São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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TÊNIS

O que é meu, é meu; até o que é seu


No país que cobrou Maria Esther por taça e liberou o "voo da muamba", quem se importa com as coisas de trabalho?


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O ABERTO dos EUA é diferente dos outros Grand Slams quando falamos de torcida. Por Nova York ser o "centro do mundo", todos os tenistas têm fãs lá. Algo diferente do clima no clube que recebe Wimbledon, por exemplo.
Anteontem, primeiro dia, 36 mil pessoas foram a Flushing Meadows, em Queen's. Você anda até a quadra 13 e vê uns italianos torcendo por Andreas Seppi. Passa pela 11 e vê os colombianos berrando por Alejandro Falla. E até Marsel Ilhan, da pouco ou quase nada representada Turquia, tem seus fãs em Nova York.
Em torneios menores, surge a torcida da casa e um ou outro estrangeiro que mora na região e tira a bandeira do armário. Mas, fora Copa Davis, Grand Slams são os únicos em que o nacionalismo ferve.
E é bom saber: os brasileiros estão entre os mais nacionalistas, mesmo sem o país ter tradição no tênis. Fale do patriotismo dos EUA, mas é certo que Andy Roddick, os irmãos Brian e Serena Williams não estão nem aí.
Longe de ser acusado de falta de patriotismo -até poderia, porque quando paro para pensar só vejo absurdos aqui-, sempre achei a ligação jogador-país inóqua no tênis -exceção à Davis, uma diversão! Ontem, Ricardo Mello, que exalta a defesa do país, passou pelo que ele classificou de "constrangimento": foi barrado pela Receita por ter trazido de Nova York, onde jogou o qualifying, raquetes, cordas, tênis e uniforme do patrocinador.
No país do "voo da muamba", em que a Receita aliviou para boleiros da Copa-1994, Mello achava justo pagar impostos do computador e do tocador de música, mas não dos instrumentos de trabalho, parte de seu pagamento pelo patrocinador e que não revende. Após cinco horas e nenhum acordo, ouviu: "Quando te ver na TV, vou torcer contra".
Em um país que já cobrou Maria Esther Bueno pelo troféu de Wimbledon, é evidente: a fúria arrecadadora (para onde vai esse -nosso- dinheiro?) parece ter mais valor do que o troféu obtido dignamente ou instrumentos de trabalho de alguém que se propõe a representar o país lá fora. Assim, aonde se quer chegar?

PATRIOTISMO...
Ainda é possível comprar ingressos para o confronto Brasil x Equador, de 18 a 20 de setembro, em Porto Alegre. Vale vaga no Grupo Mundial da Davis. Informações no site da CBT, em www.cbt.esp.br.

PELO INTERIOR
André Miele foi vice no Future de São José do Rio Preto. Na decisão, perdeu para o chileno Jorge Aguilar, de virada. Nesta semana, Minas recebe o Future de Uberaba.

EM PORTO ALEGRE
A Associação Leopoldina Juvenil hospeda nesta semana a quarta e penúltima etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup. Grátis.

reandaku@uol.com.br


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