impossível dizer se houve contaminação.
"Eles apresentaram o suplemento, e mandei analisá-lo no Ladetec [único laboratório brasileiro credenciado na Wada (Agência Mundial Antidoping)], comprovando que havia diurético", disse.
Segundo Bernardino Santi, da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva e médico da confederação de boxe, a contaminação depende da qualidade do laboratório.
"Há casos de contaminação de substâncias por outras, depende do laboratório, do produto. É preciso cuidado com onde se compra, pela internet, em laboratório de fundo de quintal", declarou.
José Kawazoe Lazzoli , diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, afirmou que problemas geralmente ocorrem em suplementos do exterior.
"Alguns são contaminados até com esteroides, mas não aparece no rótulo. A pessoa compra, tem resultados e não sabe que há substâncias proibidas", disse. "Os brasileiros têm fiscalização da Anvisa, o que torna mais difícil", afirmou Lazzoli. Patrocinadores de Cielo, Embratel e Hypermarcas não se pronunciaram. O porta-voz da Gatorade não foi encontrado para falar do caso.

Colaborou MARCEL MERGUIZO, de São Paulo


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Mundial pesou na definição da pena
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.