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conflito
Intervenção da CBF revolta Grêmio
Pelo regulamento, entidade extrapola sua função ao escolher local de São Paulo e Goiás e interferir no preço de ingresso
Diretoria gremista diz ser prejudicada por decisão da entidade de marcar jogo de rival em Brasília, pois isso "desequilibra" o Nacional
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da decisão do
Brasileiro, a CBF foi além de
seu papel ao marcar o jogo entre Goiás e São Paulo para Brasília e ainda interferir no preço
do ingresso. Pelo regulamento
do Nacional, o mandante é
quem tem que decidir essas
questões. No máximo, a confederação dá aval ao estádio.
Essas determinações da CBF
geraram reclamação da diretoria gremista, que disputa o título com o time paulista -precisa
vencer seu jogo e de uma derrota do rival na rodada final. Para
os gaúchos, seu time foi prejudicado, e os são-paulinos foram
favorecidos por atuarem diante
de seus torcedores, que têm
bom número em Brasília. Estudam até medida judicial.
Já os cartolas do Morumbi
lembram que não tiveram participação na decisão. E descartam terem sido beneficiados.
O imbróglio começou por punição da Justiça Desportiva ao
Goiás, com perda dois mandos
de campo, o que tirou a partida
final do Serra Dourada.
A diretoria goiana tinha a intenção de vender o jogo: Anápolis, Itumbiara, Uberlândia e
Brasília eram opções. Pelo regulamento, é o clube mandante
quem escolhe o local. A confederação analisa as condições de
segurança e dá seu aval ao local.
Na quinta-feira, sozinha, a
CBF marcou o jogo no Bezerrão, no novo estádio do Gama,
em Brasília. Atendeu à sugestão
da Federação de Brasília. O estádio custou R$ 55 milhões ao
governo do Distrito Federal,
aliado da confederação.
A alegação da CBF é que o estádio tem as melhores condições para o jogo. Mas a decisão
deixou contrariados os goianos,
que são os mandantes do duelo.
Pelo artigo 23 do Brasileiro, o
mando de campo deve ser exercido no Estado do clube mandante -Goiás- a não ser em
"situações excepcionais" a critério da CBF.
"Acho que esse mando de
campo não pune o Goiás, mas o
Grêmio. Não é razoável. Causa
um desequilíbrio no campeonato. Porque o Goiás só terá 18
mandos de campo, enquanto os
outros têm 20", atacou o diretor de futebol gremista, André
Krieger. "Não vou fazer um pré
julgamento. Mas essa decisão
da CBF nos prejudica."
Suas declarações são rebatidas pelo diretor de futebol do
São Paulo, João Paulo de Jesus
Lopes. "O regulamento prevê
que, em casos excepcionais a
CBF, pode escolher", defendeu
o cartola. "Não quero essa presunção de que o São Paulo foi
favorecido."
Não foi a única participação
da CBF na organização do jogo.
O Goiás tinha determinado que
o ingresso custaria R$ 400, com
meia-entrada.
A diretoria do São Paulo reclamou. Ontem, o diretor da
CBF, Virgílio Elíseo, que tinha
reclamado do valor abusivo,
conversou com cartolas do
Goiás. Sugeriu uma redução do
bilhete. Em conjunto, o governo do DF reduziu as taxas e o
aluguel sobre o estádio.
Mais tarde, a diretoria do
Goiás confirmou a redução do
ingresso. Agora, o preço ficará
entre R$ 150 e R$ 250.
Pelo artigo 16 do Brasileiro,
cabe apenas ao clube mandante
determinar o preço. Isso vai facilitar o acesso dos são-paulinos ao jogo. A diretoria goiana
informou que não limitará os
ingressos aos rivais -poderia
dar só 10% dos 20 mil lugares.
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