São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Sem cestinha, Brasil usa conjunto

Pela primeira vez em mais de três décadas, seleção feminina de basquete se vê órfã de uma estrela

"Não há mais fenômenos como Paula e Hortência", diz o técnico Paulo Bassul, que pretende escalar em Pequim time imprevisível e "carudo"


DO ENVIADO A PEQUIM

Sem ter nenhuma estrela em seu elenco, a seleção feminina de basquete realizou ontem seu primeiro treino em Pequim. É a primeira vez em 33 anos que o time não terá uma cestinha em Mundial ou Olimpíada.
Sem a presença de Iziane, cortada por indisciplina no Pré-Olímpico Mundial, Bassul aposta no conjunto para fazer boa campanha em Pequim.
"Não existem mais fenômenos como Paula e Hortência. Talvez nunca mais tenhamos. Por isso, o time tem que se conscientizar de que todas são responsáveis pela pontuação."
A função era desempenhada por Janeth até o Pan-2007. Com sua aposentadoria, parecia que a vaga de "matadora" seria herdada por Iziane. A ala, porém, foi cortada após se recusar a entrar em quadra contra a Belarus durante o Pré-Olímpico Mundial, em Madri.
Bassul quer aproveitar esse desfalque para tentar surpreender os rivais na Olimpíada -a seleção está no Grupo A, com Austrália, Belarus, Coréia do Sul, Letônia e Rússia.
"Mudamos a estrutura tática da equipe em razão da saída da Iziane e da chegada da Adrianinha. Vamos adaptar nosso jogo ao grupo que dispomos e não deixar a coisa tão previsível", contou o treinador, referindo-se à armadora, que esteve ausente da seletiva olímpica.
Para ele, o time não irá mais pontuar tanto. Sendo assim, a defesa não poderá permitir muitas cestas ao adversário.
"Não temos mais jogadora que faça 25, 30 pontos por partida. Por isso, a defesa será nosso carro-chefe. Nossos placares vão ser baixos. O Brasil tem que saber enfrentar qualquer equipe do mundo e ceder só 65, 70 pontos", espera o treinador.
O técnico só teme que ninguém assuma responsabilidade na pontuação, fazendo com que os ataques tenham trocas de bola inócuas. "É um risco que corremos. Temos que fugir disso. O time deve ser determinado na defesa e "carudo" no ataque", diz o treinador, ressaltando que o neologismo que criou seria uma mescla de confiança com cara-de-pau.
A expectativa do treinador é que, agora atuando com duas armadoras baixas (Adrianinha e Claudinha, ambas de 1,70 m), o time ganhe em velocidade e distribuição de bola.
Nem quando enfrentar times com jogadoras altas, como Rússia, Austrália e Belarus, rivais do Brasil na primeira fase do torneio olímpico, o técnico pretende rever a estratégia.
"Nesses jogos posso colocar duas pivôs fortes, como a Grazi [1,91 m] e a Kelly [1,92 m]. Mas a idéia é manter as baixinhas na quadra. Quero ver as jogadoras altas conseguirem marcá-las."
Sem nenhum grande nome após a dispensa da pivô Érika por lesão, o grupo aprova a distribuição de responsabilidade. "Não vamos mais ficar olhando só uma jogadora. Seremos mais solidárias. Não adianta alguém marcar 30 pontos e o time perder o jogo", diz Claudinha.
Na preparação para Pequim, a principal preocupação tem sido a ala Micaela, que sofreu estiramento muscular na coxa direita e vem sendo poupada de treinos e amistosos. O Brasil já marcou dois deles antes da estréia na Olimpíada. Na segunda-feira, pega a Espanha. Na quinta, o rival é a Nova Zelândia.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)



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