São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SONINHA

Aos 45 da última volta


Como na F-1, o Brasileiro deve ser decidido na última curva, em meio a Vettel-Goiás e Glock-Portuguesa na pista

"O CAMPEONATO está imprevisível", dizemos.
Mas continuamos nos espantando com as surpresas previsíveis... Terminou, ontem, mais um emocionante campeonato em pontos corridos.
Depois dos primeiros resultados da temporada, choveu palpite "Esse Massa não é de nada"; "Não adianta forçar a barra, o Brasil não tem nenhum piloto competitivo".
Na primeira prova do ano, na Austrália, dos 22 carros que começaram, só 6 terminaram, e Felipe não estava entre eles. Kimi Raikkonen, campeão de 2007 (que largou em 15º lugar e chegou a ficar em segundo), também não. Hamilton foi pole e chegou em primeiro. Mas Raikkonen venceu a segunda, na Malásia.
Hamilton ficou em quinto, e Felipe abandonou de novo. Na terceira corrida, no Bahrein, Massa, zero ponto até então, venceu. Raikkonen foi o segundo, e Hamilton... 13º!
A cada nova etapa, um panorama diferente. Mas os prognósticos (especialmente os negativos) eram categóricos. "Este não tem a menor chance; aquele pode começar a procurar emprego em outra equipe".
Na quarta corrida, uma prova "sem emoção" deu Raikkonen, Massa e Hamilton. Na quinta, o brasileiro da Ferrari conquistou a pole e a vitória; Hamilton e Raikkonen completaram o pódio. Depois de dois meses, Raikkonen liderava o campeonato; Massa estava empatado na vice-liderança com Hamilton.
Corta para Interlagos. Só dois pilotos têm chance de título, mas há emoção. Por duas voltas e meia, Felipe foi o campeão da F-1, com mãozinha dos coadjuvantes (Glock e Vettel). Mas Hamilton se recuperou no finalzíssimo e confirmou o título, aos 45 do segundo tempo.
Lembra um outro campeonato em pontos corridos, que só acaba em dezembro. Na primeira prova, o São Paulo perdeu por 1 a 0 para o Grêmio "e começou com o pé esquerdo a busca pelo terceiro título consecutivo". A vitória do time gaúcho "deu sobrevida ao técnico Celso Roth, que estava ameaçado de demissão".
O jogo mais animado da rodada chegou a ter a Portuguesa vencendo o Figueirense por três gols, mas terminou empatado em 5x5.
Na semana seguinte, o Cruzeiro assumiu a liderança isolada por instantes. E "no duelo de duas equipes rotuladas como favoritas ao título, o Palmeiras fez valer o fator campo e ganhou do Internacional por 2 a 1".
"Rotuladas." No futebol, estamos bem calejados... Lembramos que o campeonato é longo, os times mudam no meio do ano e que futebol é cheio de graça. Mas não resistimos a cravar que "o Náutico não se segura na liderança", "o Flamengo está fora do páreo". Volta e meia acertamos, e continuamos arriscando.
Mas toda semana tem graça no futebol, para nos deixar docemente espantados nas mesas-redondas de domingo e segunda. "Flamengo é goleado no Maracanã!", "Depois de atropelar o líder; Cruzeiro perde feio para o décimo colocado!".
Até a última volta, vai chover, vai parar, vão bater, vão rodar. Vai haver falhas humanas e mecânicas. O Glock-Portuguesa e o Vettel-Goiás farão das suas. No fim, alguém dirá: "Estava na cara que acabaria assim".
De tudo o que cerca o esporte, nós, os comentaristas, somos os mais previsíveis.

soninha.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis: Francês vence em Paris e se garante no Masters de Xangai
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.