São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Técnico rejeita proposta de Ricardo Teixeira; Levir Culpi ganha força para suceder Luxemburgo na equipe nacional
Scolari recusa convite para dirigir seleção

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Luiz Felipe Scolari, técnico do Cruzeiro, recusou convite para dirigir a seleção brasileira.
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, contatou anteontem, por volta das 23h, o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, para comunicar o dirigente do clube mineiro sobre sua intenção de convidar Scolari para o lugar de Wanderley Luxemburgo.
Luxemburgo havia sido demitido por Teixeira poucas horas antes, durante almoço no Rio.
O presidente do Cruzeiro disse a seu colega da CBF que gostaria de continuar com Scolari no comando da equipe mineira. Ponderou, no entanto, que a decisão não dependia apenas dele e que iria telefonar para o treinador.
Perrella ligou então para Scolari e ouviu do próprio que não aceitaria o convite de Teixeira, porque isso o impediria de continuar seu trabalho no Cruzeiro.
"Tenho um compromisso de 28 meses com você e com o Cruzeiro. Nós montamos um projeto de longo prazo e não vou sair. Não sou de romper meus compromissos. Além do mais, acho que esse ainda não é o momento", teria afirmado o treinador a Perrella.
Scolari estaria receoso de assumir a seleção em uma fase tão crítica e acabar sendo queimado no cargo. Mas para justificar a recusa, o técnico, segundo a Folha apurou, usou outros argumentos.
O primeiro: a impossibilidade de conciliar seu trabalho no Cruzeiro e na seleção brasileira.
No início da era Luxemburgo, a CBF não aprovou a divisão entre clube e o time nacional. O ex-técnico da seleção, contratado em agosto, continuou dirigindo o Corinthians até o final de 1998, quando foi campeão brasileiro.
O segundo: a preferência da mulher do treinador, Olga, por Belo Horizonte. Os dois filhos do casal se adaptaram bem à vida na capital mineira e à escola.
A terceira causa é financeira. Scolari recebe no Cruzeiro algo em torno de R$ 300 mil mensais. Da CBF, não ganharia salário maior que R$ 160 mil. Se saísse do time mineiro, o técnico teria que pagar o equivalente a quase R$ 3 milhões pela rescisão.
Após ouvir e ficar satisfeito com a negativa do técnico gaúcho, o deputado federal Zezé Perrella ligou de volta para o presidente da CBF e lhe informou da decisão.
O dirigente mineiro aproveitou para indicar o nome de Levir Culpi, atualmente no São Paulo, com quem trabalhou no Cruzeiro.
Sem Scolari e com a provável negativa de Carlos Alberto Parreira de comandar a equipe em campo -o treinador campeão na Copa do Mundo dos EUA só aceitaria deixar o Atlético-MG se sua função na comissão técnica fosse diretiva- , as chances de Levir Culpi assumir a seleção aumentaram consideravelmente.
Hoje, o treinador são-paulino é o mais cotado para substituir Luxemburgo na seleção. Outro nome é o de Paulo César Carpegiani, que atualmente está sem clube. Emerson Leão, que dirige o Sport, seria a última opção.
Hoje à tarde, os protagonistas das discussões que adiaram a definição do novo técnico da seleção darão entrevistas coletivas.
Em Belo Horizonte, Scolari e Perrella darão detalhes sobre a recusa do técnico gaúcho.
Às 13h, no Rio, Teixeira anunciará oficialmente a demissão de Luxemburgo.
Também falará sobre as novas diretrizes para que a seleção se recupere do fracasso na Olimpíada e da má campanha no qualificatório sul-americano, no qual o Brasil ocupa um incômodo quarto lugar -apenas os quatro primeiros garantem automaticamente uma vaga na Copa de 2002.
Teixeira deve anunciar ainda a preservação da comissão técnica até o jogo de domingo, contra a Venezuela, e a nomeação do auxiliar Candinho como interino.


Colaborou Maércio Santamarina, da Reportagem Local



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