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BOXE
Insurreição cubana
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Estava tudo armado para
Cuba perder em Atenas a hegemonia no pugilismo olímpico.
Sob o comando do autoritário
(mas competente) Alcides Sagarra, os cubanos deixaram a Grécia
com cinco medalhas de ouro,
duas de prata e uma de bronze.
Dentro do cenário político, o
principal golpe sofrido pelo país
foi o fato de a ilha ter perdido sua
cadeira na direção da Associação
Internacional de Boxe Amador.
Teria sido uma represália pelo
fato de Cuba ter se rebelado contra a Aiba durante o Mundial de
Houston-1999 por sentir que foi
prejudicada pelos jurados. O país
classificou de ""corrupta" a arbitragem e abandonou o torneio.
Os cubanos já haviam contestado diversas decisões desfavoráveis
a seus boxeadores, mas o estopim
foi quando o meio-médio (até 67
kg) Juan Hernández dominou o
russo Timour Gaidalov, porém,
segundo a decisão dos árbitros,
perdeu o combate aos pontos.
Depois de todo o barulho feito
por Cuba, a Aiba, fora de suas características, até voltou atrás, revertendo a decisão. No entanto,
os cubanos, orgulhosos, não arredaram pé e fizeram as malas.
Curiosamente quem deu início
ao levante foi o ídolo Félix Savón,
sucessor de Teófilo Stevenson no
coração do povo cubano, que disputaria seu sétimo mundial contra o americano Michael Bennett.
No ringue, Cuba também passou a padecer tecnicamente. Em
Belfast-2001, Cuba foi campeã em
sete categorias (de 12 possíveis).
Porém em 2003 foi superada,
por pouco, pelos russos no Mundial de Bancoc, na Tailândia.
Empataram em ouros, entretanto
as outras medalhas definiram a
vitória da Rússia como seleção.
Mais recentemente, para os Jogos de Atenas-2003, provavelmente como uma outra represália pelo ato de revolta, houve determinação da Aiba para que os
boxeadores da ilha voltassem a
participar das seletivas olímpicas
-anteriormente, por conta de
seu domínio, Cuba tinha ida garantida para os Jogos Olímpicos.
Com todos esses fatores trabalhando para um fracasso cubano,
seus boxeadores mostraram que
não perderam sua hegemonia nos
ringues amadores. Ao contrário,
deixaram o melhor para o final.
Ironicamente, os EUA, embora
tenham disputado somente uma
decisão olímpica, deixaram a
Grécia com motivo para sorrir.
Fizeram um campeão em Atenas, depois de terem deixado os
Jogos Olímpicos de Sydney, em
2000, sem nenhuma medalha de
ouro pela primeira vez desde 48.
Foi o meio-pesado (até 81 kg)
Andre Ward, que superou Magomed Aripgadjiev, de Belarus.
Os EUA já vinham amargando
desempenhos pífios de longa data. Em Barcelona-1992, os EUA
produziram apenas um ouro: o
então-leve (até 60 kg) Oscar de la
Hoya, que justamente por ter sido
o único americano campeão
olímpico na Espanha conquistou
o apelido de ""Golden Boy".
Quatro anos depois, na Olimpíada de Atlanta-96, somente David Reid, que viria a ser campeão
dos médios-ligeiros no profissionalismo, foi campeão nos Jogos
vestindo as cores dos EUA.
Programação 1
O campeão unificado (CMB, AMB e FIB) dos meio-médios, Cory
Spinks, dos EUA, defende amanhã sua coroa tríplice contra o desafiante mexicano e ex-campeão Miguel Angel Gonzalez, nos EUA.
Programação 2
No mesmo programa, o novo campeão dos pesados da OMB, Lamon
Brewster, que desbancou Wladimir Klitschko, faz sua primeira defesa de título contra o desafiante Kali Meehan, em 12 assaltos.
Programação 3
No dia seguinte, o britânico Johnny Nelson, que já foi vítima do peso-pesado brasileiro Adilson "Maguila" Rodrigues, enfrenta Rüdiger
May, em defesa do cinturão dos cruzadores da OMB, na Alemanha.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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