São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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ATLETISMO

Atleta decide conciliar as vidas pessoal e profissional, viaja a Montecarlo na semana que vem e frustra BM&F

Maurren volta a treinar e perde patrocínio

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Maurren Maggi decidiu voltar aos treinos, ainda pensa em Atenas, mas perdeu apoio de seu principal patrocinador.
Para ficar mais próxima do namorado, o piloto de testes Antonio Pizzonia, ela embarca na semana que vem para Montecarlo. É lá que seguirá a rotina indicada por seu técnico Nélio Moura.
Mas a volta de Maurren, 27, às pistas, após seis meses de ausência, frustrou a BM&F. A empresa decidiu não renovar o contrato, encerrado em dezembro.
Ter a atleta novamente saltando era condição primordial para a renovação. Mas desde que ela permanecesse no Brasil.
"O Clube de Atletismo BM&F realizou altos investimentos no Ibirapuera, com pista e equipamentos [foi gasto R$ 1 milhão], para dar aos atletas condições olímpicas, de padrão internacional, e pretende garantir a necessária dedicação aos treinos", escreveu a Bolsa em comunicado. "O propósito do Clube é consolidar no Brasil o aprimoramento permanente dos atletas."
A BM&F pagava cerca de R$ 10 mil mensais a Maurren. O dinheiro não estava sendo repassado desde que a atleta teve sua suspensão confirmada por ter sido flagrada em exame antidoping, revelado em junho pela Folha.
A empresa, no entanto, arcava com os custos da defesa dos advogados de defesa da atleta e ainda tinha esperanças de que ela pudesse obter vaga em Atenas.
Esta não foi a primeira vez que Maurren frustou o patrocinador. Após ser suspensa pela Iaaf, a federação internacional de atletismo, ela abandonou os treinos.
Com a absolvição por unanimidade no julgamento no STJD, há duas semanas, a expectativa era que a atleta voltasse às pistas.
O presidente da Bolsa, Manoel Félix Cintra Neto, chegou a anunciar o retorno em um almoço com a imprensa e autoridades.
Mas, mesmo com o sucesso no primeiro passo do processo, Maurren permaneceu parada.
Ela só se comunicou com sua equipe na quinta-feira, quando manifestou à BM&F o desejo de se dedicar mais à família. Mas não soube dizer que caminho seguiria.
O técnico Nélio Moura também ficou contrariado com a posição da atleta. Desde o julgamento em Manaus, ele esperava uma decisão de Maurren para iniciar ou não ao planejamento olímpico.
O treinador não retornou as ligações da Folha ontem.
O caso da saltadora será encaminhado agora à Iaaf. A entidade poderá ou não acatar a decisão do júri brasileiro. Se tiver sua suspensão confirmada, Maurren pode recorrer ainda à Corte de Arbitragem do Esporte, na Suíça.
A Confederação Brasileira de Atletismo ainda tenta agilizar a análise do processo pela Iaaf.
Ontem, a entidade emitiu um comunicado em que declara estar agindo nos bastidores para colocar o caso em pauta já na próxima reunião do Conselho da federação internacional, nos dias 27 e 28 de março em Atenas, Grécia.
Se isso acontecer, Maurren poderá ter tempo suficiente para apelar à Corte e tentar estar livre para disputar os Jogos Olímpicos.
"Seja qual for a decisão da atleta, o esforço brasileiro é para que o Conselho da Iaaf aprecie logo seu caso", disse o presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo.
Apesar de ter sido absolvida por unanimidade no STJD, Maurren não tem perspectivas animadoras na Iaaf. A entidade nunca ratificou uma sentença brasileira.
Nas regras que regem o atletismo mundial há também um item que considera o atleta responsável por todas as substâncias encontradas no seu corpo. Isso enfraquece a tese da defesa de Maurren, que alega contaminação.
A atleta foi flagrada por uso de clostebol -um esteróide anabólico-, no ano passado. Ela afirma que teve resultado positivo porque usou a pomada cicatrizante Novaderm após uma sessão de depilação a laser.


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