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Corinthians troca bola no pé por chutão para o alto
Clube despreza jogo "rasteiro" e está entre os líderes do ranking de lançamentos
Após perder Willian, equipe falha nas experiências com Aílton e Héverton e hoje não tem nenhum atleta entre os 20 melhores passadores
DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE
Para fugir do rebaixamento
sem depender dos adversários,
o Corinthians precisa vencer o
Grêmio hoje, no estádio Olímpico. Para isso, claro, precisa fazer gols. Mas, em vez de valorizar a posse de bola, a estratégia
do time à beira da queda tem sido, ao longo do Brasileiro, justamente se livrar dela para tentar colocá-la na rede dos rivais.
Neste Nacional, a equipe tem
trocado o passe de pé em pé pelo chutão, de preferência para a
ligação direta da defesa ao ataque, sem passar pelo meio, setor que costuma concentrar a
criação ofensiva de um time.
O grupo de Nelsinho Baptista
ocupa a parte de cima no ranking de lançamentos, ao mesmo tempo em que tem sido um
dos piores nas listas em que para se sair bem é preciso ficar
com a bola no pé (como aproveitamento de passes, dribles e
até finalizações).
Os corintianos, com 5,4 lançamentos por partida, estão na
sexta colocação dos times que
mais tentam a bola longa, de
acordo com o Datafolha.
Já entre os clubes que mais
jogam com a bola no chão, com
percentual mais alto de passes
certos, o time do Parque São
Jorge só aparece em 14º lugar,
com 77,6% de aproveitamento
-o pentacampeão São Paulo,
líder nesse quesito, acerta
82,2% de seus passes.
Dos 6 times abaixo do Corinthians nessa lista, 4 deles participaram do campeonato predominantemente na parte de baixo da tabela: Náutico, 15º melhor passador (77,3%), Paraná
(19º na lista, com 76,4%), e os já
rebaixados América-RN (18º,
com 76,6%) e Juventude (20º,
com 76,3%).
A preferência pelo chutão se
reflete também nos rankings
individuais. Entre os maiores
lançadores, o corintiano Vampeta (2,6 tentativas por jogo)
aparece em segundo lugar, apesar de ser reserva na equipe. Já
entre os melhores passadores,
não há nenhum representante
da equipe do Parque São Jorge
entre os 20 primeiros.
Muito da opção pelo jogo pelo alto, com chutes do setor defensivo para o ataque, talvez
possa ser explicado pela disposição tática do time.
Finazzi foi, ao longo da maior
parte do campeonato, a principal referência na linha de frente corintiana. Isolado, o artilheiro corintiano, que hoje
mais uma vez desfalca a equipe,
muitas vezes fazia o papel de
"pivô", escorando os lançamentos vindos de trás.
Essa estratégia passou a ser
mais utilizada depois que o Corinthians vendeu seu principal
jogador neste Brasileiro, o meia
Willian. Era o antigo camisa 10
quem fazia justamente o papel
de levar pelo chão, com dribles
e troca de passes, a bola da defesa para o ataque.
O clube bem que tentou não
prescindir de um criador ofensivo. Contratou Aílton e, depois, Héverton para realizar a
função. Nenhum deles, porém,
foi bem-sucedido na tarefa.
Nelsinho Baptista tem outra
tese para explicar a afeição à "ligação direta". Para o técnico
corintiano, a própria pressão
por resultados que afastassem
o time do rebaixamento causou
ansiedade em seus pupilos.
"O que acontece é que, nessa
situação, o time acaba querendo resolver logo. No jogo com o
Vasco, fizemos isso no primeiro
tempo, mas corrigimos e, no segundo, conseguimos melhorar
muito", disse o treinador.
"Tem que jogar mais com a
bola no chão. Temos que fazer
isso contra o Grêmio."0
(EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)
NA TV - Grêmio x Corinthians
Globo (para SP), Band (menos RJ e
Porto Alegre) e Sportv 2 (para RJ),
ao vivo, às 16h
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