São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

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Copa 2006

Táticos, "italianos" dão estabilidade a quadrado

Brasileiros que atuam no "calcio" captam melhor visão de Parreira

Enquanto os "espanhóis" Ronaldinho e Ronaldo quase não abordam o assunto, Kaká, Emerson, Adriano e Cafu sentem-se à vontade


PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A WEGGIS

Muita gente acha o futebol italiano um porre por colocar a tática à frente da técnica. Mas, na campanha da seleção brasileira na Copa alemã, essa qualidade será decisiva para fazer o quarteto mágico funcionar.
Fora a própria Itália, claro, nenhuma seleção tem tantos jogadores atuando no "calcio" como o Brasil. São seis ao todo, sendo que o único que não é titular é o goleiro Júlio César. E os quatro que jogam na linha (Dida é o titular no gol) parecem mais adaptados ao esquema de Carlos Alberto Parreira.
O milanista Cafu não tem dado os mesmos espaços para os contra-ataques que o "espanhol" Roberto Carlos.
Emerson, da Juventus, vem protegendo os zagueiros bem. Kaká, outro do Milan, é a peça-chave do quarteto e consegue na seleção ofuscar até Ronaldinho, o melhor do mundo.
No ataque, Adriano, jogador da Inter de Milão, goleia Ronaldo na artilharia desde que o tal quarteto foi montado.
E todos eles apontam a vivência na Itália pela leitura mais rápida das instruções dadas por Parreira na seleção.
"Hoje eu enxergo muito mais o jogo. A disciplina tática na Itália é muito exigida. Uma coisa é enxergar o jogo taticamente de fora do campo, outra é fazer isso jogando, de cabeça quente. Na Itália, aprendi a fazer isso, a observar como o rival está taticamente", afirma Kaká.
"É uma vantagem. O europeu, principalmente o italiano, é quase perfeito taticamente. Eles dão muita ênfase para a parte da disciplina tática. E isso é uma vantagem para nós, brasileiros, quando o professor Parreira pede para a gente se adaptar ao esquema que ele quer", acrescenta Cafu.
"Futebol na Itália é muito tático, muita força. E isso facilita para a gente quando chega à seleção", analisa Adriano.
Enquanto muitos jogadores, como Ronaldo e Ronaldinho, pouco falam de funções táticas nas entrevistas, os "italianos" da seleção dissertam sobre o tema com bastante facilidade.
"Não existe essa história de quadrado. A gente vai mudando a formação conforme o jogo. Na hora de defender, quando a jogada é pela direita, fico perto do Ronaldinho. Se roubo a bola, meu primeiro passe é para ele", diz Kaká, que mostrava muito entusiasmo quando falava ontem sobre o tema no hotel que abriga a seleção em Weggis.
Cafu pede prudência aos colegas para fazer o esquema de Parreira vingar. "No dia do jogo, não vamos atacar com sete. A responsabilidade de atacar é dos quatro da frente." O lateral não entra na onda de excesso de otimismo sobre a escolha do treinador. "Só vamos saber se o quarteto vai funcionar quando a Copa começar."
O capitão até fala em seguir os passos de um ídolo italiano.
"Acho que vou para a zaga, será mais fácil, já que tenho noção de posicionamento. Quem sabe serei um [Franco] Baresi da vida", fala o lateral, citando o italiano que brilhou como zagueiro do Milan e de sua seleção já perto de fazer 40 anos.


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