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braços cruzados
Até arroz e feijão atrasam obra do estádio do Pan
Trabalhadores reclamam da qualidade da comida e de mosquito da dengue
Paralisação dura uma hora e só acaba com a presença da polícia; órgão da Prefeitura do Rio diz que condições
de trabalho são normais
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Obra mais cara do Pan, o Estádio Olímpico João Havelange
foi palco ontem de uma manifestação de operários contra as
condições de trabalho na obra.
Cerca de 200 funcionários
fecharam de manhã uma rua
vizinha ao estádio, na zona norte carioca, para protestar.
O ato demorou cerca de uma
hora e foi encerrado somente
com a chegada de policiais, que
desbloquearam a rua.
Os operários reclamaram da
má qualidade da comida, das
constantes falta de água e de focos de dengue espalhados pelos
canteiros da obra.
""O desrespeito está demais.
O cardápio é fixo, sempre carne, salada, feijão e arroz, feitos
de qualquer jeito. Já encontraram até pedra no feijão. Fora isso, eles são obrigados a beber
água quente neste forte calor e
convivem com constantes falta
de água, entre outras irregularidades", disse Sérgio Luis Silva
da Fonseca, diretor do Sitraicp
(Sindicato dos Trabalhadores
da Construção Pesada do Estado do Rio de Janeiro), entidade
que coordenou o protesto.
O João Havelange, conhecido popularmente como Engenhão, vai custar R$ 380 milhões aos cofres da Prefeitura
do Rio e já deveria estar pronto.
Em 2003, a obra foi orçada
em R$ 60 milhões, conforme
publicado pela prefeitura no
"Diário Oficial" do município.
""Estamos dando nosso suor
para levantar uma obra milionária e nem comida decente
para repor as nossas energias
nos dão direito", disse o operário Raimundo Fenelon. que declarou receber R$ 750/mês.
"O pior é ter que voltar para
casa todo sujo, no trem, por
causa da falta de água aqui",
acrescentou Rinildo Mattos.
As entrevistas foram dadas
pelos operários fora da obra,
pois os jornalistas foram impedidos de entrar nos canteiros
para observar as condições de
trabalho dos operários.
No início da noite, o Consórcio Engenhão, que venceu a licitação para erguer o estádio,
convidou os jornalistas para
uma visita hoje aos canteiros.
Na parte da tarde, a maioria
dos operários já havia voltado a
trabalhar normalmente.
O consórcio, que reúne Odebrecht e OAS, informou ontem
desconhecer as reivindicações
dos operários. A assessoria do
consócio diz que a manifestação se deve à campanha salarial
da categoria. Desde fevereiro, o
Sitraicp, sindicato dos operários, negocia reajuste de 15%.
De acordo com a Riourbe,
empresa municipal responsável pela construção do estádio,
as condições de trabalho dos
operários são normais. Segundo a assessoria da empresa, a
obra ""obedece rigorosamente
às exigências da legislação trabalhista em vigor".
Já o sindicato dos operários
afirma que o consórcio garantiu normalizar as condições de
trabalho na arena do Pan em
uma semana.
A obra está em ritmo acelerado. Funcionários se revezam
nos canteiros durante 24 horas
nos sete dias da semana. Pela
manhã, a estimativa era de
2.300 homens trabalhando.
No mês passado, um operário morreu ao cair da cobertura
do estádio, que não tem destino
definido após a realização dos
Jogos -uma idéia é que algum
clube mande suas partidas lá.
A arena receberá jogos de futebol e provas de atletismo durante o Pan, que será disputado
de 13 a 29 de julho.
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