São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Filho de Onaireves Moura explora comércio em estádio onde o Brasil faz treinos em troca de uniformes e bolas
Chefe da delegação intermedeia pirataria

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Ônibus de Guilherme Moura, filho de Onaireves, chefe da delegação brasileira, vende produtos esportivos piratas da seleção, em Foz do Iguaçu


dos enviados a Foz do Iguaçu


Em troca de um jogo de camisas e de meia dúzia de bolas, Onaireves Moura, chefe da delegação brasileira na Copa América, obteve autorização para colocar a loja-móvel da Football Mania, que pertence a seu filho Guilherme, dentro do estádio do ABC, onde treina o Brasil.
Dentro do ônibus, que funciona como loja, são vendidos diversos artigos esportivos, incluindo camisas piratas da seleção brasileira.
A mais barata, da marca Forty, custa R$ 10,00. A Replay, cuja diferença é o distintivo bordado da Confederação Brasileira de Futebol, sai pelo dobro do preço.
A oficial, fabricada pela Nike, que assinou contrato de dez anos de patrocínio com a CBF, com vencimento em 2006, custa R$ 59,00.
Procurados pela Folha, Onaireves e Guilherme Moura não responderam às seis ligações feitas pela reportagem.
Em Curitiba, um funcionário da empresa, que não quis se identificar, limitou-se a dizer que ela vende produtos não licenciados da seleção para atender aos torcedores que não podem pagar R$ 59,00 pela camiseta da Nike.
De segunda-feira até o meio-dia de ontem, das camisetas da seleção que a Football Mania havia vendido em Foz do Iguaçu, aproximadamente 50% eram as piratas da Replay, de R$ 20,00. As da Forty respondiam por 40% das vendas, enquanto as oficiais da Nike representavam apenas 10%.
Os funcionários da loja, no entanto, negaram-se a divulgar os números absolutos.
Comercializando dentro do estádio tanto produtos oficiais quanto piratas, a Football Mania irritou os ambulantes de Foz.
Reclamando de concorrência desleal, os ambulantes acabaram deixando de vender na porta do estádio da cidade.
""O torcedor entra correndo para ver o treino e não compra da gente. É muito mais fácil vender lá dentro do que aqui fora", protestava o camelô Márcio Resende da Silva. ""Já nos tiraram da Ponte da Amizade. Não é justo nos prejudicarem aqui também", completou.
Segundo Ademir Flor, presidente do ABC Futebol Clube, a permissão para que o ônibus entrasse no estádio foi uma troca de favores com o chefe da delegação brasileira, que também responde pela presidência da Federação Paranaense de Futebol.
""Ele prometeu nos brindar com um jogo de uniformes e algumas bolas. Para nós, o que vier é lucro. Não é fácil administrar time amador no Brasil. Ou o cara é louco ou é um abnegado. E tem de atirar mesmo para todos os lados."
(ALEXANDRE GIMENEZ e JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)

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