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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Debandada de jogadores para o exterior faz Teixeira mudar de opinião

Agora, CBF admite adaptar seu calendário ao europeu

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Depois de ignorar proposta do governo FHC de adequar o calendário do futebol brasileiro ao europeu, a CBF mudou de idéia.
Avalia que foi um erro não seguir o modelo da Europa e tentará mudar as datas de início e fim dos próximos torneios nacionais.
À Folha, o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, disse que seu próximo objetivo é fazer o Brasileiro ser disputado de agosto a abril. "Vamos colocar o Nacional na mesma época dos europeus. Podemos perfeitamente fazer uma temporada. Esse é o próximo passo na modernização do futebol brasileiro", disse Teixeira, por telefone, dos Estados Unidos.
O principal motivo para a decisão da CBF está no desmanche dos clubes com o torneio de 2003 ainda em andamento. Quase todos os grandes times tiveram baixas após a abertura do mercado europeu, em junho.
O Corinthians perdeu Fábio Luciano, Jorge Wagner, Leandro e Lucas. O Santos vendeu Ricardo Oliveira. O São Paulo, Júlio Baptista. Deivid (Cruzeiro) e Robson (Paysandu), dois dos principais artilheiros do torneio, também aceitaram propostas do exterior e deixaram seus clubes na mão.
Com o Brasileiro disputado de agosto a abril, o problema do desmanche estaria resolvido. Os mercados brasileiro e externo ficariam abertos na mesma época.
O resultado da debandada, aliada à diminuição do público nos estádios, deu argumentos para que os defensores do sistema mata-mata pedissem o fim dos pontos corridos já em 2004. São os casos de Vasco e Corinthians, que, longe do pelotão da frente, vêem minguar suas receitas e chances de conquistar o título.
A debandada de atletas encontra ressonância na CBF. "Você há de convir que a saída de vários jogadores durante o Nacional não é uma coisa boa. Temos que, ao fim do campeonato, fazer um balanço dos acertos e erros e procurar melhorar", afirmou o cartola.
Outro problema que se agrava com o atual modelo acontecerá nos anos pares, quando são disputados os principais eventos esportivos do planeta, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Nos anos de Copa, por exemplo, o Nacional de nove meses teria que ser suspenso em maio.
No plano político, a mudança traria frutos para Teixeira. A confecção de um único calendário de âmbito planetário é uma das principais metas do suíço Joseph Blatter, a quem o brasileiro sonha suceder na presidência da Fifa.
Um dos argumentos da CBF para ainda não ter implantado o sistema europeu é uma resolução do extinto Conselho Nacional do Desporto, que exige que as férias dos atletas comecem na segunda quinzena de dezembro.
O problema é que a resolução 5/84 já foi revogada há cinco anos, com a regulamentação da Lei Pelé em 29 de abril de 1998.


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