São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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Cielo reaparece e critica falta de prêmio e cartolas

Nadador reclama mais apoio e diz que agora os dirigentes terão de agüentá-lo

Campeão olímpico vai ao Troféu José Finkel só para torcer e critica também data e local escolhidos para a competição, no Corinthians


MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Troféu José Finkel de natação teve início ontem, no Corinthians, mas o foco das atenções não estava na piscina.
César Cielo, campeão olímpico dos 50 m livre, compareceu à primeira competição pós-Olimpíada, distribuiu autógrafos e posou para fotos, mas não quis participar da disputa.
"Vim para dar uma força para o pessoal, reencontrar os amigos, matar a saudade", disse ele, que não nada há duas semanas.
"Essa data foi meio infeliz, e o lugar não é o mais apropriado para a competição porque pode chover e atrapalhar", afirmou, em referência à piscina descoberta do Corinthians.
Bastante assediado pelos fãs, Cielo diz ter se ressentido um pouco por sua conquista em Pequim não ter se revertido em bônus financeiro, assim como ocorreu com Maurren Maggi, ouro no salto em distância.
Somadas as premiações já prometidas por patrocinadores, Maurren deve receber R$ 150 mil. Ainda há a possibilidade de ganhar duas barras de ouro no valor de R$ 80 mil.
"Quando soube quanto a Maurren ia ganhar, fiquei meio chateado", disse o nadador. O único mimo que recebeu até agora de seu patrocinador foram aparelhos eletrônicos.
O nadador, que foi à etapa do Rio da Stock Car no domingo, brincou até com a premiação de US$ 1 milhão recebida pelo vencedor. "Poxa, se eu sou pé quente, podiam ter me dado uns R$ 5.000. Se na natação for distribuído prêmio de R$ 50 mil, vai ter gente se matando dentro da água para conseguir vencer", afirmou.
Michael Phelps, oito ouros em Pequim, recebeu ontem seu cheque de US$ 1 milhão, presente do patrocinador.
Segundo Coaracy Nunes, presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), a premiação depende das negociações com empresas interessadas em patrocinar a entidade.
"Não há previsão para o fim das negociações, mas, se fecharmos negócio, prometo premiar o Cielo", disse o dirigente.
Cielo queixou-se também da forma com que foi tratado pela CBDA no último ciclo olímpico.
"Não associo minha medalha à CBDA. O Ricardo Moura [supervisor técnico] foi o único que me apoiou. A CBDA me ajudou pouco nesse trajeto."
Em 2006, Cielo teve o patrocínio cortado. No ano seguinte, foi para os EUA e teve problemas com a confederação. Em julho, os atletas olímpicos foram chamados para encontro com o presidente Lula. Cielo não compareceu, pois estava treinando na Universidade de Auburn. Segundo ele, o caso criou um grande mal-estar com o presidente da CBDA.
O campeão também teve problemas para levar para a Olimpíada o seu técnico, o australiano Brett Hawke. "Outros nadadores ficaram com ciúme. Ainda bem que consegui a medalha ou teria problemas."
Cielo afirmou que, em alguns momentos, precisou de ajuda do pai para pagar o técnico. Agora, porém, tem apoio dos Correios. "Eu estou falando isso tudo porque estou de saco cheio. Eles [dirigentes] vão ter que me agüentar, porque agora eu sou campeão olímpico."


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