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MOTOR
Auto-estima
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Empresário e piloto dizem
que não vai acontecer. Mas
não seria surpreendente em uma
temporada cheia de escândalos.
Felipe Massa poderia ser obrigado a ceder seu posto na Sauber
para Heinz-Harald Frentzen já
em Hungaroring. De festejado estreante a refugo em seis meses.
Uma Sauber dispensar um
Massa é algo bem distante de
uma Minardi dispensar um piloto malaio inepto, que está no time
apenas por desejo do patrocinador e que consegue não se classificar para três GPs -mesmo a bordo daquele carro preto horroroso,
um feito digno de nota.
Pior, dispensar um Massa para
colocar um Frentzen no lugar é
mais do que escandaloso. O alemão, que foi alguma coisa quando corria de kart contra Schumacher, perdeu-se na F-1, desperdiçou grande chance na Williams e
andou perambulando por equipes médias para de novo bater à
porta do amigo Peter Sauber.
(Frentzen, aliás, era o seu preferido nos tempos que a Mercedes
empurrava o time no Mundial de
Marcas; a montadora, por seu
turno, resolveu apostar no segundo piloto, um tal de Michael
Schumacher; questão de foco.)
Mas o pior de tudo mesmo é
constatar que Massa vem cumprindo uma temporada bastante
razoável em um time apenas regular. Ou seja, não haveria motivo sensato sequer para cogitar
uma troca por um companheiro
mais velho, menos motivado e
que já perdeu várias chances de
mostrar serviço. Sauber deveria
vir a público e negar tudo.
Pelo contrário, em entrevista à
"Autosport", afirmou que só aceitaria Frentzen se o piloto aceitasse correr também em 2003 pela
escuderia. Apenas por esse comentário inconveniente, o suíço
já seria merecedor de críticas.
Resta aguardar que o chefe de
equipe não cometa essa estupidez
e que Massa, um garoto, não se
deixe influenciar. No último domingo, fez bem ao reclamar da
ordem/marmelada da equipe,
que lhe privou do sexto posto e de
mais um ponto no Mundial, mesmo sabendo que isso causaria
uma crise no time e que os boatos
sobre a saída de Frentzen da Arrows não eram apenas boatos -o
alemão deixou ontem o time.
Massa, ao contrário de Barrichello, parece contar ainda com
aquela blindagem invisível que
certos esportistas ganham do público por algum motivo qualquer.
O ferrarista, após tantos reveses,
ganha a simpatia apenas quando
vence, não quando perde ou pelo
menos tenta, como se tivesse obrigação de vencer -a verdade é
que agora ele a tem mesmo.
O garoto paulistano que trata
Botucatu como sua cidade natal
não é favorito, não tem o melhor
carro, mas tenta fazer alguma
coisa. E as pessoas, de uma maneira ou de outra, percebem isso.
Barrichello, preferem dizer, é azarado, zicado. São expectativas e
tratamentos diferentes.
O que une os dois é apenas o
país, que ainda espera um herói
das pistas, como aqueles que tínhamos anos atrás. Que, se um
dia se submeteram a proferir desmentidos, o fizeram de uma posição bem diferente. E que dificilmente acatariam ordens absurdas pelo rádio -Piquet, lembre-se, ganhou um título contra o
companheiro, Mansell, e contra o
próprio time, a Williams.
Vivemos outros tempos, torcemos por outros pilotos, acompanhamos outra F-1. Não é fácil.
Da Matta x Toyota
A história de que o líder da Indy vai correr pela montadora japonesa no ano que vem ganhou corpo na Europa. A "Autosport" dá como certa a negociação, que seria anunciada em duas semanas. Indagado, Cristiano fez o certo, não confirmou nem negou, fez apenas os elogios de praxe para a Toyota. Segundo a revista inglesa,
falta apenas Carl Haas concordar em baixar um pouco o valor da
rescisão do contrato, que retém o piloto até 2003. Se está longe ainda de se transformar em um grande time, pelo menos a escuderia
japonesa demonstra disposição para deixar de ser nanica.
Ford x Jaguar
Dizem que a gigante norte-americana vai abastecer a Jordan e correr contra a subsidiária Jaguar a partir da próxima temporada, em
uma tentativa inusitada de imprimir sua marca nas pistas. Honestamente, não faz nenhum sentido. Essa história está mal explicada.
Era muito mais fácil trocar a cor e marca do carro de Irvine, não?
E-mail mariante@uol.com.br
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