São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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FUTEBOL

Após juiz paulista dar dois vermelhos em clássico, média de faltas caiu

Nacional veta carrinho e vê chuva de gols e expulsões

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa baniu carrinhos faltosos. E as redes balançaram mais.
Ao menos no atual Campeonato Brasileiro, essa relação ficou bem nítida, segundo o Datafolha.
O divisor de águas foi o clássico entre Santos e São Paulo, na 12ª rodada, quando a nova regra da Fifa estava em vigor havia 16 dias -foi promulgada em 1º de julho.
Logo aos 90 segundos de partida, o juiz Sálvio Spínola não titubeou. Mostrou o vermelho para o zagueiro são-paulino Flávio Donizetti após uma falta de carrinho.
Naquela partida, o defensor santista Ávalos também foi expulso pelo mesmo motivo.
Os dois vermelhos daquela tarde na Vila Belmiro serviram de exemplo para outros juízes.
A partir daquela rodada, o Brasileiro testemunhou um aumento expressivo na média de gols. Saltou de 2,84 para 3,45, um incremento de 17,7%.
Como era esperado, o número de cartões vermelhos também cresceu. Até a rodada que marcou o início do "efeito Sálvio", a média de cartões dessa cor era de 0,45 por jogo. Nas últimas cinco jornadas, porém, o número saltou para 0,51 -o que representa um aumento de 12,3%.
Se consideradas as expulsões sem uma advertência prévia (o vermelho direto, sem o amarelo anterior), o salto é ainda mais expressivo: 24,2%.
Paralelamente, os números de faltas e de cartões amarelos diminuíram desde então.
Nas 11 rodadas iniciais, o Brasileiro tinha em média 5,77 advertências por partida. Após Sálvio punir Flávio Donizetti e Ávalos em Santos, esse número caiu 18,7% e foi para 4,69.
A redução da média de faltas foi de 6,1% -caiu de 50,4 para 47,3.
"Essa novidade no tratamento dos carrinhos teve repercussão. A atitude do Sálvio foi muito elogiada e, para o bem do futebol, os jogadores e, principalmente, outros árbitros em atividade no Brasileiro seguiram o exemplo", afirmou José Manuel Evaristo, vice-presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista.
Para ele, a tendência apontada pelos números do Brasileiro deve ser ainda mais acentuada nas próximas rodadas. "Cobramos os juízes para seguir à risca a nova determinação", disse o dirigente, ressaltando que o interesse dos torcedores é ver bolas nas redes, e não jogadas que põem em risco a integridade física dos atletas.
Mas há quem reclame. Para o zagueiro são-paulino Lugano, a nova determinação da Fifa gera um conflito de critérios.
"Está todo mundo perdido. Ninguém sabe como tratar os carrinhos. Contra o Atlético-MG, o Danilo nem sequer atingiu o adversário e foi expulso. Por outro lado, no jogo entre Corinthians e Cruzeiro, Jô acertou o jogador do time mineiro com um carrinho e levou só o amarelo", diz o uruguaio, que, após o "efeito Sálvio", terá mais dificuldade em manter o tabu de nunca ter saído de campo expulso na carreira.
Por enquanto, a nova interpretação das regras da Fifa ainda está restrita ao Brasil. Na rodada inaugural do Campeonato Francês, no final de semana, os juízes ainda não seguiram à risca a nova determinação. Talvez isso aconteça caso um juiz "de nome" lá siga o exemplo do paulista Sálvio.


Colaboraram Fábio Tura, do Datafolha, e Toni Assis, da Reportagem Local

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