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MATINAS SUZUKI JR.
Dói em mim saber
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se
ele deveria ser cortado -ou não.
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se ele
deveria até mesmo ter sido chamado para a seleção da Nike, digo, do Brasil -ou não.
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se ele se
recuperaria a tempo de jogar ainda nesta Copa -ou não.
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se o seu
caso demonstra casos ainda
maiores (de desorganização e de
desunião do comando da seleção
da Nike, digo, do Brasil) -ou
não.
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se ele,
por exemplo, pela metade vale
mais do que um Emerson inteiro
-ou não.
Há e haverá um grande debate
nacional sobre Romário, se cortá-lo, a esta altura do pré-campeonato, seria indiferente -ou
não.
Houve (e ainda haverá no futuro) um grande debate nacional
sobre Romário em 1990, se a seleção, que naquele época não era
da Nike, deveria tê-lo mantido
-ou não.
Houve (e ainda haverá no futuro) um grande debate nacional
sobre Romário em 1994, se ele
ganhou a Copa sozinho -ou
não.
Podem até ter razão aqueles
que, no debate nacional sobre
Romário, encontraram no seu sacrifício um fator de motivação
para ganhar a Copa.
Mas eles jamais verão que o
Brasil, ontem, acordou mais triste. O Brasil, no fundo, no fundo,
sonhava com a dupla Ro-Ro, o
Brasil acalentava a esperança de
ver esse acontecimento com raros
precedentes, uma dupla que correria para o abraço da humanidade neste final de século, uma
dupla que daria alento aos dias
terríveis que passamos por aqui.
Dói em mim saber como cantaria a outra Rô Rô, que promessa
de Ronaldinho e Romário, por
uma retranca do destino que eles
não conseguiram driblar, não se
cumprirá.
Quem, em uma noite enluarada, no sertão do Serra Dourada,
vislumbrou o que poderia ser o
futebol de Ronaldinho e Romário
juntos não poderá jamais se conformar.
Algo já se perdeu, algo já se
quebrou.
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