São Paulo, domingo, 03 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

Relatividade FC


Como na vida, no futebol também tudo é muito relativo. Mas a história segue escrita pelos que vencem

OPALMEIRAS obteve uma vitória heroica no Chile. Heroica mesmo, com apenas dez em campo e sem o gigante Pierre, que se machucou, voltou a campo, salvou um gol e saiu. E sem o bravo Diego Souza, também lesionado.
Graças a um gol épico de Cleiton Xavier, quando faltavam apenas três minutos para a desclassificação do Palmeiras na Libertadores, o bicampeonato ainda é um sonho realizável. Mais: um sonho turbinado pelas circunstâncias da vitória diante do Colo Colo.
Que não foi, diferentemente de seu discurso pós-jogo, fruto do que o treinador planejou. Porque Vanderlei Luxemburgo imaginou um primeiro tempo de contenção para liquidar a partida no segundo.
E o que aconteceu foi quase o inverso, porque o Palmeiras mandou nos 45 minutos iniciais, quando teve nos pés de Keirrison duas chances de marcar dois gols que pararam nas traves. E foi dominado no segundo, não só pela expulsão de Marcão como, também, pela saída de Wendel e a entrada de Marquinhos, tática anunciada que não deu certo, porque deixou o time torto, desequilibrado e, nos últimos dez minutos, desesperado, na base do bumba-meu-boi, sem nenhum esquema, embora com muita alma e coração.
Só por isso, que não é pouco, ao contrário, é muito, o Palmeiras saiu tão vitorioso do estádio Monumental como havia saído da Ilha do Retiro, que terá de visitar novamente, por dessas ironias do futebol.
Luxemburgo tem toda razão quando diz que seu currículo fala por si mesmo e não depende de ganhar uma Libertadores. E nenhuma razão quando supõe que o mundo é feito de tolos, incapazes de ver que os maravilhosos acasos do futebol não podem nem devem ser reduzidos a planejamentos táticos ou estratégicos que simplesmente inexistem, não cabem, são apenas manipulações depois dos resultados.
Não seria melhor homenagear os que merecem a homenagem, seus comandados que arrancaram um resultado que ninguém mais imaginava ser possível?
Ou elogiar a arte do alagoano Cleiton Xavier, que chutou do Nordeste para fazer tremer a imponente cordilheira dos Andes?
E como tudo é mesmo assim, muito relativo, vale lembrar que Mano Menezes preferia poupar Ronaldo do jogo em Curitiba.
Teve de ser convencido pelo próprio e pelo presidente alvinegro, que, com razão, valoriza mais a Copa do Brasil que o Paulistinha.
Imagine, no entanto, se o Fenômeno, de fato, tivesse fraturado a costela, como se suspeitou.
E se o Corinthians tivesse perdido pelos 3 a 0 que sofria até o fim do jogo com o Atlético Paranaense com quase todos os seus titulares.
Mano Menezes não diria, mas pensaria que, se dependesse dele, teria mesclado mais a equipe, até para evitar o visível salto alto.
Só que o time reagiu no fim, fez dois gols salvadores e está com a faca e o queijo nas mãos não só para ser campeão estadual hoje como para, na quarta-feira, classificar-se às quartas de final do torneio que dá vaga na Libertadores, sonho do centenário do Corinthians. Exatamente como o planejado?
Então tá.

blogdojuca@uol.com.br


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