São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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BOXE

Insurreição cubana

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Estava tudo armado para Cuba perder em Atenas a hegemonia no pugilismo olímpico.
Sob o comando do autoritário (mas competente) Alcides Sagarra, os cubanos deixaram a Grécia com cinco medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze.
Dentro do cenário político, o principal golpe sofrido pelo país foi o fato de a ilha ter perdido sua cadeira na direção da Associação Internacional de Boxe Amador.
Teria sido uma represália pelo fato de Cuba ter se rebelado contra a Aiba durante o Mundial de Houston-1999 por sentir que foi prejudicada pelos jurados. O país classificou de ""corrupta" a arbitragem e abandonou o torneio.
Os cubanos já haviam contestado diversas decisões desfavoráveis a seus boxeadores, mas o estopim foi quando o meio-médio (até 67 kg) Juan Hernández dominou o russo Timour Gaidalov, porém, segundo a decisão dos árbitros, perdeu o combate aos pontos.
Depois de todo o barulho feito por Cuba, a Aiba, fora de suas características, até voltou atrás, revertendo a decisão. No entanto, os cubanos, orgulhosos, não arredaram pé e fizeram as malas.
Curiosamente quem deu início ao levante foi o ídolo Félix Savón, sucessor de Teófilo Stevenson no coração do povo cubano, que disputaria seu sétimo mundial contra o americano Michael Bennett.
No ringue, Cuba também passou a padecer tecnicamente. Em Belfast-2001, Cuba foi campeã em sete categorias (de 12 possíveis).
Porém em 2003 foi superada, por pouco, pelos russos no Mundial de Bancoc, na Tailândia. Empataram em ouros, entretanto as outras medalhas definiram a vitória da Rússia como seleção.
Mais recentemente, para os Jogos de Atenas-2003, provavelmente como uma outra represália pelo ato de revolta, houve determinação da Aiba para que os boxeadores da ilha voltassem a participar das seletivas olímpicas -anteriormente, por conta de seu domínio, Cuba tinha ida garantida para os Jogos Olímpicos.
Com todos esses fatores trabalhando para um fracasso cubano, seus boxeadores mostraram que não perderam sua hegemonia nos ringues amadores. Ao contrário, deixaram o melhor para o final.
 
Ironicamente, os EUA, embora tenham disputado somente uma decisão olímpica, deixaram a Grécia com motivo para sorrir.
Fizeram um campeão em Atenas, depois de terem deixado os Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, sem nenhuma medalha de ouro pela primeira vez desde 48.
Foi o meio-pesado (até 81 kg) Andre Ward, que superou Magomed Aripgadjiev, de Belarus.
Os EUA já vinham amargando desempenhos pífios de longa data. Em Barcelona-1992, os EUA produziram apenas um ouro: o então-leve (até 60 kg) Oscar de la Hoya, que justamente por ter sido o único americano campeão olímpico na Espanha conquistou o apelido de ""Golden Boy".
Quatro anos depois, na Olimpíada de Atlanta-96, somente David Reid, que viria a ser campeão dos médios-ligeiros no profissionalismo, foi campeão nos Jogos vestindo as cores dos EUA.

Programação 1
O campeão unificado (CMB, AMB e FIB) dos meio-médios, Cory Spinks, dos EUA, defende amanhã sua coroa tríplice contra o desafiante mexicano e ex-campeão Miguel Angel Gonzalez, nos EUA.

Programação 2
No mesmo programa, o novo campeão dos pesados da OMB, Lamon Brewster, que desbancou Wladimir Klitschko, faz sua primeira defesa de título contra o desafiante Kali Meehan, em 12 assaltos.

Programação 3
No dia seguinte, o britânico Johnny Nelson, que já foi vítima do peso-pesado brasileiro Adilson "Maguila" Rodrigues, enfrenta Rüdiger May, em defesa do cinturão dos cruzadores da OMB, na Alemanha.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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