São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

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FUTEBOL

"Vai Atlético-PR"

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do "Vai Robinho" e do "Vai Rogério", é a vez do Atlético-PR, a sensação da Libertadores. Passaram-se já quase quatro temporadas depois da final do Brasileiro de 2001, quando escrevi, não nesta coluna de futebol internacional, uma ressonante reportagem sobre a inesperada decisão entre o rubro-negro curitibano e o São Caetano. Destaquei na época que a decisão era a menor do Nacional tendo como base a pequena capacidade de público da Arena da Baixada e do Anacleto Campanella -menos de 60 mil pessoas viram aquelas finais somando os dois jogos.
Dezenas de atleticanos me escreveram revoltados, muitos faltando com a educação (para não dizer o pior) e cobrando minha saída da Folha porque eu teria "diminuído" o time que conquistaria ali seu primeiro Brasileiro.
Fui alvo de corrente na internet bancada por torcida organizada, recebi ameaças até de morte e parece que nesses anos todos, em que o Atlético-PR se engrandeceu ainda mais, outros jornalistas sofreram perseguição semelhante por, uma ou outra vez, não serem tão elogiosos ao Furacão quanto parte de sua torcida gostaria.
Poucos clubes no país têm sido tão elogiados pela mídia nacional quanto o ousado campeão paranaense. Estádio moderno, ótimo CT, belo trabalho nas divisões de base, uniforme bacana, torcida bonita... O Atlético-PR ganhou merecidamente seu espaço entre os grandes do futebol nacional e é muito respeitado, agora até no exterior (por isso ganhou esta coluna). Só não entendo por que alguns de seus fãs mostram tanta raiva quando o time mais brilha, como agora -já vejo e-mails desrespeitosos ou meio ameaçadores porque a Arena da Baixada fora vetada para a grande decisão.
Ok, todo torcedor fanático sempre acha que o seu time é o melhor de todos em tudo e costuma ostentar mania de perseguição, achando que o mundo está contra sua equipe. Além de eu não ter nada contra o Atlético-PR, aproveito o espaço para mostrar como o time rubro-negro se inseriu de vez no futebol internacional com a heróica campanha na Libertadores deste ano (o Furacão já tinha erguido importante taça no exterior em categoria de base).
Título nacional são muitos os times que possuem, mas conquistas relevantes internacionais são poucos -só dez times do país pentacampeão chegaram a uma final de Libertadores. O Furacão figura hoje na 31ª posição no ranking mundial da IFFHS e foi eleito o clube do mês de junho pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol. Mesmo que seja vice da Libertadores, passará a integrar o já tradicional Ranking Folha do Futebol Mundial, que nasceu nesta coluna -o Atlético-PR largará no Top 100 dessa lista histórica.
No ranking da Conmebol para os clubes brasileiros, já ganhou duas posições pela atual campanha (hoje é o 13º, com 56 pontos) e pode fechar o ano como campeão mundial e com 140 pontos na lista da Sul-Americana. O Furacão já virou Huracán e caminha para ser Hurricane. Que esses fortes ventos mundo afora não espalhem ódio, rancor e frustração.

"Vai Arena da Baixada"
Não é de hoje que os atleticanos lutam para poder concluir o seu estádio. E não é de agora que o regulamento da Libertadores é exigente em decisões. O São Caetano, o outro finalista do Brasileiro-2001, decidiu contra o Olimpia no Pacaembu. Santos e Palmeiras fizeram finais do nobre torneio não faz muito tempo no Morumbi. Montar arquibancada às pressas para a final não condiz com a fama do time paranaense de zelar pelo conforto e pela segurança dos torcedores.

"Vai Brasil"
A primeira final brasileira da Libertadores não só quebra um jejum de títulos do país neste século como garante em 2006 a participação recorde de um país no torneio. Serão seis representantes do Brasil na disputa: Paulista, Atlético-PR ou São Paulo e quatro pelo Brasileiro.

E-mail: rbueno@folhasp.com.br


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