São Paulo, domingo, 3 de maio de 1998

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VÔLEI
Após o final de cada Superliga, jogadores e técnicos se adaptam a sucessivas desistências dos patrocinadores
Fim de equipe leva a inferno nas quadras

JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local

O enredo tem sido simples e repetitivo: final de Superliga significa debandada de patrocinadores.
Nesta temporada, oficialmente, três equipes perderam patrocínio. Uma, o Dayvit, foi extinta. Em três temporadas, 30 patrocinadores passaram pela Superliga.
Medida drástica, a extinção da equipe leva atletas, comissão técnica e a até a cidade no qual estão baseadas a um inferno, próvisório ou permanente. A Folha mapeou o destino de jogadoras e técnico do Sollo, de Tietê (150 km a noroeste de São Paulo).
Mantida por uma empresa administradora de cartões de crédito para divulgar um cartão regional, tinha vida garantida de no mínimo três temporadas. Sobreviveu duas: 94/95 e 95/96.
Nesse período, foi vice-campeã paulista (95), terceira colocada na Superliga e campeã do Sul-Americano de clubes no Peru (95).
Das 12 jogadoras, 10 continuam em atividade, entre elas a atacantes Virna, da seleção brasileira.
A atacante Gina Borghetti, 20, na época juvenil, hoje cursa fisioterapia em Curitiba (PR) e não pretende voltar à jogar profissional nos próximos três anos. Outra atacante, Sandra, 30, não considerou compensadoras as propostas de clubes e ficou fora da Superliga.
Cacá Bizzochi, técnico do time, depois de passar pelo BCN e o Banespa, está desempregado.
"Estava tudo certo e, de repente, avisaram que o time iria ser extinto. Disputei a Olimpíada recebendo ajuda de custo da confederação", diz Virna, que sete meses depois se transferiria para a equipe do MRV/Minas e hoje está no Leites Nestlé.
As irmãs Angela, 25, e Andréa Moraes, ex-companheiras de Virna, são "bidesempregadas". Primeiro assistiram a extinção do Sollo. Se separaram e na última temporada foram contratadas pelo Dayvit. Nova extinção.
"Você fica calejado, guarda dinheiro para uma emergência. No Dayvit, pensei que fosse ficar tranquila porque tinha contrato de dois anos. O time não durou um", diz Andréa Moraes.
Cacá Bizzochi tem constituída uma microempresa e nos próximos meses vai se ocupar com palestras e clínicas de vôlei.
"Não vou encontrar emprego tão cedo. O atleta que está na Superliga de um jeito ou outro acaba sendo absorvido, vai para um time menor, ganha menos. O técnico, não. Tem gente boa no mercado e não há time para todos", afirma.
Tietê, antiga sede do Sollo, ainda se esforça para manter os vestígios da equipe. Ano passado, com uma grupo de atletas que recebiam apenas alimentação e moradia, disputou a Superliga. Ficou em último.
Agora, mantém apenas as equipes de base participando das competições estaduais.



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