São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

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Corinthians busca família e esfria torcida por união

Para contornar rusgas e acalmar o elenco, que evitou ontem os fãs em São Paulo, clube freta avião e permite que jogadores levem parentes para o jogo decisivo, em Goiás, no domingo

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Em contagem regressiva para decidir o Brasileiro, os jogadores do Corinthians se aproximam de seus familiares e ficam mais distantes da torcida, que ontem fez festa no Parque São Jorge.
Cada atleta poderá levar um convidado para o jogo contra o Goiás. A maioria convidará parentes. A diretoria espera que a medida ajude a unir o time, que sofreu vários rachas neste ano.
Os convidados dos jogadores viajarão no domingo, com cartolas do clube. O time viaja hoje à tarde. O técnico Antônio Lopes vai usar a presença deles, juntos em Goiás, como último esforço para criar um clima de união.
Enquanto se preparam para ficar perto de seus parentes e amigos, os atletas evitam um contato maior com os torcedores. Ontem, eles não deram autógrafos aos mais de 500 fãs amontoados em volta do alambrado do Parque São Jorge após o treino.
"Não foi ordem do treinador. Era pressa, cada um tinha o seu compromisso", disse Rosinei.
A distância da torcida pode aumentar se valer o que uma funcionária do clube informou ontem por telefone a torcedores que queriam saber sobre o treino de hoje. Ela respondeu que o trabalho não poderá ser visto pela torcida. É o último treino perto dos paulistanos antes do jogo com o Goiás, já que a viagem para Goiânia acontece hoje.
"Se alguém deu essa ordem, já está desautorizado. Telefonei para o clube, ninguém sabia disso, mas avisei que a torcida poderá entrar", afirmou o vice de futebol, Andrés Sanchez.
Ele não acredita que a euforia dos torcedores com a possibilidade de o time conquistar o título mesmo em caso de derrota possa atrapalhar o elenco.
Sanchez afirma que a premiação para os jogadores em caso de triunfo no Nacional está definida. Esse bicho um dos motivos que racharam o elenco corintiano. Os atletas chegaram a discutir rispidamente por causa do assunto.
Em conversas reservadas, cartolas do clube dizem que o problema não foi solucionado e reclamam que os responsáveis pelo futebol da equipe (Sanchez e Paulo Angioni, da MSI) não definiram a premiação com antecedência, o que evitaria atritos na reta final.
A aliados, o presidente Alberto Dualib também defende essa tese.
"Se tem alguém insatisfeito na equipe, ainda não me falou nada", declarou Sanchez. Segundo ele, pelo menos a maior parte do prêmio dado pela CBF ao campeão será repassado aos atletas.
A discussão sobre a premiação foi protagonizada entre o goleiro Fábio Costa e o lateral-esquerdo Gustavo Nery, que, dias antes do jogo contra o São Caetano, questionou o colega sobre quanto iria receber em caso de título.
O camisa 1 se irritou e disse que não era o momento para aquele tipo de discussão.
Antes da partida contra o time do ABC, Nery voltou a tocar no assunto e irritou Costa.
Ao final do jogo, no qual o Corinthians foi derrotado, o goleiro cobrou mais empenho dos colegas e discutiu de forma áspera com Carlos Alberto. Os dois quase se agrediram.
Depois disso, os dirigentes orientaram os atletas a dizerem publicamente que o valor da premiação já fora acertado.
Preocupado com a conseqüência negativa da celeuma, o técnico Antônio Lopes tem tomado medidas para não desestabilizar emocionalmente o grupo.
Uma delas foi o chá oferecido pela mulher dele, Elza, às mulheres, namoradas e parentes dos atletas. Lopes também tem dado palestras à equipe com base em um livro de auto-ajuda.
Segundo um jogador do clube, que pediu para não ser identificado, a frase mais repetida pelo treinador aos jogadores é: "o título é mais importante do que qualquer problema entre vocês".
De acordo com Sanchez, a idéia de liberar o avião para os convidados dos jogadores foi da diretoria. Lopes gostou da decisão.
"Será muito boa a companhia dos familiares para ajudar neste momento", falou o meia Rosinei.
A falta de união entre os corintianos gerou até troca de socos em público. O maior astro, Carlitos Tevez, chegou a brigar com Carlos Alberto e Marquinhos.


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