São Paulo, sábado, 03 de março de 2007

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braços cruzados

Até arroz e feijão atrasam obra do estádio do Pan

Trabalhadores reclamam da qualidade da comida e de mosquito da dengue

Paralisação dura uma hora e só acaba com a presença da polícia; órgão da Prefeitura do Rio diz que condições de trabalho são normais

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Obra mais cara do Pan, o Estádio Olímpico João Havelange foi palco ontem de uma manifestação de operários contra as condições de trabalho na obra.
Cerca de 200 funcionários fecharam de manhã uma rua vizinha ao estádio, na zona norte carioca, para protestar.
O ato demorou cerca de uma hora e foi encerrado somente com a chegada de policiais, que desbloquearam a rua.
Os operários reclamaram da má qualidade da comida, das constantes falta de água e de focos de dengue espalhados pelos canteiros da obra.
""O desrespeito está demais. O cardápio é fixo, sempre carne, salada, feijão e arroz, feitos de qualquer jeito. Já encontraram até pedra no feijão. Fora isso, eles são obrigados a beber água quente neste forte calor e convivem com constantes falta de água, entre outras irregularidades", disse Sérgio Luis Silva da Fonseca, diretor do Sitraicp (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Estado do Rio de Janeiro), entidade que coordenou o protesto.
O João Havelange, conhecido popularmente como Engenhão, vai custar R$ 380 milhões aos cofres da Prefeitura do Rio e já deveria estar pronto.
Em 2003, a obra foi orçada em R$ 60 milhões, conforme publicado pela prefeitura no "Diário Oficial" do município.
""Estamos dando nosso suor para levantar uma obra milionária e nem comida decente para repor as nossas energias nos dão direito", disse o operário Raimundo Fenelon. que declarou receber R$ 750/mês.
"O pior é ter que voltar para casa todo sujo, no trem, por causa da falta de água aqui", acrescentou Rinildo Mattos.
As entrevistas foram dadas pelos operários fora da obra, pois os jornalistas foram impedidos de entrar nos canteiros para observar as condições de trabalho dos operários.
No início da noite, o Consórcio Engenhão, que venceu a licitação para erguer o estádio, convidou os jornalistas para uma visita hoje aos canteiros.
Na parte da tarde, a maioria dos operários já havia voltado a trabalhar normalmente.
O consórcio, que reúne Odebrecht e OAS, informou ontem desconhecer as reivindicações dos operários. A assessoria do consócio diz que a manifestação se deve à campanha salarial da categoria. Desde fevereiro, o Sitraicp, sindicato dos operários, negocia reajuste de 15%.
De acordo com a Riourbe, empresa municipal responsável pela construção do estádio, as condições de trabalho dos operários são normais. Segundo a assessoria da empresa, a obra ""obedece rigorosamente às exigências da legislação trabalhista em vigor".
Já o sindicato dos operários afirma que o consórcio garantiu normalizar as condições de trabalho na arena do Pan em uma semana.
A obra está em ritmo acelerado. Funcionários se revezam nos canteiros durante 24 horas nos sete dias da semana. Pela manhã, a estimativa era de 2.300 homens trabalhando.
No mês passado, um operário morreu ao cair da cobertura do estádio, que não tem destino definido após a realização dos Jogos -uma idéia é que algum clube mande suas partidas lá.
A arena receberá jogos de futebol e provas de atletismo durante o Pan, que será disputado de 13 a 29 de julho.


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