São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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FUTEBOL

Meninos, homens e monstros


Num vôo de Michael Jordan, Cristiano Ronaldo confirma coragem para decidir na hora aguda e decola para o melhor

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

MICHAEL Jordan dizia que os playoffs diferenciam os homens dos meninos. A frase é o máximo, mas, até como fã de Jordan, achava-o muito mais que homem na hora mais importante. Parecia um monstro, um deus, algo muito maior, capaz de coisas que vários outros homens que cresciam no mata-mata não conseguiam fazer.
Vendo o Roma 0 x 2 Manchester United, antes do replay do primeiro gol, em casa, de folgas, lembrei de quando via o ex-astro do Chicago Bulls. O gol de Cristiano Ronaldo foi meio uma enterrada. O vôo do português em direção à bola foi sensacional. Pelo primeiro ângulo, não se sabe de onde ele veio, quem o marcava. Jordan, em cena muitas vezes reprisada naquelas disputas de enterradas, atravessa o garrafão no ar para cravar a bola na cesta. Um show de impulsão. Porém o paralelo que traço aqui entre Jordan e Cristiano Ronaldo vai até além desse lance. É uma ousadia, pois Jordan foi o melhor atleta que vi atuar, e Cristiano Ronaldo ainda é (tem 23 anos) só o melhor jogador português que vi.
Tecnicamente, o atacante (?) do Manchester United é genial. Completo, chuta muuuito bem com ambas as pernas. Firme no cabeceio, tem velocidade, potência, explosão...
Faz diversos gols, uns de letra, outros só arrancando do meio-campo, cortando para o meio e batendo de curva, alguns de falta desafiando a física. Deixa com freqüência os companheiros em ótima situação para marcar. E, nos jogos mais importantes, ele aparece em grande forma, puxa ainda mais a responsabilidade, odeia perder, ser superado, errar.
E é aí que volto ao incomparável Jordan. Cristiano Ronaldo, nesta temporada, em especial, não está menino nem homem. Está monstro, sobrenatural. Nos piores dias, é decisivo. Já são 36 gols na campanha 2007/08, a que lhe deverá render o prêmio de melhor do mundo deste ano (não conto com tragédias). Artilheiro do Campeonato Inglês, a liga nacional mais forte do mundo hoje, e goleador da Champions League, o Olimpo do futebol. O Manchester só tem esse favoritismo todo por causa desse cara. Como classificá-lo hoje?

MENINO
Doni saiu como o brasileiro que fraquejou no duelo em Roma anteontem. Mas Anderson, mesmo na vitória do Manchester, mostrou pouco para quem já saiu das fraldas e até já ganhou Batalha dos Aflitos.

HOMEM
Que o Gerrard se separa dos meninos (como seu Liverpool) no mata-mata, o mundo sabe desde 2005. Ontem, a Inglaterra só lembrou disso. Curioso que o ""Niño" Torres, que tem potencial para ser monstro, foi só mais um homem ontem.

MONSTRO
Deivid, cujo nome homenageia o Hulk, fez ""o gol" (a favor, claro).

rbueno@folhasp.com.br


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