São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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JUCA KFOURI

Os governadores na cara do gol


Cada um em seu Estado pode fazer o que a falta de uma política para o esporte tem impedido que se faça


SÃO PAULO , assim como o Rio de Janeiro e outros Estados, terá um novo governador a partir de janeiro.
José Serra ganhou de goleada, no primeiro turno, e o linguajar esportivo é proposital.
Serra está diante de uma chance de ouro para marcar sua gestão como inovadora pelo menos num campo: o esportivo.
Sim, porque esta é uma área normalmente deixada ao relento pelos governantes.
Os secretários de Esporte, o ministro do Esporte, enfim, quem cuida de esporte nos governos federal, estaduais e municipais, em regra, é o último a ser escolhido, sempre fruto de negociação com partidos menores, a quem cabe ficar com a sobra.
Prêmios de consolação, muito abaixo da medalha de bronze.
Serra tem a experiência de ter sido ministro da Saúde.
Sabe que, na verdade, foi o ministro da doença, porque teve que correr atrás de tapar todos os buracos de um país enfermo.
Pasta da Saúde, na verdade, pode ser a do Esporte, tratado como fator de prevenção às doenças.
E, para tanto, não são necessários artifícios como leis de incentivo ao esporte, nada disso, normalmente motivo de festa para a cartolagem que se esbalda e para os intermediários, os notórios despachantes que se especializam em conhecer o pulo-do-gato para distribuir o dinheiro subtraído dos impostos.
A função do Estado, e está na Constituição, é tratar o esporte como direito do cidadão e a de dar a este os meios para praticá-lo.
Os governadores devem escolher quadros comprometidos com tal idéia, tão simples e certamente proveitosa, em todos os sentidos, até nos eleitorais -os que menos, aqui, importam.
Não precisam pensar em formar campeões, apenas devem se preocupar em ter patrícios mais saudáveis. Não é pouco.
Sem se dizer que quem massifica produz os meios para extrair qualidade da quantidade, aí, sim, tarefa dos centros de excelência, muito mais ao feitio da iniciativa privada num país carente como o nosso.
Do mesmo modo, será abençoado o governador que conseguir, em seu Estado, erradicar a violência que impede a volta do chamado torcedor comum aos estádios.
Toda e qualquer pesquisa de opinião pública mostra que o medo é o principal fator que esvazia cada vez mais as nossas arquibancadas e numeradas.
Para minimizá-lo, conjugado com as secretarias da Justiça e da Segurança, o secretário de Esporte pode fazer muito, desde que se sensibilize pela causa.
Lembremos de que não temos legislação específica para regular a questão, coisa que as Assembléias Legislativas têm poder para criar, já que o Congresso Nacional tem passado ao largo da questão.
Um secretário de Esporte firme, atuante, competente, poderá até se contrapor à pasmaceira que tem caracterizado a atuação do Ministério do Esporte, embora, justiça seja feita, da saída de Agnelo Queiroz, do PC do B, para cá, as coisas tenham melhorado graças ao comportamento mais sério, e não pirotécnico, do atual ministro, Orlando Silva Jr.
Mas tudo conspira para a volta de Queiroz, que acabou derrotado na eleição para o Senado.
Garantir o acesso à prática esportiva de um lado e promover a paz nos estádios de outro são dois belos desafios para uma gestão que queira deixar sua marca também no esporte, sem falar dos benefícios que acarretaria para a cada vez mais poderosa indústria do esporte, parceira óbvia, geradora de recursos e de empregos.
Mãos à obra, governador!
Que chance para "mostrar que de fato é campeão".

blogdojuca@uol.com.br


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