São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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Estádios vazios preocupam a Copa

France Presse
Torcedores acompanham, cada qual a seu modo, a partida entre alemães e sauditas, em Sapporo; 25% dos lugares vazios


Com só três dias de competição e oito jogos disputados, a Copa da Coréia e do Japão já quebrou uma marca negativa que durava 16 anos. O jogo entre Paraguai e África do Sul, ontem, não encheu nem metade do estádio Busan Asaid, uma situação que não se via em Mundiais desde 1986. As 25.186 pessoas que assistiram à partida são um símbolo do primeiro fiasco do torneio na Ásia: a falta de gente nos estádios. A média por jogo até aqui é de 37.396 pessoas, a mais baixa para jogos da primeira fase desde a Copa da Espanha-1982. Uma situação estranha para os organizadores, que investiram mais de US$ 4,5 bilhões para aprontar 20 estádios, o maior número da história.

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

O problema da falta de público é pior na Coréia do Sul.
Justamente o país que decidiu erguer dez novos estádios para os jogos da Copa do Mundo, de maneira que todas as partidas do torneio em seu território ocorressem em campos recém-construídos.
Foi na Coréia, também, que o governo subsidiou a venda de ingressos para compor torcidas artificiais das 15 seleções forasteiras que jogam a primeira fase no país.
A ocupação dos quatro primeiros jogos sul-coreanos, no entanto, ficou em apenas 69%.
Na França, por exemplo, o mesmo número foi de 90% para os jogos da primeira fase.
A ocupação do lado japonês também é baixa do ponto de vista histórico: 80%. Computadas as oito partidas iniciais em um e outro país, resulta um índice médio de lotação de 74%.
É uma ocupação menor do que a da partida de menor lotação na primeira fase da última Copa. Em 1998, na França, Paraguai x Bulgária encheu 78% do estádio.
A comparação mais contrastante, porém, é com a edição anterior, nos EUA, lugar onde a população, assim como acontece na Coréia e no Japão, não tem o futebol como esporte preferido.
Mesmo com estádios bem maiores que os utilizados neste torneio, o Mundial de 1994 registrou ocupação média de 92% nas partidas da primeira fase.
Com as cadeiras que têm ficado vazias nos jogos da Coréia, daria, por exemplo, para encaixar todo o público médio de um jogo do último Campeonato Brasileiro.
A saia justa já procura dono, mas ninguém quer assumir a responsabilidade por ela.
Para a Fifa, as clareiras podem estar relacionadas aos problemas de impressão e distribuição dos ingressos, que ficaram sob responsabilidade da companhia britânica Byrom.
Antes do início da Copa, porém, fora anunciado que a empresa, apesar do atraso, já tinha despachado todos os ingressos que devia aos organizadores.
Apesar disso, o Jawoc, Comitê Organizador do lado japonês, diz que só percebeu o tamanho do problema após ver que os estádios estavam fisicamente vazios.
De qualquer forma, corre-se no momento para tentar diminuir o prejuízo que se desenha.
A Fifa, que não divulga oficialmente seus levantamentos sobre a venda dos bilhetes, tenta agora empurrar os ingressos pela internet e em quiosques espalhados pelas cidades-sede.
Já revisaram até a decisão de não vender entradas no dia dos jogos -uma medida de segurança que acontece, eventualmente, inclusive em partidas no Brasil.
Por causa da "temperatura" menor das partidas, os ingressos da primeira fase são os mais baratos da competição. Custam de US$ 60 a US$ 150. Uma entrada para a decisão da Copa, em Yokohama, chega a valer US$ 750.
Mas até com os ingressos já vendidos os organizadores do Mundial têm tido problemas.
Muitas pessoas que usaram um formulário único para comprar os bilhetes, esperando sentar lado a lado nos estádios, foram parar em lugares opostos ao redor do campo, o que tem sido atribuído a uma falha no sistema de impressão nos ingressos.
Além disso, a polícia coreana já está à caça de uma pessoa que distribuiu ingressos falsos da abertura para alguns torcedores nos arredores do estádio de Seul. O homem, que se disse argentino, conseguiu vender falsificações grosseiras dos bilhetes.
Dentro do estádio, o que se viu ao redor do jogo que abriu a Copa foram muitas cadeiras vazias -pela contagem oficial, 3.295.
A Fifa diz que parte desses lugares havia sido deixada livre justamente para ser usada em socorro de eventuais vítimas dos problemas de impressão, como pessoas que haviam comprado os bilhetes mas não os haviam recebido.
Como os lugares em branco passaram do esperado, porém, a entidade decidiu apurar oficialmente o que houve.


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