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BASQUETE
Estranho, bizarro, extraordinário
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Como é interessante constatar que, pela primeira vez, a
final da NBA reúne clubes originários da experiência mais extravagante do basquete. Tanto o San
Antonio Spurs como o New Jersey
Nets despontaram na ABA, a liga
que inventou o arremesso de três
pontos, que criou o torneio de enterradas, que consagrou Julius
"Dr J." Erving, que incorporou o
estilo de jogo dos playgrounds e
que, até ser engolida pela arqui-rival em 1976, coloriu as quadras
com bolas azul-branco-vermelhas
e elementos da cultura pop (de
agasalhos boca-de-sino a penteados "black power").
Saber que o sonho velado de Jason Kidd, 30, é jogar justamente
ao lado do outro supercraque deste playoff, o pivô Tim Duncan, 27
-e que os Spurs, embora satisfeitos (e surpresos) com a performance de Tony Parker, já têm um
projeto para contratar o armador
dos Nets na temporada que vem.
Notar que o blablablá da globalização transcendeu os planos comerciais da NBA. As semifinais
do campeonato incluíram dois
franceses, dois alemães, um mexicano, um canadense...
Ver que um desses "gringos", o
armador Emanuel Ginóbili, já arrebatou os texanos com a habilidade e a inteligência de jogo canhotas que haviam alçado a Argentina ao pódio mundial.
Perceber que, entre os coadjuvantes, encontram-se três dos
mais importantes gigantes da bola-ao-cesto da década de 90. O
zairense Dikembe Mutombo, 37
anos (declarados...), que espera
ser reaproveitado pelo New Jersey. E os norte-americanos David
Robinson, 37, que cumpre seu
campeonato de despedida, e Kevin Willis, 41, o mais velho jogador do San Antonio -e da NBA.
Reparar que outro veterano, o
armador Steve Kerr, 37, levantou-se do banco de reservas e provou,
para o público e para a crítica,
que os quatro títulos de sua carreira não surgiram do acaso. Foram sua energia e seus certeiros
arremessos de longa distância
que asseguraram a classificação
dramática dos Spurs diante do
Dallas Mavericks.
Assistir à superação do ala Stephen Jackson, que se depara agora com o mesmo time do New Jersey que o dispensou no ano passado por "deficiência técnica".
Lembrar que, para triunfar
diante de uma equipe superior, os
Nets precisam vencer quatro vezes neste mata-mata. Exatamente o que os representantes da Conferência Leste somaram nas quatro finais anteriores.
Imaginar que o New Jersey, sem
uma verdadeira cidade-sede, teria(á?) de restringir a eventual
carreata do triunfo (começo,
meio e fim) ao estacionamento do
ginásio, prédio perdido no vazio
das rodovias do Estado.
Atentar para o fato de que os
dois finalistas -assim como os
outros dois semifinalistas- prestaram um serviço ao basquete ao
demolir a tendência individualista da primeira fase do torneio.
Sim, a partir de amanhã, você verá um jogo solidário, versátil, tático, cujas estrelas prescindem da
atenção dos telescópios.
Constatar, enfim, que, mesmo
na caretice da era Baby Bush, o
basquete da NBA escreveu certo
por linhas tortas.
Gauche 1
"Não queria que ele se aposentasse na minha gestão. Pô, Oscar, não
podia ter sido daqui a dez anos?" Na homenagem da rádio CBN/Globo ao "Mão Santa", anteontem, o presidente Grego deixou escapar
que não pretende deixar a CBB, que buscará nova(s) reeleição(ões).
Gauche 2
Uberlândia x Ribeirão Preto, Americana x Ourinhos. Tanto o Nacional masculino como o Paulista feminino, depois de muita ciscada,
apenas referendaram a lógica dos prognósticos.
Gauche 3
Que burrice dos dirigentes programar para a mesma noite (quinta-feira) o começo das finais do Nacional e do Paulista!
E-mail melk@uol.com.br
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