São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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TÊNIS

Após fugir de Chernobyl, mudar para um país estranho e ficar separada da mãe aos 9 anos, Sharapova encara Serena

Cinderela estrela decisão de Wimbledon

DA REPORTAGEM LOCAL

A quadra central de Wimbledon vê hoje, às 10h, na final feminina mais um capítulo de uma história digna de Cinderela.
"Sou uma garota normal com uma vida extraordinária", declarou a russa Maria Sharapova, 17, que disputa o título com a americana Serena Williams, 22.
Aos dois anos, a família de Sharapova decidiu deixar a Sibéria, onde ela havia nascido, com medo de possíveis conseqüências do acidente nuclear em Chernobyl.
Ela começou a bater bola aos quatro anos. A raquete que ela usava era de Ievguêni Kafelnikov, primeiro russo a chegar ao topo do ranking. Seu pai, Yuri Sharapov, era amigo do pai de Kafelnikov, contra quem costumava jogar valendo cerveja.
Aos seis anos, Sharapova foi "descoberta" em uma clínica em Moscou pela maior campeã de Wimbledon, Martina Navratilova, que aconselhou o pai da garota a levá-la aos EUA.
O pai seguiu a recomendação e aos nove ela se separou da mãe, que teve problemas com o visto e de quem ficaria distante por dois anos, para viver em um país estranho, sem falar o idioma local.
Yuri acompanhou Sharapova, mas com apenas US$ 700 no bolso, precisou arranjar um emprego em uma academia de tênis.
Ela, que disse ter aprendido inglês em quatro meses, ficou morando com tenistas mais velhas, que a acordavam no meio da noite e bagunçavam sua cama para que ela fosse punida.
"Eu sabia que poderia conquistar muitas coisas se trabalhasse duro e acreditasse em mim, mas nunca esperei que isso acontecesse tão cedo", disse a russa, que é a segunda mais jovem a chegar à final na Era Aberta (desde 1968).
Por tudo isso, pela beleza (contra sua vontade é constantemente comparada com Anna Kournikova) e por estar em sua primeira decisão de um Grand Slam, Sharapova deve ser a favorita do público hoje em Londres.
"A torcida sempre apóia o azarão, pelo menos quando eu jogo. E eu nunca sou o azarão", declarou Serena, que busca o terceiro título de Wimbledon -a última a conquistar o feito foi a alemã Steffi Graf, entre 1991 e 1993.
Além disso, Serena tenta manter o domínio da família Williams em Wimbledon. Sua irmã Venus levantou o troféu em 2000 e 2001.
Será o segundo confronto entre as duas tenistas. O primeiro aconteceu em março, no Torneio de Miami, e Serena marcou 6/4 e 6/3.


Com agências internacionais

NA TV - Final feminina de Wimbledon, ao vivo, às 10h, na Sportv


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