São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Principal rival do Brasil quase dá vexame na estréia

No Rio, com reforço de atletas brasileiros e torcida contra, Espanha, atual bicampeã mundial de futsal, tropeça no Irã

Com modalidade em crise no país, time a ser batido, segundo técnico brasileiro, vai ao intervalo com 0 a 3, porém consegue empatar


MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A equipe a ser batida neste Mundial, segundo o técnico brasileiro Paulo César de Oliveira, o PC, quase foi vencida ontem em sua estréia.
A Espanha, atual bicampeã mundial, foi para o intervalo de jogo no Maracanãzinho, no Rio, perdendo por 3 a 0 da seleção iraniana, detentora de nove títulos asiáticos. A derrota parecia iminente, mas os espanhóis conseguiram buscar três gols e o empate no segundo tempo.
"Entramos dormindo no primeiro tempo. Mas, com garra, conseguimos nos recuperar", afirmou o pivô Marcelo, brasileiro naturalizado que defende a seleção espanhola.
Mesmo contando com três atletas do país com dupla cidadania na equipe, a Espanha teve de lidar com a torcida gritando pela equipe adversária.
"Como somos os atuais bicampeões, é natural que a torcida já esteja ensaiando para uma eventual decisão contra o Brasil", comentou Marcelo.
Antes do Mundial, ele temia ser hostilizado por torcedores brasileiros por ter se naturalizado. "Só não quero ser chamado de traidor", disse o jogador.
O possível fim da hegemonia da Espanha no futsal pode coincidir com um problema de patrocínio que afeta as equipes da liga local, considerada a mais competitiva do mundo. "Na Espanha, o futsal deu uma caída. O país passa por uma crise no setor imobiliário e isso afetou os clubes que, na maioria, recebem patrocínio de construtoras", contou à Folha o ala brasileiro Daniel Ibañez, jogador do Interviú Movistar e um dos astros da seleção espanhola.
O aumento das restrições ao crédito no país ibérico levaram a uma redução drástica na demanda por imóveis, gerando uma crise no setor.
Em conseqüência, o futsal espanhol perdeu investimentos e viu dois clubes -Armiñana Valencia e Móstoles- anunciarem a retirada da División de Honor, a primeira divisão.
Saad Assis, um dos 14 brasileiros que defendem a Itália neste Mundial, foi um dos afetados. Ele disputou o último campeonato pelo Móstoles.
Na División de Plata, a segunda divisão, o estrago foi ainda maior. Na última temporada, o torneio contou com 37 equipes. No próximo campeonato, haverá apenas 23 times.
Atualmente, há 46 brasileiros jogando em território espanhol: 22 na División de Honor e 24 na División de Plata.
Apesar de tanta instabilidade no campeonato, os brasileiros que atuam pela seleção espanhola não pensam em voltar a atuar em solo brasileiro.
"Mesmo com todo esse problema, a estrutura na Espanha é insuperável e a organização é muito profissional", ressaltou Marcelo, que vive no país europeu há 15 anos e atualmente defende o ElPozo Murcia.
"Num futuro distante, se a saudade da família apertar, quem sabe eu volto", disse.


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