São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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Real Madrid afirma que foi contatado por representante do atacante, descontente na Inter

Penta, Ronaldo procura emprego

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro foi Rivaldo, agora é Ronaldo. Os dois principais jogadores do Brasil na conquista do penta devem começar o segundo semestre em novos ares.
Enquanto o meia-atacante trocou o Barcelona pelo Milan, o artilheiro da Copa quer deixar a Inter de Milão para defender o Real Madrid. Faria o caminho inverso do de seu companheiro na seleção, indo da Itália para a Espanha.
Segundo o argentino Jorge Valdano, diretor do Real, em reunião que ele próprio teve com Alexandre Martins, empresário de Ronaldo, ficou claro o interesse do atleta brasileiro em sair da Inter.
""A reunião aconteceu, sim", disse o dirigente à Folha, por telefone, ""mas só iremos levar as negociações adiante se ele [Ronaldo" e a Inter encerrarem suas relações em paz". ""Nós não estamos nos intrometendo [no vínculo do atacante com o time de Milão", apenas fomos procurados por eles [assessores de Ronaldo" e aceitamos conversar."
De acordo com Valdano, existe um pacto entre o G14, grupo que reúne 14 dos principais clubes da Europa, de um time não tentar tirar jogadores do outro, a fim de evitar o aumento do valor a ser pago pela transferência.
Ele se negou a comentar os valores envolvidos na possível contratação do atacante.
Procurados por telefone pela Folha, Alexandre Martins e Reinaldo Pitta, empresários de Ronaldo, e Rodrigo Paiva, assessor de imprensa, não foram encontrados para comentar o assunto.
O caso do brasileiro, que terminou o Mundial de 2002 como herói, marcando oito gols, dois dos quais na decisão, contra a Alemanha, é parecido com o de Rivaldo.
Assim como o meia-atacante não se dava com Louis van Gaal, técnico do Barcelona, Ronaldo tem problemas com Héctor Cuper, argentino que dirige a Inter.
No primeiro semestre, não teria gostado de ficar na reserva em algumas partidas em que achava ter condições de jogar.
Também teria ficado insatisfeito com o fato de o uruguaio Recoba e o atacante Vieri, que como Ronaldo antes da Copa vinha enfrentando problemas de contusão, ganharem salários mais altos do que o dele.
Logo depois do Mundial, atendendo a pedido da direção da Inter, o trio aceitou redução em seus vencimentos entre 5% e 10%.
Foi a segunda vez que o atleta concordou em ganhar menos. Entre 1997 e 2000, seu salário era de US$ 6 milhões por ano, mas a partir do ano passado, quando sofreu a segunda contusão grave no joelho direito, passou a receber US$ 4,5 milhões anuais.
Nada mau para um jogador que aos 16 anos, como profissional do São Cristóvão, recebia como salário a passagem de ônibus e um guaraná por gol marcado, mas pouco para o mais badalado jogador do mundo, especialmente depois da Copa Coréia/Japão, ainda mais se seu salário for comparado com os cerca de US$ 5,2 milhões recebidos por Recoba e Vieri.
Eleito o melhor jogador do mundo em 1996, com 20 anos, voltou a ser o vencedor no escrutínio da Fifa -tornando-se o único atleta a conseguir a reeleição.
Depois do fiasco na final da Copa de 1998, quando sofreu uma crise nervosa momentos antes da decisão contra a França e das contusões em 1999 e 2000 que o deixaram cerca de dois anos longe dos gramados, voltou com tudo no primeiro Mundial asiático.
E agora, aparentemente, não quer deixar a oportunidade de voltar para a Espanha, onde já defendeu o Barcelona e foi campeão da Recopa européia, passar.


Com agências internacionais


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