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FUTEBOL
Fundo receberia sempre que time jogasse em novo estádio, na Raposo
Acordo obriga Corinthians
a pagar aluguel ao HMTF
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Mantido sob sigilo desde a sua
assinatura, em abril de 1999, o
contrato firmado entre Corinthians e o fundo de investimento
norte-americano HMTF (Hicks,
Muse, Tate & Furst) vazou ontem
por meio de advogados ligados à
oposição do clube. Uma das cláusulas proibia a divulgação dos termos à imprensa.
Entre os termos do contrato, de
cerca de cem páginas e que na
prática não existe mais, há um
que obrigaria o time do Parque
São Jorge a pagar uma espécie de
aluguel ao fundo quando os jogos
do clube fossem realizados em
seu suposto "novo estádio".
"A sociedade do estádio e o Licenciado [HMTF" deverão celebrar um contrato de locação a
longo prazo para o uso do novo
estádio pelo time, estipulando
que o pagamento pela locação
corresponderá ao valor de mercado (...) esse valor será sempre suficiente para assegurar o financiamento e os custos operacionais do
estádio", diz uma das cláusulas.
O Corinthians seria obrigado a
atuar em seu "novo estádio" em
todas as partidas de seu mando,
inclusive os clássicos.
O contrato, a que a Agência Folha teve acesso, foi localizado em
um cartório de registros de títulos
do Rio de Janeiro por advogados
ligados à ex-presidente do clube
Marlene Matheus, viúva de Vicente Matheus, morto em 1997.
Marlene, opositora da administração Alberto Dualib, distribuiu
cópias do contrato para as principais torcidas organizadas do time
-Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Pavilhão 9.
"Estamos aqui [na casa de Marlene" apenas para colocar a mão
no contrato. Sabemos que a Marlene é da oposição, mas nós [os
torcedores" não seremos usados
politicamente por ela nesse momento histórico do clube", disse
Douglas Deungaro, conselheiro e
ex-presidente da Gaviões.
Até então, a diretoria corintiana
evitava falar sobre o teor do contrato entre as partes, enquanto os
torcedores insistiam na tese de
que o presidente Alberto Dualib
havia assinado o documento na
"calada da noite", sem o devido
conhecimento do Conselho Deliberativo do clube.
Outro termo do contrato afirma
que um suposto julgamento
(conflito de interesses entre as
parte) deveria ser realizado em
Nova York (EUA), cidade sede do
HMTF. Todos os termos do julgamento seriam levados e interpretados em língua inglesa.
No acordo, o HMTF se compromete a custear os R$ 30 milhões do orçamento do departamento de futebol em 1999. Nos
anos seguintes, o fundo poderia
diminuir esse valor de acordo
com suas necessidades. Na prática, o HMTF poderia enxugar todos os custos do clube.
Colaboraram Eduardo Arruda e Ricardo Perrone, da Reportagem Local
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