São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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FUTEBOL
Time ignora suspensão da Fifa e, amparado por liminar, vai ao estádio, mas adversário falta à final do Brasiliense
Acuado, Gama entra sozinho em campo

DA REPORTAGEM LOCAL

Contrariando punição imposta pela Fifa, o Gama entrou, sozinho, em campo ontem à tarde, no segundo jogo da decisão do Campeonato Brasiliense.
Alegando estar obedecendo a determinação da Fifa -segundo a qual todos os times do Brasil e do exterior estão proibidos, pelo menos até setembro, de enfrentar o Gama-, o outro finalista, o Bandeirante, não compareceu ao estádio Bezerrão e perdeu o jogo por W.O.
A decisão do Gama de entrar em campo foi respaldada por uma liminar concedida na última sexta-feira pela Justiça comum do Distrito Federal.
Na última quinta, a Fifa, por intermédio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), suspendeu o Gama de competições nacionais e internacionais. A entidade que comanda o futebol mundial alegou que puniu o Gama porque o clube recorreu à Justiça comum, o que fere os estatutos da federação.
De acordo com a decisão do juiz Jansem Fialho de Almeida, que no dia seguinte concedeu a liminar autorizando as finais, o Bandeirante, por não ter atuado, terá que pagar multa de R$ 100 mil por dia.
O mesmo deverá ocorrer com o Guará, que na preliminar de ontem, pela decisão do Brasiliense de juniores, tomou a mesma atitude do Bandeirante, deixando o Gama sozinho em campo.
O árbitro esperou 30 minutos, como manda o regulamento, e o Gama foi proclamado tricampeão de juniores pela FMF (Federação Metropolitana de Futebol de Brasília). Os jogadores receberam o troféu e deram a volta olímpica.
No caso da decisão do profissional, porém, ainda está previsto um jogo, já que a primeira partida terminou empatada em 1 a 1.
O desfecho do torneio é uma incógnita. O mais provável é que a Fifa ou a FMF tentem cassar a liminar, inviabilizando a conclusão das finais (o último jogo está marcado para o próximo domingo).
Caso não consigam, o Gama voltará a campo e, com um novo W.O., conquistará o inédito tetracampeonato brasiliense.
É possível ainda que o Tribunal da FMF siga o CBDF (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol), que determina a perda de cinco pontos ao time que não comparecer a um jogo, e proclame o Gama campeão sem a necessidade do terceiro confronto.
Embora o Bandeirante alegue estar cumprindo as ordens da Fifa, a ausência do clube estaria associada a um acordo com o Clube dos 13. A associação que reúne os principais clubes do país, adversária do Gama, anunciou que o Bandeirante será um dos clubes do Distrito Federal indicados para a segunda divisão da Copa João Havelange, que deverá substituir neste ano o Brasileiro.
A Folha não conseguiu falar com os dirigentes do Bandeirante.
A iniciativa da Fifa em suspender o Gama teve evidente teor político, já que outros clubes nacionais, como São Paulo, Botafogo e Bahia, utilizando o mesmo artifício do Gama (repassar a terceiros a autoria das ações), também recorreram recentemente à Justiça comum sem sofrer punição.
Para obter a liminar que lhe permitiu jogar, o Gama repetiu a estratégia que o conduziu de volta à primeira divisão do Brasileiro. O clube não encabeçou a ação, mas utilizou um partido político como testa-de-ferro. Desta vez foi o PTB (antes fora o PFL).
O Gama está preparando a sua defesa para entrar com ação na Justiça comum de Zurique (Suíça), onde está a sede da Fifa.
O clube contratou o advogado Max Roseman, o mesmo que defendeu o Flamengo em processo em Zurique em 1992. (FV)


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