São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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Arena corintiana terá R$ 67 mi em benefícios fiscais por estar na Copa-14; isenção total a estádios deve chegar a R$ 1 bi

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Ao se propor a fazer um estádio, o Corinthians afirmou que não aceitaria dinheiro público. Mas, na frieza das contas, especialistas estimam em pelo menos R$ 67 milhões os recursos governamentais indiretos à arena.
Isso porque todos os estádios da Copa-2014 têm direito à isenção total de impostos municipais, estaduais e federais em serviços e compra de materiais de construção, como estabelece medida provisória. A determinação deve gerar uma renúncia fiscal de R$ 350 milhões apenas da União em todas as arenas.
Com esse valor somado aos benefícios de outras esferas, cada obra nas cidades-sedes da Copa terá seu preço reduzido em cerca de 20%.
O orçamento para o estádio corintiano, com capacidade para 48 mil pessoas, é de R$ 335 milhões. Ou seja, os governos abrirão mão de um valor de R$ 67 milhões.
Caso seja feito um investimento extra para sediar a abertura da Copa, o valor de isenção fiscal se eleva a R$ 101 milhões, baseado em uma estimativa corintiana.
"Em média [a isenção], deve representar redução de 20%, mas muitas coisas influenciam nesse percentual, como se há mais estrutura metálica ou mais concreto", afirmou o consultor de engenharia Jorge Hori.
A isenção fiscal foi fruto de pressão dos governos estaduais sobre a União. O lobby gerou, em julho, a medida provisória com o benefício.
As três esferas devem deixar de arrecadar cerca de R$ 1 bilhão com obras dos estádios, pois o preço deles gira em torno de R$ 5 bilhões.
Outro clube com arena na Copa, o Inter estima economizar 25% da obra. No seu caso, a isenção seria entre R$ 26 milhões e R$ 32,5 milhões.
"Para nós, será fundamental. Desonera serviços e material, incluindo importações como o produto para impermeabilizar coberturas", contou o vice de patrimônio do clube, Emídio Ferreira.
No caso corintiano, há previsão de outro benefício público. O projeto inclui financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à Odebrecht para fazer a arena.
Esse tipo de empréstimo tem juros entre 6% e 8% -bem abaixo do mercado. O Corinthians pagará à empreiteira nas mesmas condições, o que gera mais um desconto no preço final da obra em Itaquera graças à ajuda pública.
Em nota, a diretoria do clube diz que "o Corinthians se dispõe a ser instrumento da permanência em São Paulo da abertura da Copa, desde que seu estádio não tenha que receber doações de recursos governamentais".


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