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Clube crê em mística corintiana
Com tradição de sofrer sempre na última hora, time tenta fugir do descenso após queda na reta final
A pedido do goleiro Jean,
que viveu drama da degola
na Ponte, zagueiro Betão
chegou a alertar colegas
sobre risco, mas foi ignorado
DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE
Faltavam 15 rodadas para o
término do Brasileiro. O Corinthians acabara de bater o favorito Santos por 2 a 0, no Pacaembu, e enfrentaria, em seguida, o pior time do campeonato, o América-RN.
A equipe ocupava a 13ª posição, estava fora da zona de rebaixamento, mas o perigo de
degola ainda rondava o elenco.
Era 5 de setembro. E o capitão Betão, alertado pelo goleiro
reserva Jean, reuniu o grupo.
"Eu disse a eles que precisávamos resolver logo a situação,
afastar de vez o perigo do rebaixamento. A maioria deu de ombros, dizendo que fugiria a
qualquer momento", contou o
zagueiro corintiano à Folha.
"O Jean me disse: "Betão, você tem que conversar com o
pessoal, não pode deixar para a
última hora. Aconteceu isso na
Ponte Preta, e nós caímos'", relatou Betão, que lamenta a situação do clube que o revelou.
"Olha, mas eu conheço muito
esse clube. Aqui as coisas sempre se resolvem na última hora.
Nós nascemos para sofrer mesmo", diz Betão, que relembrou
decisões recentes do clube, como o Brasileiro de 2005, decidido só na última rodada.
Desde que conversou com
seus companheiros, o Corinthians seguiu trajetória descendente no Brasileiro.
Venceu o América-RN por 1
a 0 no Pacaembu, chegou até a
falar em vaga para a Libertadores, mas a realidade se mostrou
cruel com os alvinegros.
Foram quatro derrotas seguidas, a volta para a zona do
rebaixamento e a troca de Zé
Augusto por Nelsinho, que não
conseguiu fazer a equipe decolar: ficou oito de suas dez rodadas à frente do time entre os
quatro piores. Só conseguiu
sair nas duas últimas jornadas.
Mesmo assim, só ganhou
duas vezes. Perdeu quatro e
empatou outras quatro.
Depois do empate com o
Goiás, o presidente corintiano,
Andrés Sanches, que chorou
muito após o goleiro Felipe defender o pênalti que evitou a
derrota, previu, com precisão:
"Não tem jeito. Vai ser assim,
sofrido, até a última rodada".
O vice de futebol, Antoine
Gebran, que disse ter tomado
calmante após a derrota por 1 a
0 para o Vasco na última quarta-feira, afirmou ter sido consolado por um torcedor, o que
lhe deu confiança de que o time
vai escapar da Segundona.
"Era um sócio do clube, bem
velhinho. Ele me disse que no
Corinthians é sempre assim.
Sofremos até o fim. Eu não
agüento mais essa situação.
Não consigo mais dormir, emagreci", falou Gebran.
"Estou sofrendo o ano inteiro. O pessoal diz que gosta de
resolver com emoção. Vai ser
um título para nós", disse o goleiro Felipe.
(EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)
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