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FUTEBOL
O pior do Brasil é o....
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
N ão sei quantas vezes já fui
abordado por pessoas que
me perguntaram: "Pombas, com
um jogo tão importante você escreve sobre os bastidores do futebol?".
De fato. E hoje a promessa era
de fazer esta coluna sobre aquele
que deveria ser o primeiro jogo
que somaria mais de 100 pontos
no Brasileiro, Inter (que tinha 51)
x Flu (que tinha 50). Mas a partida dos 101 pontos virou dos 95,
com a decisão de anular os jogos
apitados pelo árbitro que é tão
chegado às apostas que apostou
que não seria pego com diploma
falso. A única aposta que ganhou,
aliás, foi a de que seus chefes permitiriam que ele continuasse a
apitar mesmo assim.
Exagerado nos elogios ao colunista que ocupou, a pedido dele
mesmo, seu lugar às segundas-feiras, o craque (este sim!) José Geraldo Couto deu graças por não
precisar mais escrever na correria
do fim da rodada dominical.
Fosse ele tão chato como eu e
não teria o problema.
Que jogo, afinal, disputado ontem, foi mais importante que a
anulação de 11 prélios jogados entre 8 de maio e 10 de setembro
neste campeonato?
Anulados pelo nosso Rei Só,
Luiz Zveiter, que a exemplo de
seu xará Luís 14, o Rei Sol da
França, resolveu que "o futebol
sou eu", como o Estado era o outro no século 17.
"Eu determino, eu decido" e
pronto: está tomada a decisão
menos pior possível, com todas as
injustiças nela embutida, porque
onde teve Edilson Pereira de Carvalho há motivos para fazer tudo
de novo.
O que o episódio ensina em torno da sociedade brasileira não é
pouca coisa. Basta ver que todos
os cartolas e torcedores dos clubes
beneficiados pela decisão a
apóiam. E que nenhum prejudicado deixa de condená-la.
O certo e o errado que se danem. É o que acham os corintianos (que também não estão nem
aí para a origem do dinheiro da
MSI), os mais beneficiados porque vão poder recuperar seis pontos que perderam, e os cruzeirenses (que convivem há anos com o
"Armazém Perrelas"), que terão
de disputar novamente duas partidas que venceram. Assim como
os demais envolvidos.
Infeliz, e emblemático, o slogan,
não por acaso, recentemente criado, que diz que "o melhor do Brasil é o brasileiro".
Porque nós, brasileiros, continuamos a querer levar vantagem
em tudo, pouco preocupados com
o justo e o injusto, o ético e o antiético, seja na política (precisa
explicar?), no esporte e na vida.
Furar a fila, jogar papel no chão,
distorcer, mentir, misturar jornalismo com propaganda, vale tudo.
E tem mais: a decisão de fazer os
jogos com portões abertos, justificadamente preocupada em preservar os direitos do torcedor, não
pode esquecer que aquele que pagou ingresso para ver um jogo
anulado precisa ter a garantia de
seu lugar caso ainda tenha o ingresso, assim como quem pagou
para ver na TV deve ter o mesmo
direito.
Diante disso tudo, que importância teve a rodada de ontem?
Beira-Rio luminoso
Inter e Flu, dois dos times mais
bem organizados do campeonato (faltou incluir o do São
Paulo na coluna de ontem) ficaram num empate que só ajudou ainda mais o Corinthians.
O Beira-Rio estava cheio e luminoso, mas o clássico foi menos bom do que se esperava.
Pacaembu chuvoso
O Corinthians, que se não tinha
padrão com Márcio mostrou
menos que isso diante do Brasiliense, tamanha a sua desorganização, incapaz de tocar a bola, quesito no qual foi superado
pelo time candango. O Pacaembu estava cheio e chuvoso,
mas o jogo foi uma comédia de
erros. Pode um jogo com cinco
gols ser ruim? Pois foi, porque
todos nasceram de falhas grotescas. Se jogar assim contra o
Flu, levará uma traulitada.
blogdojuca@uol.com.br
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