São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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JUCA KFOURI

Antônio Ermírio, presidente

Que o Lula não se preocupe. Aqui a coisa é muito séria. Estou me referindo é à presidência do Corinthians

PAREI PARA pensar.
Faço isso, às vezes, por mais que não pareça. Dói um pouco, é verdade. Mas dá resultado, também às vezes.
Como agora. Depois de muito matutar sobre a crise corintiana, acredito que achei uma solução.
E, como é freqüente, estava na cara, quase aqui mesmo, ali ao lado, na página 2 desta Folha, meu companheiro colunista, Antônio Ermírio de Moraes.
Sim, ele não gostará nem um pouco do que lerá aqui, mas é a solução para o Corinthians. Corintiano, conselheiro vitalício do clube há décadas, já fez tudo o que podia na vida, com sucesso. Entre uma coluna e outra neste jornal, ainda escreve peças de teatro e, nas horas de folga, comanda o Grupo Votorantim.
Não é pouca coisa, convenhamos. Principalmente se somarmos ao trabalho que também desenvolve, não é de hoje, na Beneficência Portuguesa, complexo hospitalar que tratou de salvar, com louvor.
Na flor da idade, aos 78 anos, poderia muito bem estabelecer uma meta para quando completar a marca espetacular dos 80, com lucidez e competência: ter salvado o glorioso SC Corinthians Paulista.
Um nome acima de quaisquer suspeitas, realizado, incapaz de se envolver com nebulosas transações ou se cercar de gente de má qualidade, que só pensa em se aproveitar do clube.
Claro que há outros corintianos ilustres, mas nenhum deles com as características do caro colega colunista Antônio Ermírio. Dom Paulo Evaristo Arns, por exemplo, seria outro. Mas está com a saúde um pouco debilitada e seria demais pedir a ele, depois do tanto que já fez, um milagre deste porte: salvar o Corinthians de seus demônios.
Washington Olivetto é ainda muito jovem para a empreitada, comporia maravilhosamente a equipe de Antônio Ermírio, como fez com brilho, por sinal, nos tempos dourados, para o alvinegro, da Democracia Corintiana.
Imagino um executivo do porte de Antônio Ermírio na presidência do Corinthians.
Trataria de fazer uma radiografia imediata da situação. Constataria que a parte social do clube atrapalha o futebol, que é o que interessa à esmagadora maioria dos corintianos, e as separaria. Daria, ao futebol profissional, tratamento profissional. Com gente paga, bem paga dada a grandeza, importância e potencial de rentabilidade de um Corinthians, muito maior que muitas poderosas multinacionais que estão por aí.
E cobraria, exigiria resultados, contrataria e demitiria por méritos ou falta deles, jamais por politicagem rasteira.
E premiaria, bonificaria, aqueles que atingissem suas metas ou as superassem, como é de lei. Jamais estimularia sentimentos xenófobos, porque sabe bem o valor de um Borges, de um Piazzolla, de um Maradona.
Além do mais, pavimentaria (e quem sabe pavimentar como ele?) a estrada do primeiro centenário corintiano, em 2010, sem o risco de vê-lo na segunda divisão. Risco que o time tem corrido permanentemente, com espasmos de sucesso aqui ou ali, sabem Deus e a Fiel como.
Parece claro que o Corinthians não pode ficar como está. E, como sonhar é das poucas coisas que ainda não pagam impostos no Brasil, não custa provocar Antônio Ermírio a aceitar esse desafio, que coroaria sua vida com um serviço inestimável não só à nação alvinegra mas a todo o futebol nacional. Mas não demorais, Dr. Antônio!


blogdojuca@uol.com.br

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