São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006

Texto Anterior | Índice

RODRIGO BUENO

A Copa do Chelsea

Com contratações agressivas em meio ao Mundial, clube de Abramovich terá presença recorde no campeonato

AINDA nos anos 80, Silvio Berlusconi, o todo-poderoso do Milan, profetizou que a Copa seria, em um futuro não muito distante, substituída por um torneio interclubes. O dirigente e político italiano montara uma equipe estelar calcada em três "estrangeiros" apenas: Gullit, Rijkaard e Van Basten. O mundo do futebol mudou muito desde então. Limites de forasteiros por time ruíram, jogadores ganharam liberdade para se transferir, surgiram facilidades na obtenção de passaportes, a Copa dos Campeões foi turbinada e dá ótimas chances para um time só de gringos, como mostrou o Arsenal. Berlusconi, que não consegue ficar afastado do futebol, previu de certa forma esse cenário, mas nem ele imaginava que o Chelsea roubaria de seu Milan, às vésperas de uma Copa, uma das principais estrelas da bola contemporânea, um ídolo de seu rico time. Pesou na transação, é verdade, o desejo de Shevchenko (de sua "patroa") de se mudar para um país de língua inglesa. Mas a força econômica descomunal que o Chelsea escancara agora é sinal dos novos tempos. Pode ser lavagem de dinheiro, mas isso não seria coisa nova no futebol. É a formação de uma equipe galáctica, mas isso também não é novidade. O magnata russo Roman Abramovich era um estranho no mundo do futebol até 2003. Nem bem tinha adquirido a maioria das ações do Chelsky (apelido mais recente do clube londrino), bancou Crespo, Verón, Makelele, Geremi, Duff, Mutu, Johnson, Bridge, Cole... 157 milhões em reforços mais a comissão técnica mais cara do planeta -o português José Mourinho, consta, leva 13 milhões por temporada. Os resultados vieram logo, com o fim de um jejum de 50 anos no Inglês. O bi foi algo pro forma e, por questão de detalhes, a Champions League, o tal torneio que Berlusconi preconizara, ainda não foi ganha pelos ""Blues". O fenômeno Abramovich levou Fifa, Uefa e autoridades não-esportivas a investigar esse despejo de grana no futebol. Quando a impressão era a de que o limite e a coragem do Chelsea tinham sido alcançados (os dirigentes convencionais ameaçam caça às bruxas do tipo Berezovski), a conta estourou de vez. O simpático Roman superou o meio bilhão de dólares em contratações. Ninguém (mesmo) sabe ao certo quanto foi pago por Shevchenko. O release do Chelsea é claro: ""O Chelsea está empolgado ao anunciar a contratação de Shevchenko do Milan. É a transferência recorde do Chelsea." Recorde quanto? O anterior era os US$ 48 milhões por Essien? A contratação de Ballack também não teve valores divulgados oficialmente. Antes dessas ""bombas", o Chelsea já era o time com mais atletas na Copa (15, com o corte de Del Horno) com folga. E Drogba deve ficar, Roberto Carlos pode chegar... O Chelsea terá campeão (ões) e artilheiro(s) da Copa, possivelmente. Está comprando a Copa!

A COPA DO CHELSEA 1
Abramovich contratou 27 jogadores para o Chelsea. Dispensou 32 atletas. Gastou com os reforços uns US$ 500 milhões. Recebeu com "negociados" uns US$ 43 milhões. Dos 27 que contratou, um, Neil Sul-livan, veio sem custo. Dos 32 que abriu mão, só cinco deram comprovadamente um retorno financeiro (pelo menos 15 saíram de graça).

A COPA DO CHELSEA 2
Das contratações com valores conhecidos de Abramovich, a mais barata foi a de Jarosik (uns US$ 6 milhões). Veio do CSKA Moscou, clube bancado por Abramovich.

A COPA DO CHELSEA 3
Alemanha, Argentina, Costa do Marfim, França, Gana, Holanda, Inglaterra, Portugal, República Tcheca e Ucrânia têm atleta do Chelsea. Boa Copa para todos!

@ - rbueno@folhasp.com.br


Texto Anterior: Fator campo complica ainda mais Corinthians e Palmeiras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.