PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de um ano, a seleção principal volta hoje, quando se apresenta em Teresópolis (região serrana do Estado do Rio) para treinar para os dois jogos iniciais das eliminatórias, ao Brasil.
Desde agosto de 2002, quando disputou uma partida amistosa em Fortaleza, contra o Paraguai, o time nacional não treina ou joga em território brasileiro.
Na administração de Ricardo Teixeira na CBF, que começou em 1989, a seleção nunca havia ficado tanto tempo longe da sua base.
Antes da estiagem atual, oito meses era o máximo de tempo que o time principal ficou sem calçar chuteiras em solo brasileiro na gestão do cartola mineiro.
Se não deu as caras no país, a equipe pentacampeã correu o mundo nos últimos 12 meses.
Foram oito jogos em seis países diferentes de quatro continentes.
Pelos cinco amistosos que realizou no período, a seleção recebeu mais de US$ 3 milhões, quantia impossível de ser amealhada pela CBF e seus patrocinadores caso colocassem o time para jogar pelo Brasil, como fez a entidade durante toda a década passada para agradar aos aliados políticos e às federações estaduais.
Dessa forma, com exceção do amistoso no Ceará contra os paraguaios, os torcedores brasileiros não tiveram contato com o grupo pentacampeão, que também forma a base do elenco que vai estrear nas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2006.

Base resgatada
Na preparação para as eliminatórias, a seleção também vai treinar em um local que estava em baixa nos últimos tempos.
Desde 2001 que o time principal não se prepara na Granja Comary, o luxuoso centro de treinamentos construído pela CBF.
Até nos aprontos finais para o Mundial da Coréia e do Japão, no ano passado, o local foi esquecido. Luiz Felipe Scolari, o então treinador, levou o time para treinos e amistosos na Espanha e na Malásia antes de desembarcar nas sedes da competição.
"A Granja Comary é um grande centro de treinamento. Lá temos todas as condições possíveis para uma boa preparação. É confortável, agradável e nos dá tranquilidade", diz o técnico Carlos Alberto Parreira, que na preparação para a Copa-94 usou o CT de Teresópolis com frequência.
Os convocados por Parreira chegam no início da noite a Teresópolis. Nem todos os 22 jogadores devem se apresentar.
O meia-atacante Ronaldinho, do Barcelona, tem jogo pelo Campeonato Espanhol na próxima madrugada e só deve chegar ao Brasil na noite de amanhã. Já os jogadores que atuam no Milan (Dida, Cafu, Kaká e Rivaldo) só estarão concentrados no final da noite de hoje.
O time trabalha em dois períodos amanhã e na quinta-feira. Segundo Parreira, a equipe irá fazer dois coletivos e um treino tático.
"Só dá para a gente entrosar o time. Não temos tempo para corrigir problemas técnicos e táticos de determinados atletas", explica o treinador da seleção, que durante a semana terá a oportunidade de escolher um substituo para Ronaldinho, que, suspenso, não joga na estréia. Alex, Diego e Kaká são candidatos para a vaga do jogador do time catalão.
Na sexta-feira, o grupo embarca, em vôo fretado, para Barranquilla, onde enfrenta a Colômbia. Depois, vai direto para Manaus, local do confronto com o Equador no próximo dia 10.