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entrevista
Comandante repete receita jamaicana
DA REPORTAGEM LOCAL
O carioca Renê Simões,
54, já conseguiu feitos como levar a Jamaica a uma
Copa do Mundo e a seleção feminina de futebol à
prata nos Jogos Olímpicos
de Atenas (2004). Prestes
a reconduzir o Coritiba à
primeira divisão, ele conta
que seu trabalho no clube
paranaense nesta temporada repetiu estratégias
adotadas anteriormente.
Repetiu a experiência
do Caribe, nas cartas de incentivo à torcida, e, mais
recentemente, promoveu
maior integração do departamento de futebol
com setores como fisiologia e fisioterapia, a exemplo do que fizera de forma
pioneira com a seleção feminina de futebol.
(LF)
FOLHA - Depois de desafios
como a Jamaica, o time sub-23
do Irã e a seleção feminina, como avalia sua primeira experiência no Sul do Brasil?
RENÊ SIMÕES - Em princípio, o procedimento é parecido. O primeiro passo
do planejamento é o diagnóstico. Não se resolve um
problema só com conhecimento genérico. Consultei
pessoas que sabem da realidade do Coritiba.
FOLHA - O que diagnosticou?
SIMÕES - Um time inseguro. Muitos no clube seguiam o que se falava fora,
na imprensa, na torcida. A
primeira providência foi
blindar os jogadores e garantir que só eu definiria o
grupo. Depois prometi observar todos antes de pedir
reforços. E pedi a Deus um
mês de sorte, porque, se
não tivesse resultados, a
tranqüilidade não viria.
FOLHA - A blindagem depois
foi estendida aos cartolas...
SIMÕES - Depois de resultados excelentes, fiz o pedido para a situação e a
oposição não tratarem publicamente da política do
clube. E os dois lados cumpriram, sem antecipar o
debate da eleição de dezembro. Depois foi juntar
a torcida e o time, num
"master mind" com os fãs.
FOLHA - O que é esse "master
mind"? Havia feito antes?
SIMÕES - Minha primeira
experiência assim foi na
Jamaica. O jamaicano não
ia ver sua seleção. Ele ia
ver a Costa Rica, a Colômbia, mas não a Jamaica,
que sempre perdia e o fazia sofrer. Procurei então
atrair o torcedor. No Coritiba, comecei a conversar
com a torcida por cartas.
Antes pedi que refletisse
se tinha contribuído para
queda e para que não ficasse brigada com o time. Depois passei a escrever outras cartas públicas para
os torcedores, para mostrar a visão de dentro do
grupo. Foi um casamento
legal, como na Jamaica,
que se classificou com 35
mil pessoas no estádio e
mais 15 mil fora.
FOLHA - Segundo dirigentes,
você também alterou o funcionamento do futebol no clube.
SIMÕES - Me considero
mais um treinador de pessoas que de futebol. Procuro sempre falar com todos,
observar os juniores e promover integração. Basicamente, o que mudou foi o
treinamento em campo e a
integração maior dos setores de preparação física e
fisiologia, fundamentais
nesta reta final, com o time mais desgastado.
FOLHA - Na seleção feminina,
fez um trabalho similar, não?
SIMÕES - As meninas não
tinham estrutura profissional e eram tratadas como "atrevidas no mundo
do Bolinha". Começamos
a mostrar como se comportam os profissionais,
inclusive tais recursos
além do treino. Colocamos
isso para elas e, de certa
forma, para o Coritiba.
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