São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

Mais que contra-ataque

FRANZ Beckenbauer diz não gostar do estilo da seleção de Dunga, por julgá-la defensiva. No sorteio dos grupos da Copa do Mundo, o fiel auxiliar técnico da CBF, Jorginho, tratou de esclarecer as coisas com o craque e técnico campeão do mundo pela Alemanha. Diga-se o que se quiser do Brasil dos últimos quatro anos. Defensivo ele não é.
E ainda que se aponte para um número que aqui já se apontou diversas vezes. A cada três gols da era Dunga, um nasce de contra-ataque. Essa será a cara do time brasileiro no Mundial da África do Sul.
Sinal de defensivismo?
Não mesmo.
Lembre-se da seleção de 70, de seis vitórias em seis jogos, de 19 gols pró, quase três por partida e... 12 deles marcados em contra-ataques.
O Brasil de Dunga não contra-ataca porque se retranca. Contra-ataca porque tem o mérito da velocidade, a partir do momento em que recupera a bola, qualidade imprescindível para qualquer equipe, defensiva ou ofensiva.
Há tempos, enfrentar o Brasil implica duas receitas básicas. Marcar no campo de ataque, o que dificulta a saída de bola dos zagueiros. Ou se retrancar e forçar a criatividade de uma equipe que, historicamente, encontrava espaços quando era marcada. Hoje, encontra poucos.
Mas como os encontra, quando parte com bola dominada desde sua própria grande área, bolas recuperadas pelos volantes Felipe Melo e Gilberto Silva, passada para os contra-ataques puxados por Kaká, Robinho, Elano, Daniel Alves... Dos 108 gols da seleção com Dunga, 35 nasceram assim, ou 33%.
O que faltou à seleção nos últimos quatro anos não foi ofensividade, mas repertório. Não há, nem de perto, um tipo de jogada tão bem posta em prática quanto o contra-ataque, desde que Dunga assumiu o posto. De 2006 para cá, 5% dos gols nasceram de bolas roubadas no ataque, 29% de jogadas em que a equipe tem posse de bola, contra uma defesa cerrada, 23,5% de bolas paradas -a média mundial é de 30%- e só 7% dos gols de chutes de fora da área.
Quem diz, como Beckenbauer, que o time de Dunga é defensivo, chuta e chuta de bem longe. Chuta muito mais do que tem feito a seleção desde que Dunga a assumiu.



EMPEZAMOS EN LOS 1/16
Foi assim que os argentinos festejaram o sorteio da Copa. Faz sentido, por pegar Grécia, Nigéria e Coreia do Sul. Mas, há 16 anos, em 94, o grupo era quase igual (Argentina, Nigéria, Grécia e... Bulgária) e a Argentina foi a terceira, passando na repescagem. Eles têm o craque, Messi. Mas não têm time.



QUEM É ELE?
Márcio Araújo é pouco conhecido em SP, mas fez ótimo ano pelo Atlético-MG. É o maior reforço do Palmeiras, por enquanto. É pouco. Mas, apesar do fiasco do final do ano, o Palmeiras tem bom grupo de atletas, que não perdeu peças e está sendo reforçado com a missão óbvia de vencer a Copa do Brasil.



AS TROCAS SÃO-PAULINAS
Hugo tem tudo para ser feliz no Grêmio, como era antes de trocar o estádio Olímpico pelo Morumbi, em 2007. Há quem não se lembre de que, antes de defender o Tricolor paulista, Hugo brilhou no Grêmio, terceiro colocado no Brasileirão de 2006. Borges também pode ter êxito no Olímpico, que já conta com Souza. Se o São Paulo vai sentir a falta deles? O Tricolor paulista perdeu duas peças de seu grupo. E ainda não dá a impressão de ter contratado.


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