São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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conflito

Intervenção da CBF revolta Grêmio

Pelo regulamento, entidade extrapola sua função ao escolher local de São Paulo e Goiás e interferir no preço de ingresso

Diretoria gremista diz ser prejudicada por decisão da entidade de marcar jogo de rival em Brasília, pois isso "desequilibra" o Nacional


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas da decisão do Brasileiro, a CBF foi além de seu papel ao marcar o jogo entre Goiás e São Paulo para Brasília e ainda interferir no preço do ingresso. Pelo regulamento do Nacional, o mandante é quem tem que decidir essas questões. No máximo, a confederação dá aval ao estádio.
Essas determinações da CBF geraram reclamação da diretoria gremista, que disputa o título com o time paulista -precisa vencer seu jogo e de uma derrota do rival na rodada final. Para os gaúchos, seu time foi prejudicado, e os são-paulinos foram favorecidos por atuarem diante de seus torcedores, que têm bom número em Brasília. Estudam até medida judicial.
Já os cartolas do Morumbi lembram que não tiveram participação na decisão. E descartam terem sido beneficiados.
O imbróglio começou por punição da Justiça Desportiva ao Goiás, com perda dois mandos de campo, o que tirou a partida final do Serra Dourada.
A diretoria goiana tinha a intenção de vender o jogo: Anápolis, Itumbiara, Uberlândia e Brasília eram opções. Pelo regulamento, é o clube mandante quem escolhe o local. A confederação analisa as condições de segurança e dá seu aval ao local.
Na quinta-feira, sozinha, a CBF marcou o jogo no Bezerrão, no novo estádio do Gama, em Brasília. Atendeu à sugestão da Federação de Brasília. O estádio custou R$ 55 milhões ao governo do Distrito Federal, aliado da confederação.
A alegação da CBF é que o estádio tem as melhores condições para o jogo. Mas a decisão deixou contrariados os goianos, que são os mandantes do duelo.
Pelo artigo 23 do Brasileiro, o mando de campo deve ser exercido no Estado do clube mandante -Goiás- a não ser em "situações excepcionais" a critério da CBF.
"Acho que esse mando de campo não pune o Goiás, mas o Grêmio. Não é razoável. Causa um desequilíbrio no campeonato. Porque o Goiás só terá 18 mandos de campo, enquanto os outros têm 20", atacou o diretor de futebol gremista, André Krieger. "Não vou fazer um pré julgamento. Mas essa decisão da CBF nos prejudica."
Suas declarações são rebatidas pelo diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes. "O regulamento prevê que, em casos excepcionais a CBF, pode escolher", defendeu o cartola. "Não quero essa presunção de que o São Paulo foi favorecido."
Não foi a única participação da CBF na organização do jogo. O Goiás tinha determinado que o ingresso custaria R$ 400, com meia-entrada.
A diretoria do São Paulo reclamou. Ontem, o diretor da CBF, Virgílio Elíseo, que tinha reclamado do valor abusivo, conversou com cartolas do Goiás. Sugeriu uma redução do bilhete. Em conjunto, o governo do DF reduziu as taxas e o aluguel sobre o estádio.
Mais tarde, a diretoria do Goiás confirmou a redução do ingresso. Agora, o preço ficará entre R$ 150 e R$ 250.
Pelo artigo 16 do Brasileiro, cabe apenas ao clube mandante determinar o preço. Isso vai facilitar o acesso dos são-paulinos ao jogo. A diretoria goiana informou que não limitará os ingressos aos rivais -poderia dar só 10% dos 20 mil lugares.


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