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análise
Torcida local testemunha "Interlagazo"
DA REDAÇÃO
Felipe Massa passou a
semana fazendo e sendo
instado a fazer paralelos
entre a F-1 e o futebol.
Ironia, metáforas futebolísticas talvez ajudem a
explicar sua derrota no
campeonato, o choque que
assolou Interlagos ontem.
Massa "goleava" no GP
Brasil. Pilotava em velocidade de cruzeiro, sem
sombra de ataques rivais.
"Ele voava na pista, seria
impossível alcançá-lo",
definiu Fernando Alonso.
Foi um final de semana
perfeito de Massa: vitória,
pole, volta mais rápida.
No futebol, se um time
abre 3 a 0 aos 30 min do
segundo tempo, pode relaxar. Não haverá virada. No
automobilismo, é diferente. Uma vantagem pode virar pó na última curva. A
prova só termina na bandeirada, eis uma máxima
do esporte a motor.
Uma velha máxima, que
nunca foi tão escancarada.
Porque tudo mudou na última curva, mesmo.
E o que se perdeu não foi
uma corrida, foi uma conquista do mais importante
campeonato do automobilismo mundial.
É essa a graça do esporte. O imponderável age, e
não só nos carros dos envolvidos na disputa. Quem
imaginaria que Timo
Glock, apagado na temporada, pudesse mudar os
rumos do campeonato?
Após a corrida, enquanto Massa ia para o pódio
com os olhos marejados e
alguns dos seus amigos
xingavam gerações do alemão, Glock surgiu, caminhando, calmamente. "Eu
não tinha o que fazer, foi
uma aposta da equipe."
À pergunta deste repórter sobre se ele tinha noção do que havia acabado
de proporcionar, respondeu: "Imagino".
Não, ele não poderia
imaginar. Porque da euforia absoluta, da iminência
de ver pela primeira vez
um brasileiro sagrando-se
campeão em seu território, Interlagos mergulhou
na sua mais profunda frustração. E só uma metáfora
futebolística é capaz de dimensionar, neste país da
bola, o clima que tomou
conta do autódromo.
O automobilismo brasileiro viveu ontem abalo
que só tem comparação na
final da Copa-1950, no
Maracanã. O 2 de novembro de 2008 viveu o "Interlagazo".0
(FÁBIO SEIXAS)
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