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ATLETISMO
Atleta decide conciliar as vidas pessoal e profissional, viaja a Montecarlo na semana que vem e frustra BM&F
Maurren volta a treinar e perde patrocínio
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Maurren Maggi decidiu voltar
aos treinos, ainda pensa em Atenas, mas perdeu apoio de seu
principal patrocinador.
Para ficar mais próxima do namorado, o piloto de testes Antonio Pizzonia, ela embarca na semana que vem para Montecarlo.
É lá que seguirá a rotina indicada
por seu técnico Nélio Moura.
Mas a volta de Maurren, 27, às
pistas, após seis meses de ausência, frustrou a BM&F. A empresa
decidiu não renovar o contrato,
encerrado em dezembro.
Ter a atleta novamente saltando
era condição primordial para a
renovação. Mas desde que ela
permanecesse no Brasil.
"O Clube de Atletismo BM&F
realizou altos investimentos no
Ibirapuera, com pista e equipamentos [foi gasto R$ 1 milhão],
para dar aos atletas condições
olímpicas, de padrão internacional, e pretende garantir a necessária dedicação aos treinos", escreveu a Bolsa em comunicado. "O
propósito do Clube é consolidar
no Brasil o aprimoramento permanente dos atletas."
A BM&F pagava cerca de R$ 10
mil mensais a Maurren. O dinheiro não estava sendo repassado
desde que a atleta teve sua suspensão confirmada por ter sido
flagrada em exame antidoping,
revelado em junho pela Folha.
A empresa, no entanto, arcava
com os custos da defesa dos advogados de defesa da atleta e ainda
tinha esperanças de que ela pudesse obter vaga em Atenas.
Esta não foi a primeira vez que
Maurren frustou o patrocinador.
Após ser suspensa pela Iaaf, a federação internacional de atletismo, ela abandonou os treinos.
Com a absolvição por unanimidade no julgamento no STJD, há
duas semanas, a expectativa era
que a atleta voltasse às pistas.
O presidente da Bolsa, Manoel
Félix Cintra Neto, chegou a anunciar o retorno em um almoço com
a imprensa e autoridades.
Mas, mesmo com o sucesso no
primeiro passo do processo,
Maurren permaneceu parada.
Ela só se comunicou com sua
equipe na quinta-feira, quando
manifestou à BM&F o desejo de
se dedicar mais à família. Mas não
soube dizer que caminho seguiria.
O técnico Nélio Moura também
ficou contrariado com a posição
da atleta. Desde o julgamento em
Manaus, ele esperava uma decisão de Maurren para iniciar ou
não ao planejamento olímpico.
O treinador não retornou as ligações da Folha ontem.
O caso da saltadora será encaminhado agora à Iaaf. A entidade
poderá ou não acatar a decisão do
júri brasileiro. Se tiver sua suspensão confirmada, Maurren pode
recorrer ainda à Corte de Arbitragem do Esporte, na Suíça.
A Confederação Brasileira de
Atletismo ainda tenta agilizar a
análise do processo pela Iaaf.
Ontem, a entidade emitiu um
comunicado em que declara estar
agindo nos bastidores para colocar o caso em pauta já na próxima
reunião do Conselho da federação internacional, nos dias 27 e 28
de março em Atenas, Grécia.
Se isso acontecer, Maurren poderá ter tempo suficiente para
apelar à Corte e tentar estar livre
para disputar os Jogos Olímpicos.
"Seja qual for a decisão da atleta,
o esforço brasileiro é para que o
Conselho da Iaaf aprecie logo seu
caso", disse o presidente da CBAt,
Roberto Gesta de Melo.
Apesar de ter sido absolvida por
unanimidade no STJD, Maurren
não tem perspectivas animadoras
na Iaaf. A entidade nunca ratificou uma sentença brasileira.
Nas regras que regem o atletismo mundial há também um item
que considera o atleta responsável
por todas as substâncias encontradas no seu corpo. Isso enfraquece a tese da defesa de Maurren, que alega contaminação.
A atleta foi flagrada por uso de
clostebol -um esteróide anabólico-, no ano passado. Ela afirma
que teve resultado positivo porque usou a pomada cicatrizante
Novaderm após uma sessão de
depilação a laser.
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