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FUTEBOL
Após juiz paulista dar dois vermelhos em clássico, média de faltas caiu
Nacional veta carrinho e vê chuva de gols e expulsões
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fifa baniu carrinhos faltosos.
E as redes balançaram mais.
Ao menos no atual Campeonato Brasileiro, essa relação ficou
bem nítida, segundo o Datafolha.
O divisor de águas foi o clássico
entre Santos e São Paulo, na 12ª
rodada, quando a nova regra da
Fifa estava em vigor havia 16 dias
-foi promulgada em 1º de julho.
Logo aos 90 segundos de partida, o juiz Sálvio Spínola não titubeou. Mostrou o vermelho para o
zagueiro são-paulino Flávio Donizetti após uma falta de carrinho.
Naquela partida, o defensor
santista Ávalos também foi expulso pelo mesmo motivo.
Os dois vermelhos daquela tarde na Vila Belmiro serviram de
exemplo para outros juízes.
A partir daquela rodada, o Brasileiro testemunhou um aumento
expressivo na média de gols. Saltou de 2,84 para 3,45, um incremento de 17,7%.
Como era esperado, o número
de cartões vermelhos também
cresceu. Até a rodada que marcou
o início do "efeito Sálvio", a média
de cartões dessa cor era de 0,45
por jogo. Nas últimas cinco jornadas, porém, o número saltou para
0,51 -o que representa um aumento de 12,3%.
Se consideradas as expulsões
sem uma advertência prévia (o
vermelho direto, sem o amarelo
anterior), o salto é ainda mais expressivo: 24,2%.
Paralelamente, os números de
faltas e de cartões amarelos diminuíram desde então.
Nas 11 rodadas iniciais, o Brasileiro tinha em média 5,77 advertências por partida. Após Sálvio
punir Flávio Donizetti e Ávalos
em Santos, esse número caiu
18,7% e foi para 4,69.
A redução da média de faltas foi
de 6,1% -caiu de 50,4 para 47,3.
"Essa novidade no tratamento
dos carrinhos teve repercussão. A
atitude do Sálvio foi muito elogiada e, para o bem do futebol, os jogadores e, principalmente, outros
árbitros em atividade no Brasileiro seguiram o exemplo", afirmou
José Manuel Evaristo, vice-presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista.
Para ele, a tendência apontada
pelos números do Brasileiro deve
ser ainda mais acentuada nas próximas rodadas. "Cobramos os juízes para seguir à risca a nova determinação", disse o dirigente,
ressaltando que o interesse dos
torcedores é ver bolas nas redes, e
não jogadas que põem em risco a
integridade física dos atletas.
Mas há quem reclame. Para o
zagueiro são-paulino Lugano, a
nova determinação da Fifa gera
um conflito de critérios.
"Está todo mundo perdido.
Ninguém sabe como tratar os carrinhos. Contra o Atlético-MG, o
Danilo nem sequer atingiu o adversário e foi expulso. Por outro
lado, no jogo entre Corinthians e
Cruzeiro, Jô acertou o jogador do
time mineiro com um carrinho e
levou só o amarelo", diz o uruguaio, que, após o "efeito Sálvio",
terá mais dificuldade em manter
o tabu de nunca ter saído de campo expulso na carreira.
Por enquanto, a nova interpretação das regras da Fifa ainda está
restrita ao Brasil. Na rodada inaugural do Campeonato Francês, no
final de semana, os juízes ainda
não seguiram à risca a nova determinação. Talvez isso aconteça caso um juiz "de nome" lá siga o
exemplo do paulista Sálvio.
Colaboraram Fábio Tura, do Datafolha, e Toni Assis, da Reportagem Local
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