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Copa deixa governo e empresas eufóricos
Privado e público adotam
postura desenvolvimentista
EDUARDO OHATA
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Pan é passado. A Copa de
2014 é vista como a chance de o
Brasil mostrar que é capaz de
deixar um legado em infra-estrutura e se redimir dos erros
cometidos neste ano no Rio.
Esse foi o discurso eufórico
adotado tanto pelo governo
quanto pela iniciativa privada
no Enaenco (Encontro Nacional de Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultivas),
cujo principal foco era discutir
a infra-estrutura da Copa, na
última semana, em São Paulo.
Diante de uma platéia repleta de empreiteiros, Marta Suplicy, ministra do Turismo, sugeriu que o Mundial será a alavanca para o crescimento do
país nos próximos sete anos.
"Segundo especialistas que
consultamos, uma Copa promove 50 anos de desenvolvimento no país. Nós não podemos perder essa oportunidade", disse Marta, adotando sem
pudor o desenvolvimentismo
de Juscelino Kubitschek.
A crença de que haverá um
boom de investimento privado
no setor de infra-estrutura, negligenciado no Rio, é compartilhada por representantes da indústria de base. Empresários
do setor, cujos empreendimentos foram beneficiados pela
criação do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
crêem que a Copa dará um impulso ainda maior ao país.
"Eu diria que a Copa corresponde a 10 PACs. A oportunidade que a Copa dá ao Brasil
para crescer é muito superior
ao PAC", afirmou Paulo Simão,
presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
"Já há, inclusive, investidores externos que têm a intenção de aplicar dinheiro aqui",
completou, sem citar quais seriam essas empresas.
Segundo dados do Ministério
do Esporte, na Copa do Mundo
da Alemanha, a maior parte dos
investimentos foi feita em estradas e infra-estrutura. Na
África do Sul, o gasto com infra-estrutura será três vezes maior
do que a realizada em estádios.
""Metade dos investimentos
feitos na Alemanha foram de
origem privada. Acho que, se o
Brasil atingir essa proporção, já
está ótimo. Não creio que o investimento privado seja maior
do que 50%", calculou, de modo
otimista, Ralph Terra, vice-presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e das Indústrias de Base, que têm 160
empresas associadas, responsáveis por 15% do PIB nacional.
Segundo Terra, os principais
setores nos quais as empresas
querem investir são transporte
(por meio de parcerias público-privadas) e energia (por concessão pública).
Em referência ao PAC, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., citou orientações dadas a
ele pessoalmente por Lula. ""O
presidente Lula pediu uma radiografia do projeto de cada cidade para cruzar essas informações com o estabelecido no
PAC e encontrar uma zona de
intersecção larga", argumentou Silva Jr., ao mencionar portos, aeroportos e rodovias.
Porém há opiniões divergentes sobre essa questão. ""Nós
pensamos na Copa em 12 cidades, mas a maioria não é contemplada pelo PAC, cujos projetos estão concentrados em
grandes centros, como Rio e
São Paulo", diz Terra.
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