São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

confusão

Até estafe diverge na volta de Nilmar ao Corinthians

Empresário cobra luvas e diz que ele não joga no clube; advogado fala que ele só não atua por causa de recuperação

Clube diz não reconhecer dívida com o atleta e reitera que ele está sob contrato até o final do ano; Fifa pode analisar caso ainda este mês


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

A confusão em torno do atacante Nilmar é tão grande que nem os membros de seu estafe se entendem. Divergem a respeito de como deve agir o atleta a partir de hoje, quando ele se reapresenta ao Corinthians.
Enquanto o procurador de Nilmar, Orlando da Hora, diz que ele treina no Parque São Jorge, mas não vai jogar, o advogado do atleta, Breno Tannuri, diz que ele só não vai atuar porque está se recuperando da cirurgia no joelho direito.
"Ele não tem condições de participar de coletivo ainda. Tem um período para recuperação." Mas e se tivesse condições de estrear no Paulista, em 17 de janeiro? "Aí só dependeria do técnico querer escalá-lo", afirma o advogado.
A diferença de posição entre os dois, no entanto, é compreensível tamanha a complexidade da questão, que será definida pela Fifa, segundo Tannuri, ainda neste mês.
No imbróglio, que já dura quase oito meses, a principal questão é saber a quem pertence o jogador. O Corinthians, respaldado por uma decisão judicial, informa ter um contrato de trabalho até 28 de dezembro deste ano com Nilmar.
O Lyon, que protocolou a liberação do jogador na federação francesa, exige o retorno dele porque a parceria Corinthians/MSI não pagou 8 milhões (cerca de R$ 24 milhões) pela venda do atleta.
A MSI tem um termo de compromisso com Nilmar que vai até julho de 2011, mas a validade deste documento está condicionada à efetivação da compra de 100% dos direitos do atacante ao clube francês.
Como a parceria só pagou 2 milhões dos 10 milhões acordados com o Lyon, a Fifa pode anular o valor desse compromisso, que prevê pagamento de U$ 1,5 milhão (cerca de R$ 3 milhões) de bônus a Nilmar e também salários de US$ 1,5 milhão anuais ao jogador.
O atacante ainda tem dois outros contratos com o clube e sua parceira. Um deles é o de trabalho, firmado em maio de 2006, que prorroga o vínculo de Nilmar com o clube até 31 de junho de 2007. Por esse documento, o salário de Nilmar passa de R$ 109 mil para R$ 132 mil. E há uma multa rescisória de R$ 172.500.000,00, que foi grafada incorretamente como sendo cento e setenta e dois mil e quinhentos reais.
Foi nesse documento, que tem a assinatura do jogador, que o Corinthians se baseou para obter liminar que prorroga o vínculo do jogador para 28 de dezembro deste ano.
Em seu despacho, a juíza Maria Cristina Fisch determina que a CBF registre a prorrogação do contrato de trabalho.
A extensão do acordo foi conseguida porque a alta do médico José Luiz Runco ao jogador foi dada em 5 de dezembro do ano passado. Nilmar se machucou em 16 de julho e não atuou mais em 2006.
O advogado de Nilmar não vai contestar a liminar. A estratégia dele é aguardar a decisão da Fifa. Ele também não quer correr o risco de ver o nome de seu jogador envolvido em um eventual "golpe" no Lyon.
"Não queremos ser cúmplices de um crime contra o Lyon", diz o procurador Da Hora, que exige o pagamento do bônus a Nilmar.
O Corinthians não reconhece a dívida com o atleta. Argumenta que, se houver dívida, é com a MSI, e não com o clube.
Termina hoje o prazo para as partes enviarem suas alegações à Fifa, que serão incluídas no processo que definirá o caso.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.