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FUTEBOL
Em reunião com a diretoria da CBF, dirigente faz campanha por Lula
Teixeira defende "voto útil" contra candidato de FHC
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Ricardo Teixeira votará no petista Luiz Inácio Lula da Silva para
presidente da República ainda no
primeiro turno das eleições, no
próximo domingo.
O presidente da CBF, que havia
declarado preferência pelo pepessista Ciro Gomes, convocou familiares e assessores na CBF a apelar
ao "voto útil", a fim de evitar que
o pleito vá para o segundo turno.
A decisão de Teixeira marca o
definitivo rompimento do presidente da CBF com o governo Fernando Henrique Cardoso, que
deu força às duas CPIs que investigaram o futebol brasileiro no
Congresso e que editou a MP39,
chamada por seus criadores de
"MP da Moralização" do setor.
O dirigente revelou sua posição
e pediu voto em Lula em reunião
anteontem à noite, na sede da
CBF, na Barra da Tijuca. Estiveram presentes Marco Antonio
Teixeira, seu tio e secretário-geral
da entidade, os diretores Antonio
Osório e José Carlos Salim e outros assessores de Teixeira.
Segundo relataram à Folha pessoas que estiveram no encontro, o
dirigente disse que sua opção inicial era por Ciro, candidato que,
para ele, tinha um grande projeto
para o país. Diante das últimas
pesquisas, porém, mudou.
Teixeira usou também como argumento para votar em Lula o fato de o tucano José Serra fazer
parte de um governo que, em sua
visão, "usou o futebol como cortina de fumaça para esconder a
própria incompetência".
"O melhor para o país, numa
perspectiva de voto útil, é Luiz
Inácio Lula da Silva", afirmou o
presidente da CBF no encontro.
Aos mesmos interlocutores,
Teixeira disse que poderia votar
em todos os candidatos, menos
em Serra. Para ele, o governo teve
uma visão oportunista do futebol,
usando o esporte para desviar a
atenção sobre os problemas do
país. Os primeiros sinais de desgaste com o governo FHC ocorreram durante a instalação das CPIs
no Congresso, em outubro de
2000. O governo foi decisivo para
a abertura das comissões, que tiveram em suas cúpulas dois congressistas tucanos (o senador Álvaro Dias, que, depois, foi para o
PDT, e o deputado Sílvio Torres).
Durante a Copa, Teixeira ameaçou não ir ao Palácio do Planalto
em caso de conquista do pentacampeonato. Só na última hora
decidiu levar a delegação a Brasília. Mesmo assim, pediu aos atletas que não fizessem nenhum tipo
de elogio ao presidente.
Tradicionalmente aliado ao
PFL, Teixeira resolveu, no início
da campanha eleitoral, dar apoio
a Ciro. Seu principal ato em favor
da candidatura do ex-governador
do Ceará foi levar a seleção para
fazer seu primeiro jogo pós-penta
em Fortaleza, reduto eleitoral do
candidato da Frente Trabalhista.
No início de agosto, o candidato
do PPS ocupava o segundo lugar
nas pesquisas de intenção de voto.
Agora, com a possibilidade cada
vez mais palpável, ainda de acordo com os institutos, de a eleição
presidencial ser decidida no primeiro turno, Teixeira resolveu fazer campanha pelo petista.
Lula, porém, não é o primeiro
candidato do partido a receber algum tipo de apoio do presidente
da CBF. O governador do Mato
Grosso do Sul, Zeca do PT, candidato à reeleição, recebeu das
mãos de Teixeira a Taça Fifa, que
ficou exposta em Campo Grande.
Na chegada da seleção após a Copa, a governadora Benedita da Silva, do Rio, também foi agraciada.
Assessores disseram que o presidente da CBF prefere não declarar publicamente seus candidatos
para que não se confunda seu voto como pessoa física com a posição político-partidária da entidade máxima do futebol brasileiro,
que, segundo ele, inexiste.
Antes da reunião de anteontem,
Teixeira havia declarado à Folha
que seu voto era secreto. Ontem,
ele não foi localizado.
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