São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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entrevista

Comandante repete receita jamaicana

DA REPORTAGEM LOCAL

O carioca Renê Simões, 54, já conseguiu feitos como levar a Jamaica a uma Copa do Mundo e a seleção feminina de futebol à prata nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004). Prestes a reconduzir o Coritiba à primeira divisão, ele conta que seu trabalho no clube paranaense nesta temporada repetiu estratégias adotadas anteriormente.
Repetiu a experiência do Caribe, nas cartas de incentivo à torcida, e, mais recentemente, promoveu maior integração do departamento de futebol com setores como fisiologia e fisioterapia, a exemplo do que fizera de forma pioneira com a seleção feminina de futebol. (LF)

 

FOLHA - Depois de desafios como a Jamaica, o time sub-23 do Irã e a seleção feminina, como avalia sua primeira experiência no Sul do Brasil?
RENÊ SIMÕES
- Em princípio, o procedimento é parecido. O primeiro passo do planejamento é o diagnóstico. Não se resolve um problema só com conhecimento genérico. Consultei pessoas que sabem da realidade do Coritiba.

FOLHA - O que diagnosticou?
SIMÕES
- Um time inseguro. Muitos no clube seguiam o que se falava fora, na imprensa, na torcida. A primeira providência foi blindar os jogadores e garantir que só eu definiria o grupo. Depois prometi observar todos antes de pedir reforços. E pedi a Deus um mês de sorte, porque, se não tivesse resultados, a tranqüilidade não viria.

FOLHA - A blindagem depois foi estendida aos cartolas...
SIMÕES
- Depois de resultados excelentes, fiz o pedido para a situação e a oposição não tratarem publicamente da política do clube. E os dois lados cumpriram, sem antecipar o debate da eleição de dezembro. Depois foi juntar a torcida e o time, num "master mind" com os fãs.

FOLHA - O que é esse "master mind"? Havia feito antes?
SIMÕES
- Minha primeira experiência assim foi na Jamaica. O jamaicano não ia ver sua seleção. Ele ia ver a Costa Rica, a Colômbia, mas não a Jamaica, que sempre perdia e o fazia sofrer. Procurei então atrair o torcedor. No Coritiba, comecei a conversar com a torcida por cartas. Antes pedi que refletisse se tinha contribuído para queda e para que não ficasse brigada com o time. Depois passei a escrever outras cartas públicas para os torcedores, para mostrar a visão de dentro do grupo. Foi um casamento legal, como na Jamaica, que se classificou com 35 mil pessoas no estádio e mais 15 mil fora.

FOLHA - Segundo dirigentes, você também alterou o funcionamento do futebol no clube.
SIMÕES
- Me considero mais um treinador de pessoas que de futebol. Procuro sempre falar com todos, observar os juniores e promover integração. Basicamente, o que mudou foi o treinamento em campo e a integração maior dos setores de preparação física e fisiologia, fundamentais nesta reta final, com o time mais desgastado.

FOLHA - Na seleção feminina, fez um trabalho similar, não?
SIMÕES
- As meninas não tinham estrutura profissional e eram tratadas como "atrevidas no mundo do Bolinha". Começamos a mostrar como se comportam os profissionais, inclusive tais recursos além do treino. Colocamos isso para elas e, de certa forma, para o Coritiba.


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