São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Fundo receberia sempre que time jogasse em novo estádio, na Raposo

Acordo obriga Corinthians a pagar aluguel ao HMTF

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Mantido sob sigilo desde a sua assinatura, em abril de 1999, o contrato firmado entre Corinthians e o fundo de investimento norte-americano HMTF (Hicks, Muse, Tate & Furst) vazou ontem por meio de advogados ligados à oposição do clube. Uma das cláusulas proibia a divulgação dos termos à imprensa.
Entre os termos do contrato, de cerca de cem páginas e que na prática não existe mais, há um que obrigaria o time do Parque São Jorge a pagar uma espécie de aluguel ao fundo quando os jogos do clube fossem realizados em seu suposto "novo estádio".
"A sociedade do estádio e o Licenciado [HMTF" deverão celebrar um contrato de locação a longo prazo para o uso do novo estádio pelo time, estipulando que o pagamento pela locação corresponderá ao valor de mercado (...) esse valor será sempre suficiente para assegurar o financiamento e os custos operacionais do estádio", diz uma das cláusulas.
O Corinthians seria obrigado a atuar em seu "novo estádio" em todas as partidas de seu mando, inclusive os clássicos.
O contrato, a que a Agência Folha teve acesso, foi localizado em um cartório de registros de títulos do Rio de Janeiro por advogados ligados à ex-presidente do clube Marlene Matheus, viúva de Vicente Matheus, morto em 1997.
Marlene, opositora da administração Alberto Dualib, distribuiu cópias do contrato para as principais torcidas organizadas do time -Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Pavilhão 9.
"Estamos aqui [na casa de Marlene" apenas para colocar a mão no contrato. Sabemos que a Marlene é da oposição, mas nós [os torcedores" não seremos usados politicamente por ela nesse momento histórico do clube", disse Douglas Deungaro, conselheiro e ex-presidente da Gaviões.
Até então, a diretoria corintiana evitava falar sobre o teor do contrato entre as partes, enquanto os torcedores insistiam na tese de que o presidente Alberto Dualib havia assinado o documento na "calada da noite", sem o devido conhecimento do Conselho Deliberativo do clube.
Outro termo do contrato afirma que um suposto julgamento (conflito de interesses entre as parte) deveria ser realizado em Nova York (EUA), cidade sede do HMTF. Todos os termos do julgamento seriam levados e interpretados em língua inglesa.
No acordo, o HMTF se compromete a custear os R$ 30 milhões do orçamento do departamento de futebol em 1999. Nos anos seguintes, o fundo poderia diminuir esse valor de acordo com suas necessidades. Na prática, o HMTF poderia enxugar todos os custos do clube.


Colaboraram Eduardo Arruda e Ricardo Perrone, da Reportagem Local


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