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VÔLEI
Após o final de cada Superliga, jogadores e técnicos se adaptam a sucessivas desistências dos patrocinadores
Fim de equipe leva a inferno nas quadras
JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local
O enredo tem sido simples e repetitivo: final de Superliga significa debandada de patrocinadores.
Nesta temporada, oficialmente,
três equipes perderam patrocínio.
Uma, o Dayvit, foi extinta. Em três
temporadas, 30 patrocinadores
passaram pela Superliga.
Medida drástica, a extinção da
equipe leva atletas, comissão técnica e a até a cidade no qual estão
baseadas a um inferno, próvisório
ou permanente. A Folha mapeou
o destino de jogadoras e técnico
do Sollo, de Tietê (150 km a noroeste de São Paulo).
Mantida por uma empresa administradora de cartões de crédito
para divulgar um cartão regional,
tinha vida garantida de no mínimo
três temporadas. Sobreviveu duas:
94/95 e 95/96.
Nesse período, foi vice-campeã
paulista (95), terceira colocada na
Superliga e campeã do Sul-Americano de clubes no Peru (95).
Das 12 jogadoras, 10 continuam
em atividade, entre elas a atacantes Virna, da seleção brasileira.
A atacante Gina Borghetti, 20, na
época juvenil, hoje cursa fisioterapia em Curitiba (PR) e não pretende voltar à jogar profissional nos
próximos três anos. Outra atacante, Sandra, 30, não considerou
compensadoras as propostas de
clubes e ficou fora da Superliga.
Cacá Bizzochi, técnico do time,
depois de passar pelo BCN e o Banespa, está desempregado.
"Estava tudo certo e, de repente, avisaram que o time iria ser
extinto. Disputei a Olimpíada recebendo ajuda de custo da confederação", diz Virna, que sete meses depois se transferiria para a
equipe do MRV/Minas e hoje está
no Leites Nestlé.
As irmãs Angela, 25, e Andréa
Moraes, ex-companheiras de Virna, são "bidesempregadas".
Primeiro assistiram a extinção do
Sollo. Se separaram e na última
temporada foram contratadas pelo Dayvit. Nova extinção.
"Você fica calejado, guarda
dinheiro para uma emergência.
No Dayvit, pensei que fosse ficar
tranquila porque tinha contrato
de dois anos. O time não durou
um", diz Andréa Moraes.
Cacá Bizzochi tem constituída
uma microempresa e nos próximos meses vai se ocupar com palestras e clínicas de vôlei.
"Não vou encontrar emprego
tão cedo. O atleta que está na Superliga de um jeito ou outro acaba
sendo absorvido, vai para um time
menor, ganha menos. O técnico,
não. Tem gente boa no mercado e
não há time para todos", afirma.
Tietê, antiga sede do Sollo, ainda
se esforça para manter os vestígios
da equipe. Ano passado, com uma
grupo de atletas que recebiam apenas alimentação e moradia, disputou a Superliga. Ficou em último.
Agora, mantém apenas as equipes de base participando das competições estaduais.
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