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RODRIGO BUENO
A Copa do Chelsea
Com contratações agressivas
em meio ao Mundial, clube
de Abramovich terá presença
recorde no campeonato
AINDA nos anos 80, Silvio Berlusconi, o todo-poderoso do
Milan, profetizou que a Copa
seria, em um futuro não muito distante, substituída por um torneio interclubes. O dirigente e político italiano montara uma equipe estelar
calcada em três "estrangeiros" apenas: Gullit, Rijkaard e Van Basten.
O mundo do futebol mudou muito
desde então. Limites de forasteiros
por time ruíram, jogadores ganharam liberdade para se transferir,
surgiram facilidades na obtenção de
passaportes, a Copa dos Campeões
foi turbinada e dá ótimas chances
para um time só de gringos, como
mostrou o Arsenal. Berlusconi, que
não consegue ficar afastado do futebol, previu de certa forma esse cenário, mas nem ele imaginava que o
Chelsea roubaria de seu Milan, às
vésperas de uma Copa, uma das
principais estrelas da bola contemporânea, um ídolo de seu rico time.
Pesou na transação, é verdade, o
desejo de Shevchenko (de sua "patroa") de se mudar para um país de
língua inglesa. Mas a força econômica descomunal que o Chelsea escancara agora é sinal dos novos tempos.
Pode ser lavagem de dinheiro, mas
isso não seria coisa nova no futebol.
É a formação de uma equipe galáctica, mas isso também não é novidade.
O magnata russo Roman Abramovich era um estranho no mundo do
futebol até 2003. Nem bem tinha
adquirido a maioria das ações do
Chelsky (apelido mais recente do
clube londrino), bancou Crespo, Verón, Makelele, Geremi, Duff, Mutu,
Johnson, Bridge, Cole... 157 milhões em reforços mais a comissão
técnica mais cara do planeta -o
português José Mourinho, consta,
leva 13 milhões por temporada.
Os resultados vieram logo, com o
fim de um jejum de 50 anos no Inglês. O bi foi algo pro forma e, por
questão de detalhes, a Champions
League, o tal torneio que Berlusconi preconizara, ainda não foi ganha
pelos ""Blues". O fenômeno Abramovich levou Fifa, Uefa e autoridades não-esportivas a investigar esse despejo de grana no futebol.
Quando a impressão era a de que
o limite e a coragem do Chelsea tinham sido alcançados (os dirigentes convencionais ameaçam caça
às bruxas do tipo Berezovski), a
conta estourou de vez. O simpático
Roman superou o meio bilhão de
dólares em contratações. Ninguém
(mesmo) sabe ao certo quanto foi
pago por Shevchenko. O release do
Chelsea é claro: ""O Chelsea está
empolgado ao anunciar a contratação de Shevchenko do Milan. É a
transferência recorde do Chelsea."
Recorde quanto? O anterior era
os US$ 48 milhões por Essien? A
contratação de Ballack também
não teve valores divulgados oficialmente. Antes dessas ""bombas", o
Chelsea já era o time com mais
atletas na Copa (15, com o corte de
Del Horno) com folga. E Drogba
deve ficar, Roberto Carlos pode
chegar... O Chelsea terá campeão
(ões) e artilheiro(s) da Copa, possivelmente. Está comprando a Copa!
A COPA DO CHELSEA 1
Abramovich contratou 27 jogadores para o Chelsea. Dispensou 32
atletas. Gastou com os reforços uns
US$ 500 milhões. Recebeu com
"negociados" uns US$ 43 milhões.
Dos 27 que contratou, um, Neil Sul-livan, veio sem custo. Dos 32 que
abriu mão, só cinco deram comprovadamente um retorno financeiro
(pelo menos 15 saíram de graça).
A COPA DO CHELSEA 2
Das contratações com valores conhecidos de Abramovich, a mais
barata foi a de Jarosik (uns US$ 6
milhões). Veio do CSKA Moscou,
clube bancado por Abramovich.
A COPA DO CHELSEA 3
Alemanha, Argentina, Costa do
Marfim, França, Gana, Holanda,
Inglaterra, Portugal, República
Tcheca e Ucrânia têm atleta do
Chelsea. Boa Copa para todos!
@ - rbueno@folhasp.com.br
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