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FUTEBOL
Técnico rejeita proposta de Ricardo Teixeira; Levir Culpi ganha força para suceder Luxemburgo na equipe nacional
Scolari recusa convite para dirigir seleção
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Luiz Felipe Scolari, técnico do
Cruzeiro, recusou convite para dirigir a seleção brasileira.
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, contatou anteontem, por volta das 23h, o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella,
para comunicar o dirigente do
clube mineiro sobre sua intenção
de convidar Scolari para o lugar
de Wanderley Luxemburgo.
Luxemburgo havia sido demitido por Teixeira poucas horas antes, durante almoço no Rio.
O presidente do Cruzeiro disse a
seu colega da CBF que gostaria de
continuar com Scolari no comando da equipe mineira. Ponderou,
no entanto, que a decisão não dependia apenas dele e que iria telefonar para o treinador.
Perrella ligou então para Scolari
e ouviu do próprio que não aceitaria o convite de Teixeira, porque
isso o impediria de continuar seu
trabalho no Cruzeiro.
"Tenho um compromisso de 28
meses com você e com o Cruzeiro. Nós montamos um projeto de
longo prazo e não vou sair. Não
sou de romper meus compromissos. Além do mais, acho que esse
ainda não é o momento", teria
afirmado o treinador a Perrella.
Scolari estaria receoso de assumir a seleção em uma fase tão crítica e acabar sendo queimado no
cargo. Mas para justificar a recusa, o técnico, segundo a Folha
apurou, usou outros argumentos.
O primeiro: a impossibilidade
de conciliar seu trabalho no Cruzeiro e na seleção brasileira.
No início da era Luxemburgo, a
CBF não aprovou a divisão entre
clube e o time nacional. O ex-técnico da seleção, contratado em
agosto, continuou dirigindo o Corinthians até o final de 1998, quando foi campeão brasileiro.
O segundo: a preferência da
mulher do treinador, Olga, por
Belo Horizonte. Os dois filhos do
casal se adaptaram bem à vida na
capital mineira e à escola.
A terceira causa é financeira.
Scolari recebe no Cruzeiro algo
em torno de R$ 300 mil mensais.
Da CBF, não ganharia salário
maior que R$ 160 mil. Se saísse do
time mineiro, o técnico teria que
pagar o equivalente a quase R$ 3
milhões pela rescisão.
Após ouvir e ficar satisfeito com
a negativa do técnico gaúcho, o
deputado federal Zezé Perrella ligou de volta para o presidente da
CBF e lhe informou da decisão.
O dirigente mineiro aproveitou
para indicar o nome de Levir Culpi, atualmente no São Paulo, com
quem trabalhou no Cruzeiro.
Sem Scolari e com a provável
negativa de Carlos Alberto Parreira de comandar a equipe em campo -o treinador campeão na Copa do Mundo dos EUA só aceitaria deixar o Atlético-MG se sua
função na comissão técnica fosse
diretiva- , as chances de Levir
Culpi assumir a seleção aumentaram consideravelmente.
Hoje, o treinador são-paulino é
o mais cotado para substituir Luxemburgo na seleção. Outro nome é o de Paulo César Carpegiani,
que atualmente está sem clube.
Emerson Leão, que dirige o Sport,
seria a última opção.
Hoje à tarde, os protagonistas
das discussões que adiaram a definição do novo técnico da seleção
darão entrevistas coletivas.
Em Belo Horizonte, Scolari e
Perrella darão detalhes sobre a recusa do técnico gaúcho.
Às 13h, no Rio, Teixeira anunciará oficialmente a demissão de
Luxemburgo.
Também falará sobre as novas
diretrizes para que a seleção se recupere do fracasso na Olimpíada
e da má campanha no qualificatório sul-americano, no qual o Brasil ocupa um incômodo quarto
lugar -apenas os quatro primeiros garantem automaticamente
uma vaga na Copa de 2002.
Teixeira deve anunciar ainda a
preservação da comissão técnica
até o jogo de domingo, contra a
Venezuela, e a nomeação do auxiliar Candinho como interino.
Colaborou Maércio Santamarina, da
Reportagem Local
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