São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2002

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FUTEBOL

Técnico Luxemburgo, que se mostra cada vez mais áspero, acirra clima de tensão às vésperas da partida do Rio-SP

Palmeiras enfrenta Vasco e mau humor

Flávio Grieger/Folha Imagem
O meia Alex, que reestréia pelo Palmeiras hoje, no Rio, contra o Vasco, participa de treino físico


MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para bater o Vasco e chegar à sua terceira vitória em quatro jogos no Torneio Rio-São Paulo, o Palmeiras precisará superar, além do atacante Romário, o mau humor que vem tomando conta do técnico Wanderley Luxemburgo.
As duas equipes se enfrentarão às 17h, no estádio de São Januário, no Rio. A data do jogo chegou a ser alterada duas vezes, uma na quinta e outra anteontem, pelos dirigentes da Liga Rio-São Paulo.
Conhecido por seu temperamento forte desde a sua primeira passagem pelo Palmeiras, em 1993/1994, o treinador tem se mostrado cada vez mais áspero desde que foi demitido pelo Corinthians e teve de se sujeitar à redução de seu salário pela metade.
Mais até do que no período das CPIs. Ou de quando vieram à tona seus problemas com o Fisco.
A vitória sobre o São Caetano por 2 a 0 na última quarta e o fato de ter à sua disposição para o jogo de hoje todos os reforços que pediu à diretoria do clube não foram suficientes para aplacar o mau humor do técnico palmeirense.
Mostrando-se de mal com a vida, ele dirigiu grosserias nos últimos dias aos organizadores da competição, aos representantes das TVs que a transmitem, aos jornalistas que acompanham o dia-a-dia do clube e até aos integrantes da diretoria palmeirense. Sem falar em seu ex-clube, o Corinthians, também alvo de ataque.
Se o calor dos jogos à tarde era motivo de insatisfação para ele, quando jogou à noite, quarta, não foi diferente. Também reclamou.
Os jogadores evitam dizer que há problemas de relacionamento com Luxemburgo, mas demonstram encará-lo como se o temessem, sem contestação e medindo as palavras para evitar conflito.
Anteontem, um dia após constranger um repórter de TV dizendo que de nada adiantava entrevistá-lo porque a emissora não levaria ao ar suas críticas, o técnico se recusou a dar entrevista para outro porque a equipe não estava na sala no momento em que falou com as concorrentes dele.
O repórter sugeriu, então, que houvesse um assessor para organizar as entrevistas. ""Vocês é que têm de cobrar esse assessor do clube", respondeu em tom rude.
Na quinta, ele havia prometido confirmar o ataque palmeirense para a partida contra o Vasco na sexta. Nesse dia, voltou a dizer que só divulgaria ""amanhã". Questionado pelo repórter de um site esportivo sobre a promessa do dia anterior, esbravejou: ""Não aceito ironia. Divulgo o meu time quando eu bem entender".
Ao reclamar da mudança na tabela do Rio-SP, acusando o Corinthians de ser o culpado pelo fato de o Palmeiras estar sendo preterido pela TV, na sua visão, foi indagado se haveria alguma medida formal por parte da diretoria do Palmeiras. ""Eu não tenho nada a ver com a diretoria. Falo o que acho que devo falar, e eles agem como acham que devem agir. Vá perguntar para a diretoria", disse.
Antes de ir para o Palmeiras, ele acumulava o cargo de manager (gerente) no Corinthians. Participava das decisões da diretoria.
O diretor de futebol do Palmeiras Sebastião Lapola evitou polêmica sobre o caso. Mudava de assunto cada vez que a Folha insistia na pergunta sobre o humor do treinador anteontem.
Luxemburgo acha que seu estilo ""bateu, levou" -ou ""levou mesmo sem bater", como vem sendo conhecido no Parque Antarctica- não interfere no time. ""Na hora de entrar em campo eu trabalho a cabeça dos jogadores."


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