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BOXE
Rei das confusões
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mike Tyson não é mais o que
costumava ser nos ringues.
De tão enferrujado e fora de forma (leia-se "gordo"), estava quase irreconhecível em sua última
luta (contra Brian Nielsen). Fora
dos ringues, porém, sua característica mais marcante segue intacta: Tyson demonstrou uma vez
mais esta semana seu talento inato para atrair a atenção, causar
polêmica, ocupar as manchetes e
povoar o imaginário coletivo.
A peripécia desta vez foi modesta, se comparada a outras cometidas pelo próprio ex-campeão dos
pesos-pesados no passado: no
lobby de um hotel em Cuba, país
que estava visitando, Tyson, sem
camisa, revoltou-se com o fato de
ter sido reconhecido e atirou alguns enfeites de cristal de Natal
na cabeça de jornalistas. Também atingiu, de leve, por duas vezes, a nuca de um cinegrafista.
Foi uma travessura modesta
perto de outras já cometidas pelo
mesmo Tyson, mas foi o bastante
para o norte-americano chamar
a atenção de jornais de todo o
mundo e de agências de notícias.
Qual outro pugilista teria a habilidade de criar tanta polêmica logo nos primeiros dias do ano?
Evander Holyfield? Seu único
""pecado" foi ter tido (vários) filhos fora do casamento. Mas não
é polêmico, talvez chato (na convenção anual do Conselho Mundial de Boxe, em 2000, quando foi
um dos homenageados, parecia
não querer estar onde estava).
O britânico Lennox Lewis? Não
passa de um elegante bebedor de
chá. Nem sua ""briga", aparentemente coreografada, com o norte-americano Hasim Rahman em
um estúdio de TV convenceu.
Quem assistiu ao tal programa na
ESPN International pôde conferir
que, ao agarrar os ternos um do
outro, Lewis e Rahman tiveram
todo o cuidado para nem sequer
amassar a roupa do adversário.
O mais perto que Lewis chegou
de provocar uma polêmica foi ficar calado quando o comentarista da ESPN International Max
Kellerman perguntou se o britânico fumava maconha (ao ser
questionado se ele é gay, Lewis
riu, mas respondeu que não).
O único que chegou perto de
Tyson, quando se trata de criar
confusão, foi o já aposentado Riddick Bowe. O grandalhão não
gostava só de bater nos adversários, mas também na irmã e na
mulher, além de ter sido detido
por sequestrar os próprios filhos.
Os fatos de Bowe ter se alistado
no exército (e desistir depois de
alguns dias) e de ter se oferecido
para trabalhar como inspetor de
alunos em um colégio ganhando
um salário ""de fome" também
atraíram o interesse da imprensa.
Mas não o qualifica para competir com Tyson por este último ter
sido mais consistente (citações
com mais regularidade).
Outro que teve chance de desafiar Tyson em termos de polêmica
foi o ""Atomic Bull" (""Touro Atômico") Oliver McCall, seu ex-sparring, desqualificado contra
Lewis por chorar durante a luta.
De novo, o fato de contar com
poucas citações o prejudica quando comparado a ""Iron" Mike.
Aliás, nem é necessário prosseguir analisando os ""currículos"
de outros transgressores. É só ver
a vida de Tyson para comprovar
que ele é o campeão indiscutível
das confusões: acusações de assédio sexual, condenação por estupro, brigas de rua, agressões, acidentes automobilísticos, mordidas nas orelhas de adversários...
Resta apenas aguardar para
conferir o que mais o ex-campeão
nos reserva para este ano.
Popó 1
O pôster promocional da unificação de cinturões envolvendo Popó e o cubano Joel Casamayor, no próximo dia 12, nos EUA, traz o
slogan ""Os Campeões Invictos" escrito em inglês e espanhol.
Popó 2
Traz também o nome dos pugilistas, mas não menciona os apelidos dos lutadores, Popó e Cepillo (""vassoura, pincel").
Popó 3
Os preços dos ingressos variam entre US$ 30 e US$ 105, uma pechincha, se comparados aos de outras programações.
Na telinha
O campeão dos palhas da FIB, Roberto Leyva, participa na madrugada de sábado de luta não-válida pelo título contra Manny Melchor. A DirecTV exibe ao vivo, em seu canal 303, a partir das 2h.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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