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FUTEBOL
Meninos, homens e monstros
Num vôo de Michael Jordan, Cristiano Ronaldo confirma coragem para decidir na hora aguda e decola para o melhor
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RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
MICHAEL Jordan dizia que os
playoffs diferenciam os homens dos meninos. A frase
é o máximo, mas, até como fã de Jordan, achava-o muito mais que homem na hora mais importante. Parecia um monstro, um deus, algo
muito maior, capaz de coisas que vários outros homens que cresciam no
mata-mata não conseguiam fazer.
Vendo o Roma 0 x 2 Manchester
United, antes do replay do primeiro
gol, em casa, de folgas, lembrei de
quando via o ex-astro do Chicago
Bulls. O gol de Cristiano Ronaldo foi
meio uma enterrada. O vôo do português em direção à bola foi sensacional. Pelo primeiro ângulo, não se
sabe de onde ele veio, quem o marcava. Jordan, em cena muitas vezes
reprisada naquelas disputas de enterradas, atravessa o garrafão no ar
para cravar a bola na cesta. Um show
de impulsão. Porém o paralelo que
traço aqui entre Jordan e Cristiano
Ronaldo vai até além desse lance. É
uma ousadia, pois Jordan foi o melhor atleta que vi atuar, e Cristiano
Ronaldo ainda é (tem 23 anos) só o
melhor jogador português que vi.
Tecnicamente, o atacante (?) do
Manchester United é genial. Completo, chuta muuuito bem com ambas as pernas. Firme no cabeceio,
tem velocidade, potência, explosão...
Faz diversos gols, uns de letra, outros só arrancando do meio-campo,
cortando para o meio e batendo de
curva, alguns de falta desafiando a física. Deixa com freqüência os companheiros em ótima situação para
marcar. E, nos jogos mais importantes, ele aparece em grande forma,
puxa ainda mais a responsabilidade,
odeia perder, ser superado, errar.
E é aí que volto ao incomparável
Jordan. Cristiano Ronaldo, nesta
temporada, em especial, não está
menino nem homem. Está monstro,
sobrenatural. Nos piores dias, é decisivo. Já são 36 gols na campanha
2007/08, a que lhe deverá render o
prêmio de melhor do mundo deste
ano (não conto com tragédias). Artilheiro do Campeonato Inglês, a liga
nacional mais forte do mundo hoje,
e goleador da Champions League, o
Olimpo do futebol. O Manchester só
tem esse favoritismo todo por causa
desse cara. Como classificá-lo hoje?
MENINO
Doni saiu como o brasileiro que
fraquejou no duelo em Roma anteontem. Mas Anderson, mesmo
na vitória do Manchester, mostrou
pouco para quem já saiu das fraldas
e até já ganhou Batalha dos Aflitos.
HOMEM
Que o Gerrard se separa dos meninos (como seu Liverpool) no mata-mata, o mundo sabe desde 2005.
Ontem, a Inglaterra só lembrou
disso. Curioso que o ""Niño" Torres,
que tem potencial para ser monstro, foi só mais um homem ontem.
MONSTRO
Deivid, cujo nome homenageia o
Hulk, fez ""o gol" (a favor, claro).
rbueno@folhasp.com.br
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