São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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análise

Torcida local testemunha "Interlagazo"

DA REDAÇÃO

Felipe Massa passou a semana fazendo e sendo instado a fazer paralelos entre a F-1 e o futebol.
Ironia, metáforas futebolísticas talvez ajudem a explicar sua derrota no campeonato, o choque que assolou Interlagos ontem.
Massa "goleava" no GP Brasil. Pilotava em velocidade de cruzeiro, sem sombra de ataques rivais.
"Ele voava na pista, seria impossível alcançá-lo", definiu Fernando Alonso. Foi um final de semana perfeito de Massa: vitória, pole, volta mais rápida.
No futebol, se um time abre 3 a 0 aos 30 min do segundo tempo, pode relaxar. Não haverá virada. No automobilismo, é diferente. Uma vantagem pode virar pó na última curva. A prova só termina na bandeirada, eis uma máxima do esporte a motor.
Uma velha máxima, que nunca foi tão escancarada. Porque tudo mudou na última curva, mesmo.
E o que se perdeu não foi uma corrida, foi uma conquista do mais importante campeonato do automobilismo mundial.
É essa a graça do esporte. O imponderável age, e não só nos carros dos envolvidos na disputa. Quem imaginaria que Timo Glock, apagado na temporada, pudesse mudar os rumos do campeonato?
Após a corrida, enquanto Massa ia para o pódio com os olhos marejados e alguns dos seus amigos xingavam gerações do alemão, Glock surgiu, caminhando, calmamente. "Eu não tinha o que fazer, foi uma aposta da equipe."
À pergunta deste repórter sobre se ele tinha noção do que havia acabado de proporcionar, respondeu: "Imagino".
Não, ele não poderia imaginar. Porque da euforia absoluta, da iminência de ver pela primeira vez um brasileiro sagrando-se campeão em seu território, Interlagos mergulhou na sua mais profunda frustração. E só uma metáfora futebolística é capaz de dimensionar, neste país da bola, o clima que tomou conta do autódromo.
O automobilismo brasileiro viveu ontem abalo que só tem comparação na final da Copa-1950, no Maracanã. O 2 de novembro de 2008 viveu o "Interlagazo".0 (FÁBIO SEIXAS)


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