São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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GINÁSTICA

Parcerias impulsionam projeto da CBG para o Pan e o Pré-Olímpico

Pela primeira vez, país terá sua seleção masculina fixa

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em sua história, a ginástica brasileira terá uma seleção masculina permanente.
De acordo com projeto da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), a equipe será formada por oito atletas e terá sua sede em Brasília, onde a entidade conta com algumas parcerias para para hospedar os atletas e prestar-lhes assistência durante os treinos.
Com um investimento de R$ 150 mil -verba referente à Lei Piva-, a confederação espera convocar os ginastas e iniciar os treinos até o final deste mês, tendo em vista o Pan-Americano (agosto) e o Mundial (que será classificatório para Atenas-2004).
"Faltam apenas alguns detalhes, mas já temos toda a estrutura montada e parcerias importantes firmadas aqui", diz Marco Martins, 46, vice-presidente da CBG e supervisor da seleção masculina.
As parcerias com a UnB (Universidade de Brasília) e o governo do Distrito Federal, segundo o dirigente, puseram à disposição dos ginastas da seleção dois apartamentos na Asa Norte de Brasília e um ginásio de 800 m2, além de nutricionista, médico e psicólogo.
"A UnB, por meio do Cenesp [Centro Nacional de Excelência do Esporte", deu-nos quase tudo. E o governo nos cedeu o local para os treinos", afirma Martins.
Se, por um lado, a parceria mais sólida está ligada à educação, por outro, porém, o maior entrave para consolidar a seleção também está relacionado ao ensino.
"Precisamos conseguir escola para os atletas. Entre os que serão convocados, seis estão cursando faculdade. Os outros dois estão no ensino médio. Não podemos fazê-los interromper os estudos nem comprometer o treino."
Segundo Martins, por não ser privada, a UnB não pode ceder vagas aos ginastas, a não ser que eles a obtenham por meio de vestibular. "Imagine que, para um torneio na Europa, a CBG gaste US$ 1.000 só com a passagem de um atleta. Com oito e o treinador, seriam US$ 9.000. Fora hospedagem e comida. Com o dinheiro que temos hoje, fica difícil, não dá para pagar a faculdade."
Além da falta de verbas, o dirigente espera ainda a autorização do Ministério do Trabalho para o técnico ucraniano Vyacheslav Azimov voltar ao país -em 2002, ele ajudou a treinar os atletas da seleção- e comandar o time masculino. "Com a troca de ministério, creio que a liberação vá sair apenas no final do mês."
O projeto da CBG de criar uma seleção masculina permanente ganha força depois da maior conquista do Brasil entre os homens.
No Mundial por aparelhos de Debrecen (HUN), em novembro, Diego Hypólito, irmão de Daniele, tornou-se o primeiro brasileiro a se classificar para uma final masculina do torneio. Em seu primeiro Mundial, Diego, 16, terminou em quinto no solo, mesma colocação da irmã famosa.
Além da final no solo, Diego chegou às semifinais (entre os 16 melhores) no salto, ao lado de outro brasileiro, Gustavo Lobo.
Até então, o melhor brasileiro em um Mundial havia sido Cristiano Albino, 21º no salto em 1996.
Agora, a CBG aguarda a verba da beca olímpica para viabilizar os salários dos atletas e as despesas com viagens e técnico. "Seriam seis becas de US$ 500 por mês vindas do COI."
Mesmo atrás de parceiros para viabilizar a seleção, a CBG já festeja dois fatos importantes. Um deles é a chegada do material comprado pelo governo -ele será dividido entre Rio e Brasília. "Estamos aguardando. De acordo com a última notícia, o material sairia dos EUA no dia 28", diz Vicélia Florenzano, presidente da CBG.
A entidade festeja ainda a escolha de Agnelo Queiroz (PC do B-DF) para o Ministério do Esporte.


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