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POR QUÊ?
Ministro influencia na passagem da seleção por Brasília
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de
levar a seleção pentacampeã
ao Planalto ontem foi tomada
na última hora, depois de uma
série de negociações e sob um
compromisso do governo: não
fazer uso político do momento
e das imagens.
Dirigentes, comissão técnica
e jogadores estavam ressentidos com Fernando Henrique
Cardoso por não terem recebido apoio nos momentos difíceis. O presidente chegou a defender a convocação do atacante Romário quando o grupo se julgava no fundo do poço
e só enviou telegrama antes da
semifinal contra a Turquia.
A discussão sobre a ida da seleção a Brasília envolveu todos
os partidos ligados aos cartolas
do futebol. A avaliação era que
seria injusto beneficiar só os
tucanos com a festa da vitória.
Melhor seria, no caso, ir ao
Congresso, que tem representantes de todas as correntes.
Venceu o receio da CBF de
que a recusa de levar a seleção
ao Planalto soasse para a população como vingança contra
as CPIs da Nike e do Futebol e
a medida provisória de moralização do esporte.
Em 94, a seleção enfrentou o
"escândalo da muamba", e,
quatro anos mais tarde, a suspeita de que teria perdido da
França na final devido a um
acordo com a Nike. Ricardo
Teixeira não queria passar por
situação semelhante.
O intermediário decisivo foi
o ministro Sérgio Amaral (Desenvolvimento), que se aproximou de Ricardo Teixeira
quando era embaixador em
Londres. Foi Amaral quem telefonou para o presidente da
CBF formalizando o convite
para a seleção brasileira ir até a
capital nacional.
Um telefonema direto do
próprio FHC selou definitivamente o acordo.
Conforme a Folha apurou, o
principal argumento de Amaral na conversa foi: "É preciso
ser magnânimo na vitória".
"Ninguém quer introduzir
uma variável política numa
festa que é popular. Quem tentasse sairia perdendo", disse
anteontem o secretário de Comunicação, João Roberto Vieira da Costa.
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