São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Clube crê em mística corintiana

Com tradição de sofrer sempre na última hora, time tenta fugir do descenso após queda na reta final

A pedido do goleiro Jean, que viveu drama da degola na Ponte, zagueiro Betão chegou a alertar colegas sobre risco, mas foi ignorado


DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE

Faltavam 15 rodadas para o término do Brasileiro. O Corinthians acabara de bater o favorito Santos por 2 a 0, no Pacaembu, e enfrentaria, em seguida, o pior time do campeonato, o América-RN.
A equipe ocupava a 13ª posição, estava fora da zona de rebaixamento, mas o perigo de degola ainda rondava o elenco.
Era 5 de setembro. E o capitão Betão, alertado pelo goleiro reserva Jean, reuniu o grupo. "Eu disse a eles que precisávamos resolver logo a situação, afastar de vez o perigo do rebaixamento. A maioria deu de ombros, dizendo que fugiria a qualquer momento", contou o zagueiro corintiano à Folha.
"O Jean me disse: "Betão, você tem que conversar com o pessoal, não pode deixar para a última hora. Aconteceu isso na Ponte Preta, e nós caímos'", relatou Betão, que lamenta a situação do clube que o revelou.
"Olha, mas eu conheço muito esse clube. Aqui as coisas sempre se resolvem na última hora. Nós nascemos para sofrer mesmo", diz Betão, que relembrou decisões recentes do clube, como o Brasileiro de 2005, decidido só na última rodada.
Desde que conversou com seus companheiros, o Corinthians seguiu trajetória descendente no Brasileiro.
Venceu o América-RN por 1 a 0 no Pacaembu, chegou até a falar em vaga para a Libertadores, mas a realidade se mostrou cruel com os alvinegros.
Foram quatro derrotas seguidas, a volta para a zona do rebaixamento e a troca de Zé Augusto por Nelsinho, que não conseguiu fazer a equipe decolar: ficou oito de suas dez rodadas à frente do time entre os quatro piores. Só conseguiu sair nas duas últimas jornadas.
Mesmo assim, só ganhou duas vezes. Perdeu quatro e empatou outras quatro.
Depois do empate com o Goiás, o presidente corintiano, Andrés Sanches, que chorou muito após o goleiro Felipe defender o pênalti que evitou a derrota, previu, com precisão: "Não tem jeito. Vai ser assim, sofrido, até a última rodada".
O vice de futebol, Antoine Gebran, que disse ter tomado calmante após a derrota por 1 a 0 para o Vasco na última quarta-feira, afirmou ter sido consolado por um torcedor, o que lhe deu confiança de que o time vai escapar da Segundona.
"Era um sócio do clube, bem velhinho. Ele me disse que no Corinthians é sempre assim. Sofremos até o fim. Eu não agüento mais essa situação. Não consigo mais dormir, emagreci", falou Gebran.
"Estou sofrendo o ano inteiro. O pessoal diz que gosta de resolver com emoção. Vai ser um título para nós", disse o goleiro Felipe. (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)


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